Prólogo

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21 de Dezembro
1899

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Os ponteiros do relógio indicavam que faltava 10 minutos para o dia 22, o vento frio ainda de outono atravessava os campos e os galhos secos das árvores batiam nas janelas das várias fazendas que formavam aquela cidade agrícola.

As estrelas nunca haviam brilhado tanto e a lua bem no centro do céu estrelado era a única testemunha do que acontecia enquanto todos estavam adormecidos.

O som dos seus passos no meio da floresta ecoavam pelo ar naquela noite fria. Não sentia mais suas mãos, mas continuou correndo contra o vendo, na direção da onde seu coração batia mais forte.

De longe a avistou, seu coração batia descompensado devido a corrida, mas sabia que ele havia começado a bater diferente assim que seus olhos a alcançaram.

Foi ao seu encontro e segurou firme em suas mãos enquanto se perdia dentro do seus olhos verdes. Admirou como seu cabelo caía lindamente em seu rosto e como a tulipa vermelha atrás de sua orelha destacava a delicadeza dos seus traços. Fechou a pouca distância em que estavam, colou seus lábios ao dela, e quando finalmente se separam, os sinos da igreja indicavam que acabara de dar meia noite do dia 22.
Se encararam por algum tempo e quando só se ouvia suas respirações, ela quebrou o silêncio.

- Feliz solstício de inverno - Ela disse sorrindo.

- Feliz solstício de inverno - sorriu de volta e lhe deu mais um selinho - Prometa-me que eles não conseguiram nós separar.

- Eu te amo, nunca desistirei de ti, só a morte poderia nos separar - Segurou firme em suas mãos.

Naquela noite, dormiram juntos sob as estrelas, embaixo de um carvalho, apenas se aquecendo com o calor dos corpos e das roupas que vestiam. Se amaram intensamente enquanto as estrelas e a escuridão guardavam seus segredos e juras de amor.

Antes do alvorecer, se levantaram, despediram-se com um beijo apaixonado e seguiram seus caminhos de volta para suas casa.
Puderam ver a primeira nevasca acontecer durante a primeira noite de inverno. A neve caia intensamente sobre os campos, e infelizmente, escondia mais que juras de amor.

Olhos púrpura refletiam em meio a escuridão, observando aquela demonstração de afeto. Fúria brilhava em suas pupilas e palavras sussurradas saiam de seus lábios indo de encontro com os corações apaixonados, contaminando a eles e suas descendências.

Não, a pobre mulher não passou daquela noite, ninguém sabia o que poderia ter acontecido. Boatos de que teria possibilidades de uma nova febre ter se alastrado pela cidade.
Os habitantes entraram em desespero, mas não, eram apenas palavras de inveja sendo proferidas pela pessoa errada, com as intenções erradas.
Quem fez aquilo não queria que ao seu ver, duas aberrações se amassem e espalhassem aquela realidade para o mundo.

Nunca mais se viram, não tiveram a chance de lutar por esse amor. Pior, sua descendência estava condenada e nem tinham conhecimento disto.

Dois sobrenomes, condenados a nunca se unirem em um nome só. O vento levava suas juras de amor embora, mas elas ficaram gravadas nas estrelas e a lua jurou para si mesma, fazer com que os caminhos daquelas famílias se cruzassem novamente.

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