Capítulo 1

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Dor!

É tudo que eu sinto, a dor aplacável nas minhas costas só mostra o quanto fui idiota por tentar subir em uma árvore tão alta como aquela, a minha única sorte, foi a neve fofinha que me recebeu quando caí, amortecendo uma queda que podia me levar a morte se a neve não tivesse me recebido, a tentativa falha de colher maçãs vai me render muito mais do que essa dor que eu estou sentindo, não consegui caçar nada durante horas, e a única coisa comestível que eu encontrei nessa enorme floresta não consegui pegar, que foram as lindas maçãs vermelhas no topo de uma grande macieira, a essa hora, madame Lestrange já deve estar a minha procura, e não vai ser nada agradável quando ela descobrir que não consegui nada.

Aceitando a minha derrota, me pus de pé, com grande sacrifício, já que minhas costas não estão me ajudando muito, peguei o arco despedaçado que quebrei quando caí, e verifiquei as facas no meu cinto, fazendo o caminho que conheço muito bem.
A grande floresta deserta e coberta de neve é totalmente aterrorizante durante a noite, a cada passo que dou mais adentro, sinto um grande nó se formar no meu estômago, os barulhos das árvores pioram a situação, deixando o ambiente mais macabro do que já é.

Ouço barulho de passos atrás de mim, o que faz eu ir andando cada vez mais rápido, as batidas do meu coração aceleram conforme sinto ser seguida, inevitávelmente minha mão vai direto para a minha cintura onde estão as facas, enquanto meus olhos atentos buscam qualquer sinal de proximidade, de repente ouço um alto barulho que tá mas para um gemido na direção oposta, tenho vontade de continuar o meu caminho, mas meu corpo não me obedece, e se for alguém em perigo? Eu deixaria alguém ferido no meio de uma floresta a noite? Na maior das hipóteses, essa pessoa seria comida pelo primeiro animal que aparessece, o que eu não desejo para ninguém.
Fui andando na direção oposta, os gemidos estavam cada vez mais perto, meu coração queria saltar pela boca, minhas pernas tremiam ao terror que pode estar a minha espera, enquanto minha mente só me alertava a voltar o meu caminho, e o meu pobre coração, dizia que eu devia ajudar quem quer que esteja correndo perigo.

No meio das árvores monstruosas, avistei um grande buraco um pouco distante, me encaminhei até ele, devagar, que nem um leão quando vai pegar sua presa, e quando estava perto o suficiente para ver o que tinha no buraco, meu coração se apertou ainda mais com a cena, um pequeno filhote de tigre ferido, tentava lutar para sair do buraco que lhe engoliu, em seu pequeno corpinho estava enfiada uma flecha, por ser tão pequenino, da para perceber que deve ter nascido a pouco tempo, talvez a mãe estava sendo caçada por algum caçador, que não percebeu que feriu o filhote e seguiu a mãe, mas a pergunta é, e os outros filhotes? O que será que aconteceu a mãe também?
Madame Lestrange iria adorar ter um casaco de pele de tigre, mas eu não posso lhe entregar esse filhote ferido, que se ficar aqui por mais algum tempo não irá sobreviver.

Tirei o meu casaco pesado mesmo morrendo de frio, me abaixei, e com muito cuidado, peguei o filhote nas mãos o embrulhando no casaco, o pequenino deu um pequeno gemido de dor, o ferimento estava um pouco grave para um recém nascido, só por um grande milagre ele irá sobreviver, não posso levá-lo para casa, madame Lestrange cozinharia sua carne e usaria sua pele, por isso, me direciono para um lugar que eu sei que ele ficará seguro, um lugar que ninguém conhece apenas eu, uma pequena caverna ao fundo da floresta vai ser o lugar seguro para ele enquanto eu estiver fora.
Levei o filhote para lá, já havia uma grande porção de lenha, já que eu sempre venho aqui quando preciso me esconder, apoiei o pequeno filhote adormecido no chão ao canto da caverna, e acendi uma fogueira, peguei algumas ervas que encontrei no caminho e fiz um guento para passar no ferimento, com muito cuidado quebrei o corpo da flecha deixando só a ponta enterrada nele, ouvindo os gemidos de dor que partiram meu coração puxei de uma vez a ponta da flecha, e o pequeno rugiu tão alto que cheguei a sentir a sua dor, cortei parte da minha camisa e estanquei o sangue que escorria, passei o guento no ferimento aberto e enrolei o pedaço da minha camisa nele, se ele der sorte, sobreviverá até amanhã, o que eu acho muito difícil.

A Escolhida Do Herdeiro (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora