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A porta do carro de Louis batera forte, me fazendo dar um pulo assustado.
- Você não tem o direito de fazer isso comigo! - gritou rude vindo em passos largos até mim. - Eu... Eu... Caralho, Harry! - seus punhos agarraram meus cachos me levanto do chão. Podia ver claramente em sua íris azulada lágrimas contendo-se em orgulho. Meus cachos ainda estavam em volto de seus pequenos dedos, tremelicando em sincronia de suas pequenas pernas. Nossos peitos colavam a cada milésimo de segundo conforme nossas respirações se desprendiam de nós.
- Eu quem deveria estar dizendo isso... - ofeguei.
- Harry... Por que? Por que isso acontece com a gente? - sua voz parecia mais um miado choroso, banhado em angústia.
- Simplesmente aconteceu, meu amor, não temos o que fazer... - recostei minha testa na sua - Não consigo fugir, eu tento, mas não consigo! - Sua testa formou-se em uma ruga dolorida, demonstrando o quanto aquilo também o afetava. - Louis... Me diga que estava mentindo agora a pouco... Por favor...
- Eu não consigo negar isso, Harry... Não posso assumir isso pra mim mesmo, mas eu não consigo mentir mais! - suas lágrimas escorriam até minha camiseta, nervosas e desesperadas. - Eu quero criar uma família, ser pai, não posso decepcionar ninguém! Você sabe o que está em jogo... - Suas lágrimas doíam como estacas fincadas em minhas costas, mas o pior era saber que ele estava certo.
- Já se passou tanto tempo... Não tem volta, Louis! A gente tem o apoio das fãs, já tenho um processo contra os empresários em andamento, coloquemos outro! Vamos acabar com essa bosta de uma vez! - meu rosto molhado se abriu em um sorriso de esperança de imaginarmos libertos disso tudo, finalmente... - Sempre falamos de termos uma família, se esqueceu? Podemos adotar, ou procurarmos uma barriga de aluguel... Imagine uma pequena com esses seus olhinhos azuis, meus cachos, seu tamaninho... - nossas lágrimas ainda presentes se juntavam a risadas aliviando a tensão - Com esse seu sorriso... Sua voz... Nosso bebê. - Ele parecia se deliciar com os leves carinhos que fazia em seu rosto, ronronando por entre minhas mãos. - A gente pode fazer dar certo... Eu não aguento mais sofrer por te amar, Louis.
- A melhor visão seria viver com você tudo isso... Mas não é tão fácil assim...
- E está sendo fácil pra você agora? - desvencilhei-me de seus braços caminhando em círculos para conter o salgue que pulsava quente.
- Não... Você sabe que não, mas existem tantos outros envolvidos...
- Eu quero é que todos os outros se fodam, Louis! Eu to cansado de só pensar nos outros, nos outros, e eu? Eu quero é poder amar o meu homem em paz! Eu quero poder falar pra todo mundo que eu amo você sim, mais do que pode caber dentro do meu peito. Que você me deixa louco, que eu posso procurar em todos os rostos, corpos, não importando quais, eu só quero achar você! - meu peito doía ao fitá-lo assustado por minha causa. - Desculpe, desculpe... Eu só não... Aguento te ouvir dizendo essas coisas pra mim. - Seus pequenos pés caminharam cautelosos até mim, e suas mãozinhas envolveram meu rosto com delicadeza. Nossos olhos falavam tantas coisas, era ensurdecedor, mas eu não entedia uma palavra.
- Eu que me desculpo... Por ter te levado a isso. - Meu coração doera de ouví-lo se culpar pelo o que paço e sinto. Um nervoso, necessitado de demonstrar o contrário a ele, me guiou aos seus lábios, urgente, o prensando na parede. Como sempre, nossas bocas se encaixaram como se fôssemos duas peças de quebra-cabeças, destinadas a se juntarem. Quando o sentia no meu corpo, fervilhando junto a mim, nada mais importava. Nenhuma mentira, chantagem, distância, dor estava presente. Tudo se ajeitando como se estivéssemos prontos para continuarmos sempre assim. Nós não precisamos de nenhum tipo de papel para comprovar o que a gente já sente a anos!
Minha cabeça começara a doer com a intensidade que o beijo tomava, então dei-lhe pouco selinhos antes de me afastar.
- Desculpa... Acho que nos empolgamos um pouco. - sua voz doce sôo como um cantar de um anjo tímido, bem diante de mim. Ah, como esse homem me leva ao paraíso!
- Quando eu me recuperar te compenso tudo isso. - rimos entre alguns beijinhos que deixava em suas bochechas e pescoço.
- Vai mesmo! Mas agora acho melhor você subir para comer alguma coisa com os meninos. Você ainda ta bem fraquinho...
- E você, não vai? - perguntei confuso.
- Tenho umas coisas pra resolver, mas prometo não demorar.
- Não quer que eu vá com você?
- Não precisa, agora quero que descanse, avise sua mãe e irmã que está aqui. - ordenou me empurrando carinhosamente. - Ah, já ia me esquecendo! Me passe por sms os nomes dos seus remédios. Tenho certeza de que não trouxe nenhum.
- Incrível! - exclamei
- O que?
- Você me conhece melhor que minha mãe!
- Babaca! - disse socando meu braço, em seguida, voltando ao seu carro sem deixar de me olhar.
- Não demore! Já fiquei muito tempo sem você! - minha garganta doera pelo esforço, mas minhas bochechas alargadas por um enorme sorriso bobo, certamente ganhavam.

-x-

Louis's POV.

Papéis e mais papéis.
- Caralho! Essas porras de papéis parecem que só aumentam, mas nada desse inferno acabar. - bufava cansado, jogando a pilha no banco traseiro de meu carro.
A cada visita ao meu advogado e de Harry, mais papéis se envolviam, porém nada se acertava. Aquilo já estava me cansando, porém Eric, meu advogado, dissera que as chances ao nosso favor eram bem positivas.
Liguei o rádio para desocupar minha mente desses problemas, e meu celular apita. "Espero que Gemma já tenha te mandando os nomes dos remédios como pedi, e mais ainda que você esteja a caminho." Não contive um suspiro cansado junto de um fraco sorriso. Encostei minha cabeça no volante por algum segundos. Precisava de apoio, senão iria desmaiar ali mesmo. Era muita informação para um dia só... Quando Richard me disse, pela manhã, que deveríamos ser cautelosos se quiséssemos ficar juntos de novo, um filme de todo o sofrimento que passamos naquela época veio em minha cabeça. Eventos com Eleanor, tendo que beijá-la, levá-la a casa dos meus pais, com apenas minha mãe sabendo da verdade... Mentir pra minha família, pra todos. E o pior era ver Harry chorando... Tentava reconfortá-lo, mas sempre acontecia tudo de novo.

Flashback on

"Por que a gente ainda esconde? Por que a gente simplesmente não conta tudo, Louis? - Harry indagava entre soluços. - Nossas fãs são tão fiéis, elas nos apóiam, você não vê? Eu só não aguento mais ter que fingir, e ver você com ela não ajuda...
- É muito além disso... - caminhava pelo quarto, bagunçando os cabelos na tentativa de achar alguma desculpa convincente. - E nossas famílias? O que iríamos dizer? - Harry soltou uma gargalhada sarcástica e me fitou com um olhar que nunca antes.
- Você tem vergonha, não é? - se arrastou até mim - Tem vergonha de afirmar pra sua família preconceituosa que ama outro homem, não é? - Sua voz estava mais profunda que o normal, o que me causou arrepios, mas não era de uma forma boa.
- Não fala da minha famil...
- Então vai dizer que estou mentindo? - interrompeu. - Se sua vergonha de mim é maior do que o que você diz sentir, não vou mais ocupar seu tempo. - Caminhou até a porta do nosso quarto, mas alcancei-o no corredor.
- Você foi a melhor coisa que me aconteceu. - gritei, o fazendo girar os calcanhares e me fitar.
- Eu esperava te dizer isso no altar... - sussurrou voltando em minha direção.
- O que você disse?
- Eu ia te dar isso hoje num jantar, que por um acaso também esqueci de cancelar a reserva. - disse me entregando uma caixinha envolta de veludo azul. A abri com cuidado e quando deparei-me com duas alianças de prata, senti todo o mundo desaparecer.
- Harry... - as lágrimas já escorriam por meu rosto todo, molhando parte de minha camiseta.
- Até gravei "Happily" na sua, e "Strong" na minha... - soltou uma risada tímida, com suas bochechas corando levemente. - Mas eu vou esperar sua resposta.... Eu sei que uma hora ou outra você não vai aguentar como eu. - Não consegui proferir uma só palavra, então ele sumiu por entre o escruto corredor do hotel.

Flashback off.

E realmente as palavras que um dia ele havia me dito estavam certas. Por não aguentar mais, estava aqui lutando sozinho contra tudo isso, por nós dois! E eu não iria parar até que tudo caia por terra.

-x-

- Harry! - gritei assim que coloquei os pés em nosso quarto. - Babe, cheguei com seus remédios! - Sem uma resposta, fui procurá-lo no banheiro e havia apenas um recado com sua caligrafaria marcada com batom vermelho no espelho ainda levemente embaçado.
- "Te espero no estádio. Amor, seu H." - Não contive o riso bobo assim que o li, saindo correndo em arrancada ao meu destino. - Batom? Sinceramente, Styles... - gargalhava sozinho.
Antes que saísse pela porta, outro recado preso as costas da porta me chamou atenção.
- "Há um pacote para você no armário. Vista-o! Ps.: tome banho haha! Xx". Ha-ha, gracinha! - corri até o armário, encontrando um enorme pacote vermelho pendurado em um cabide. Deslizei o zíper do mesmo, e encontrei um belo conjunto de smoking azul-marinho, acompanhado de mais um bilhete: "Ficará lindo nele. Te espero ansiosamente, Daddy".

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2014 ⏰

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