Capítulo 6

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"Abri os olhos lentamente, mais eu não estava na caverna pequena e rochosa, estava em uma linda clareira, deitada embaixo de uma grande árvore, com um vestido rosa de seda e os pés descalços, me levantei sentindo a grama entrar entre meus dedos enquanto observava o lindo céu que estava se pondo, os passarinhos cantavam trazendo paz e tranquilidade ao lugar, essa paisagem ficaria linda em uma tela, com traços rosados no céu em contraste com o belo verde escuro da grama macia e fofinha, se algum dia eu tiver pincel e tinta com certeza pintarei esse lugar para jamais esquecer.

- Pensando em mim?.- Falou uma voz por trás de mim, eu queria saber quem era mais meu corpo não se mexeu, eu parecia já conhecer o sujeito que estava alguns passos atrás de mim por que um largo sorriso se criou em meu rosto.

- Se eu dizer que não o que vai acontecer?.- Debochei ainda de costas gravando cada detalhe do lugar adiante de mim.

- Aí eu vou ter que tomar medidas drásticas!.- A voz estava ficando mais perto de mim, e logo eu senti uma respiração acelerada em meu pescoço, mas eu não me virei eu apenas continuei a olhar o céu que começava a escurecer.

- A é? E que medidas seriam essas?.- A pessoa se aproximou mais me abraçando pela cintura.

- Medidas que você não vai gostar de saber!.- Sussurrou a voz no meu ouvido me fazendo arrepiar, e eu ri de seu comentário.

- Você não presta Dylan!.- Dylan? Quem será Dylan? Ele riu rouco no meu ouvido e me virou para ele quando vi...."

- Alana?.- Abri os olhos rapidamente com o pulo que dei, Edgar me encarava preocupado enquanto eu tentava normalizar a minha respiração.- Você está bem? Você começou a se mexer para todos os lados e a murmurar coisas que eu não entendi.

- Foi só um sonho ruim! Mas eu estou bem.- Edgar me olhou aliviado enquanto eu observava Dex que grunhia para mim.

- Coma alguma coisa antes de nós partimos, Você precisa repor suas forças.- Assenti com a cabeça tentando me recuperar, é mais um sonho estranho que eu tenho, quem será Dylan? Será que é só uma alucinação minha? Eu não sei de nada, mas irei descobrir, prefiro manter esses sonhos estranhos em segredo por enquanto, não sei se posso confiar cem porcento em Edgar, ainda mais quando ele apareceu em um deles.

Comi algumas frutas da minha provisão que está acabando, dei o resto de leite que tinha a Dex, e esperei Edgar sair para pegar água no lago, pra eu poder trocar de roupa.
De roupa trocada eu peguei em mãos o meu arco quebrado, tirei a linha dele, coloquei em outra madeira fina e curva, testei com uma flecha e ficou ótimo, ajeitei as facas no meu cinto, coloquei o saco com flechas nas minhas costas e peguei Dex no colo.

- Você só usa esse tipo de roupa?.- Perguntou Edgar entrando com os cantis cheios de água.

- Como assim esse tipo?.- Olhei confusa para as minhas roupas, botas pretas maiores que meus pés, calça de couro escuro e camiseta branca com um casaco preto por cima.

- Roupas masculinas? De onde venho, mulheres normalmente usam vestidos ou calças de seda.- Edgar começou a arrumar suas coisas, e a ajeitar a espada presa na cintura, Edgar vestia botas e calça marrom, uma blusa branca de manga com um casaco verde de linho por cima.

- E de onde EU venho, a gente usa o que tem!.- Falei fazendo ele engolir em seco e parar o que estava fazendo para me encarar.

- Realmente não posso imaginar por tudo que já passou, por que não me conta?

- Acho melhor a gente ir andando, Pomfey fica do outro lado da floresta pelo o que eu sei!.- Troquei de assunto não querendo falar sobre meu passado e saí da caverna com Dex em meu colo sendo segurado por uma mão enquanto a outra segurava meu arco novo.

- Você sabe atirar?.- Perguntou me seguindo e apontando para o arco em minha mão.

- Sei!

- Com quem aprendeu?.

- Com o filho da senhora que me criou, qual direção?.- Perguntei para ele que estava mais atrás de mim, ele apontou para uma direção e nós continuamos a caminhar em silêncio.

- Tem mais coisas sobre você que eu deva saber?.- Olhei para ele, e o mesmo me olhava com curiosidade.

- Você já sabe o necessário!.- Continuamos andando calmamente entre as árvores, Dex ficou acomodado em meu colo enquanto eu caminhava, e Edgar caminhava em nosso silêncio confortável me observando a todo momento.

Nós caminhamos bastante, até que Edgar nos desviou do caminho para o lago mais próximo falando que tinha algo lá que poderia nos ajudar a ir mais rápido, com isso eu fiquei em alerta, mas o segui em silêncio, e quando chegamos no lago vi algo que me deixou com vontade de perguntar.

- De onde eles vieram?.- Perguntei sobre os dois cavalos amarrados a uma árvore, um cavalo branco e o outro preto.

- Quando vim pegar água no lago da primeira vez encontrei um conhecido e pedi esse favor!.- Olhei para ele desconfiada mas mesmo assim não falei nada, Edgar me ajudou a subir no cavalo preto e subiu no branco, logo voltamos a seguir nosso caminho, demoraria muito tempo se fôssemos a pé, e com os cavalos, a caminhada se tornará muito mais rápida, eu e Edgar apostamos uma corrida e começamos a galopar bem rápido, meus cabelos soltos balançavam ao vento, e a sensação de liberdade bateu forte em meu peito enquanto cavalgávamos.

                              (........)

- Nossa!.- Já era noite, e eu falei admirada com a visão da grande cidade de cima da colina, é só descer e logo já estaremos em Pomfey, desci do cavalo e admirei a cidade dali, grandes casas feitas de madeira e de pedras estavam lá embaixo iluminadas por tochas, ao centro da cidade uma grande mansão que tá mais para um castelo chamava atenção, olhando agora não parece nada com o que eu havia imaginado.

- Gostou?.- Edgar apareceu por trás de mim, ele amarrou os cavalos em uma árvore enquanto eu estava observando a vista.

- É muito bonita!.- Falei com um pequeno sorriso.

- É, essa é a cidade onde nasci, e é nela que passarei o resto dos meus dias!.- Edgar estava com um olhar perdido, distante, os olhos mostravam tristeza, e o jeito que ele falou, não foi de alguém apaixonado pelo lugar, mas sim de alguém que se sente preso a ele, e por um lado, eu o entendo, eu me sentia presa naquela aldeia, me sentia ninguém lá, e agora me sinto mais livre do que nunca fui.- Acho melhor a gente passar a noite aqui, eu vou ir buscar lenha para acender uma fogueira você fica bem aqui?.

- Sim fico!.- Edgar deu um beijo em minha testa e sumiu entre as árvores, ouvi um grunhido e olhei para o chão vendo Dex tentando pular para o meu colo, peguei o pequeno nos braços, e comecei a lhe fazer carinho.- É somos só você e eu agora Dex!

Continuei ali, parada observando a cidade de lá em baixo e pensando em tudo que aconteceu, minha vida virou de cabeça para baixo em poucos dias, já não sou mais uma exilada, e o que eu sou agora nem eu mesma sei, Edgar e Dex são tudo que eu tenho nesse momento, Edgar parece esconder muitos segredos, espero que não sejam ruins, não quero me envolver em mais problemas, será que ainda estão a minha procura? Espero seriamente que não.

- Voltei! Vamos acender a fogueira e descansar, amanhã nós descemos a colina.- Falou Edgar chegando com bastante lenha, nós acendemos a fogueira e nos deitamos em algumas roupas minhas para nos esquentar, eu fiquei tão canssada com a caminhada que logo peguei no sono....

A Escolhida Do Herdeiro (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora