Tela

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Depois de passar tanto tempo na internet, respiro fundo desligando meu celular e pego meu caderno, estava conversando com meus amigos, porém agora me sinto sozinha ao encarar meu quarto escuro, analiso a folha em branco e começo a deslizar minha caneta.


Tela

Querido céu:

Às vezes parece que temos tudo
Amizades e felicidade
Mas isso acaba quando desligamos a nossa tela
E tudo fica escuro
Voltamos para o nosso mundo

Onde somos sozinhos
Pessoas são imundas
Cadê aquele mundo sensato?
Ele nunca existiu

Pessoas são cruéis
Machucam sem pensar duas vezes
Mas, basta você apertar um botão
E tudo se acenderá de novo
Voltar a ter amigos do coração

Redes sociais
Mas não tem nada de social
São como animais
Enjaulados<br>
Porém, por uma tela acesa

Você se sente mal
Mas pega seu celular
E na visão dos outros você está bem
Mas não está

Só você sabe o que há em sua mente
E por isso nas redes sociais
Tantas vezes você mente
Para sí mesmo

O mundo real é cinza
E estamos cada vez mais procurando por um colorido
Mas ele é meio impossível..

16/04/2020

— Júlia Peixoto

Coloco o caderno sobre a cama após terminar de escrever e sorrio ao caminhar até a janela, admiro o céu um pouco nublado e começo a falar:

     — Desculpe não te dar atenção hoje querido céu, às vezes nos desligamos de tudo e vivemos uma vida virtual e fantasiosa, quando estou com meu celular, esqueço que há coisas melhores no mundo real, às vezes penso que tudo está perdido, mas existem belezas  aqui que eu esqueço de admirar e usufruir, prometo me deitar sobre a grama na próxima noite e observa-lo, de tarde estarei caminhando pela cidade, e por mais que o dia seja cansativo e irritante, sei que estará lá me protegendo, obrigada por me manter viva todos os dias.

Sinto uma lágrima cair e sorrio a secando, vejo as nuvens se afastarem e um vento soprar delicadamente sobre meu rosto.

22/06/2020

“Sempre estarei com você, não importa o que aconteça, seja forte, você tem muito pela frente, agora descanse”

Fecho meus olhos por alguns segundos e respiro fundo caminhando até minha cama e me deito logo me aconchegando sobre a mesma, mais um dia tinha se passado, e eu estava viva, por mais que a dor tenha se intensificado ao decorrer do dia, me sinto com um último resquício de esperança, talvez amanhã seja um dia melhor.

Sei que para todos o amanhã pode ser um dia melhor.

Sorria.

— Júlia Peixoto

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