Leonora sempre amou rosas.
Vermelhas, pétalas macias e úmidas.
Ela segurava um buquê assim quando se casou.
Havia um vaso com rosas vermelhas de caule longo ao seu lado quando deu a luz a Bernardo.
Seu marido sempre havia lhe dado rosas, vermelhas de preferência.
Leonora sempre teve saúde frágil, sua imunidade era constantemente baixa, quando o inverno chegava e as gotas de chuva batiam na janela ela ficava constantemente resfriada, depois do trabalho de parto, ela havia ficado ainda mais sensível às mudanças de clima e seu corpo ainda mais frágil.
10 anos depois um fofo Bernardo corria pela casa com brinquedos de plástico enquanto Leonora o observava sorridente, seu filho era sua alegria em sua vida constante dentro daquela casa enorme.
Bernardo era cheio de energia, corria, pulava, às vezes fugia do banho de tal forma que a babá precisava caçá-lo por aí, a mãe sempre ria muito.
Bernardo e Leonora eram muito apegados.
A parte favorita do dia para Bernardo era quando sua mãe lia histórias para ele dormir, Leonora se sentia bem já que era o melhor que ela podia fazer para ele... já que nunca saía da casa....
Foi num dia chuvoso que François, marido de Leonora e pai de Bernardo voltou de uma viagem de negócios, o que era bom, pois significava que ele teria uma folga prolongada para a família.
Já eram 5 p.m. quando ele retornou.
- Papaaaaiii! - gritou Bernardo enquanto corria para um abraço.
François o pegou no colo:
- Cada dia meu garoto está mais pesado, em breve não será mais possível carregá-lo.
Bernardo fez um bico:
- Você vai me carregar o resto da minha vida papai!
Um relâmpago cortou os céus clareando a casa mais do que suas próprias lâmpadas.
François olhou para a babá:
- Onde está Leonora?
A babá com um rosto preocupado indicou com um aceno o andar de cima....
Leonora estava deitada na cama, seu corpo doía, parecia que cada trovoada lhe acertava os ossos, devido aos seus reflexos de susto. Ela odiava tempestades.
A porta de seu quarto abriu, e ela deu um sorriso quando a barba de François entrou no quarto pouco antes dele. Em suas mãos atrás das costas ela já imaginava seu presente.
Ela se sentou:
- Olá querido.
Ele não se conteve e roubou-lhe um beijo antes de qualquer coisa:
- Para o meu amor...
Ele lhe estendeu um buquê de rosas brancas e vermelhas.
Ela pegou o buquê trêmula devido à outro trovão. François sentou-se a cama e a abraçou, balançando levemente o corpo dos dois, como se valsassem, tão logo ele começou a cantarolar uma música, que Leonora começou a acompanhar. Suas mãos brincavam uma com a outra demonstrando tanto carinho e tanto amor que nunca se acabava.
Bernardo abriu a porta de supetão:
- Pai! Mãe! Vamos jantar juntos!
Leonora e François trocaram olhares.
Sim, naquela noite iam jantar juntos, com rosas vermelhas enfeitando a mesa, vermelhas e brancas.
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Contos da Casa Mal-Assombrada
HorrorQuais os segredos que uma velha casa abandonada esconde?