Um quase infarto

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No fim não teve nem tempo de explicar e desfazer o mal entendido causado por Mina, Iida tinha vindo dando bronca pela gritaria em local inapropriado e mais um monte de baboseira sobre comportamento e etiqueta que o fez arrastar a criatura rosa para fora dali _ levando de chaveiro a albina _ e a levar para sua casa para fazer o bolo que os dois seres grávidos estavam desejando, enquanto os mesmos se ocupavam brincando com a albina. Teve que ouvir quilos de reclamações sobre sua demora e Ashido só colocava mais lenha na fogueira falando que ele tinha parado para conversar com dois desconhecidos. 

Ô criatura que só fodia com sua vida! 

Por sorte não teve mais problemas no restante do dia e pode dormir em paz bem confortavelmente em sua cama no final. Queria encontrar aqueles dois novamente, especialmente Katsuki, e tentar descobrir como seria seu cheiro e sua voz sem que estivesse gritando. 

Estava interessado no loiro de cabelos espetados!

***

–... e basicamente é por isso que nossa vila é a única na ilha, a filha do líder da U.A se casou com o líder da Ketsubutsu, unificando as vilas e a terceira, Shiketsu, foi conquistada pois não aceitou um acordo de unificação. Por isso também existem as Guildas, para organizar mais harmonicamente a grande demanda da população, temos pessoas o suficiente para nos considerarmos uma cidade mas o império insiste em nos denominar como vila e...– o loiro de olhos azuis com expressão infantil e corpo malhado a sua frente não parava de tagarelar sobre assuntos aleatórios, sério, um monólogo sobre o por que do gato cinza da rua ser cego de um olho se transformou em um discurso super elaborado sobre Lamen e em algum momento passou a falar sobre a vila, os habitantes, as três tribos ancestrais e os quatro tipos de pelagens que os lobos dali tinham e suas cores mais raras. Bakugou estava quase espumando ou explodindo a cabeça do loiro de topete quase duas vezes mais alto que si. 

Por que diabos a tal de Aizawa tinha que por essa maritaca depenada para mostrar o caminho para seu trabalho?

Depois de três dias vivendo ali e conhecendo apenas os arredores da Guilda tinha finalmente recebido carta branca para trabalhar, queria sair logo do dormitório pois descobriu o quanto espaçosa Yaoyorozu Momo podia ser quando estava próxima ao cio, principalmente que ela o queria como parceiro para passar pelo mesmo e estava esquivando-se dela o máximo possível. Dividir o mesmo espaço com uma alpha com hormônios desordenado não era lá muito agradável, principalmente que o cheiro de rosas dela não agradava nem um pouco a si, era enjoativo! 

Sairia dali nem que fosse de aluguel ou de favor! 

Agradecia o fato dos trabalhos não serem ordenados e restritos pelos subgêneros _ como era em sua antiga vila _ e não ser obrigado a cuidar de um bando de pirralhos remelentos, contar ovelhas no pasto ou qualquer outro trabalho que não exige muita força física ou mental, gostava de estar ativo em suas atividades. Iria trabalhar numa vinícola que estava precisando de um ajudante temporário, pagava bem e não parecia algo exatamente complicado, era um pouco longe mas isso não era um problema para si. 

Sua mãe também pegou uma permissão de trabalho e iria trabalhar com produtos têxteis como já fazia em sua antiga casa, estava feliz por ela voltar a seus afazeres, Mitsuki tinha uma boa mão para bordados delicados e isso ficava bem claro no preço elevado que as peças fabricadas por ela adquiriam no mercado. Ele por sua vez estava quase desistindo e dando meia volta graças ao falatório interminável do loiro à sua frente, que agora falava sobre herbologia e mandrágoras afrodisíacas. 

–chegamos! – Mirio disse animado e já entrando no estabelecimento que pode descrever como sendo agradável. Era quase todo feito de madeira escura polida e tijolinhos vermelhos, a frente parecia a de um chalé mas dava para ver que não era tão pequena quanto um. Seguiu para dentro da vinícola, escutando o conhecido sininho tocar quando entrou e se surpreendeu com o quão aconchegante era; o balcão era inteiramente de madeira escura com duas cestas repletas de guloseimas cobertas por um pano vazado, tinha prateleiras atrás cheias com algumas esculturas miúdas, pinturas, taças e outras coisas. O espaço também tinha algumas mesas com bancos feitos de tronco acolchoados e uma das paredes era uma enorme adega bem distribuída com várias garrafas de vidro escuro. A iluminação e lareira acesa ajudava a manter o clima calmo e gostoso _ provavelmente estava acesa por que a tarde estava um pouco fria, o outono estava próximo, e agradecia por isso, o clima exageradamente quente daquele lugar o estava matando. Mirio pediu que esperasse sentado em um dos bancos enquanto ia chamar a dona do lugar. 

Não demorou muito para que o loiro retornasse animado acompanhado de uma mulher baixinha de cabelos verdes e sorriso gentil, que aparentemente estava grávida e trajava um vestido longo e confortável combinando com um avental com algumas manchas de tinta. Era comum cabelos verdes por ali? Pensou o loiro.

– Olá, Bakugou Katsuki-kun correto?– a mulher se sentou à sua frente e lhe sorriu receptiva, apenas acenou em confirmação – meu nome é Yagi Inko, a dona desta loja. Está aqui pelo emprego, certo? – confirmou novamente – bom. O trabalho é basicamente de atendente e terá que recepcionar as pessoas que virem aqui e manter este espaço limpo, anotar pedidos e encomendas. No começo é meio confuso mas com o tempo você vai se acostumar, principalmente com os clientes regulares – Apoiou o cotovelo sobre a mesa e o queixo sobre a mão, o encarando de maneira séria mas não pesada – somente eu e meu filho trabalhamos aqui na loja e mais três na produção, é um pouco puxado para tão poucas pessoas e por isso estamos te contratando… espero que dê conta do serviço já que Mirio não poderá vir dar uma mãozinha como sempre faz.

A conversa unilateral continuou até que todas as tarefas, o sistema de funcionamento da loja e galpão, fossem devidamente explicados. Também descobriu que a maritaca loira, vulgo Mirio, às vezes ia ajudar a família. Deram um pequeno passeio pelo lugar para que o loiro familiarizar-se com tudo e o mostrou as tabelas de venda e outras coisas. Agradecia internamente por aprender as coisas rápido, ou então estaria perdido nas contas e lembretes. Começaria a trabalhar apenas no dia seguinte então retornou a sua casa _ dormitório _ assim que a mulher já não tinha mais o que explicar e o dispensou o desejando uma boa noite de sono com um sorriso e um “até amanhã”, não conseguiu não notar o quão doce era Inko.

E falando nela, suas feições era familiares.

***

–acorda pirralho! – a loira gritou estapeando a perna do adolescente largado na cama, depois de dez tentativas de acordar o filho de forma gentil, e foi seguida de várias reclamações escandalosas e nem um pouco educadas do ômega sonolento e afetado pelo mau humor matinal, que por si já era horrível. Seria o primeiro dia dele e dela em seus respectivos trabalhos e ambos tinham ficado tão ansiosos ao ponto de perderem o sono na madrugada anterior. Tal mãe tal filho.

Tomaram café rapidamente _ tendo que aturar Shindo e Momo reclamando da gritaria dos dois logo pela manhã _ e saíram quase correndo para seus respectivos trabalhos. Bakugou andava apressado, quase corria pelas ruas onde poucas pessoas já transitavam para realizar seus afazeres matinais ou irem ao trabalho, algumas pessoas que lhe olhavam acenavam ou simplesmente lhe sorriam gentilmente, parecia que ninguém ali ligava muito para o fato de não ser nativo daquela ilha. Talvez tenha haver com o fato de não existir exatamente um ‘padrão’ de pessoas e aparência por ali, via pessoas de todos os tamanhos, cores e diferentes tipos de cabelo/pelagem e individualidades. Era um lugar bom para se viver, tinha que admitir.

Chegou a loja em pouco tempo e respirou fundo antes de entrar, não querendo passar uma expressão cansada no seu primeiro dia de trabalho. Escutou o conhecido sininho tocar quando passou pela porta e não demorou muito para uma pessoa lhe notar.

–bem vindo! – uma voz abafada gritou de outro cômodo do lugar e o loiro jurou que já conhecia aquele timbre excessivamente alegre para a hora da matina. Logo um rapaz não muito alto, porém de corpo bem trabalhado e cheiro gostoso de carvalho e orvalho, se pôs em sua frente com um sorriso de orelha à orelha – o que deseja?... Espera, você é o loirinho daquele dia, Bakugou Katsuki, certo?– o loiro ficou encarando o esverdeado como se visse uma alma penada, finalmente ligando os pontos. Cabelos verdes e olhos iguais… Iria trabalhar no mesmo lugar que Midoriya Izuku?! Demorou um pouco para voltar a órbita e desfazer a cara de espanto causada por sua própria distração. Já imaginava a algazarra que sua mãe faria se ficasse sabendo disto, tendo em vista que a loira mais velha tinha gostado do alpha sardento – necessita de algo, Bakugou-kun?

–Não, não é nada disto. Fiz uma entrevista ontem e começarei a trabalhar hoje – graças a deus que não gaguejou! 

–Há sim, minha mãe avisou que tinha contratado alguém para ficar na loja – “meio que ela chegou em casa surtada dizendo que tinha contratado um garoto loiro e lindo pra servir de chamariz, não que eu não concorde, mas essas coincidências vão me matar um dia!” pensou rapidamente lembrando da afobação que a mulher chegou em casa junto a Mirio – já fomos apresentados antes, mas por educação – estendeu a mão para um cumprimento e alargou o sorriso, deixando as sarar mais evidentes – eu sou Midoriya Izuku, será um prazer trabalhar contigo partir de agora! 

Rosmarinus (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora