Luzes do Quarto

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LUZES DO QUARTO

You and I used to walk the streets at night

Our parents didn't know

Kept the TV going

Left on all the bedroom lights

And no I haven't seen you since

Como sempre, tomo meu café da manhã e vou até um lugar perto de casa, que eu costumo ir todos os dias, depois de tudo o que aconteceu. Uma rua praticamente deserta, já que não mora quase ninguém aqui. É um bairro muito podre de Seul, e eu infelizmente nasci, cresci e moro aqui até hoje.

Na primeira de 2017, eu o conheci. Bang Yedam. Ele era o mais quieto da sala e literalmente quase não falava. Mas eu consegui, por pura magia eu diria, puxar assunto e falar das coisas mais aleatórias possíveis com ele.

Eu era dois anos mais velho, ele estava no primeiro ano do ensino médio e eu no último.

Eu também consegui fazer a gente se separar por puro egoísmo. Porque eu era um idiota de um alcoólatra que só pensava em si mesmo. E talvez, eu não tenha mudado tanto assim.

Continuo me afogando no álcool e pra ser honesto, não sei se vou conseguir passar muito tempo vivo, depois de tudo o que aconteceu.

— E ai novato. Tudo beleza? — cheguei da forma mais suave possível, como vocês podem ver, pra tentar fazer ele falar alguma coisa. Mas acho que isso não é muito possível.

— O- oi... — ele ajeitou-se na cadeira, da mesa do refeitório e continuou a se concentrar no livro que estava lendo.

— Então... Como está sendo vir pra essa porra de escola todos os dias?

Silêncio.

— Já 'to vendo que vai ser difícil falar com você, né?

Ele não respondeu por 3 segundos, até que finalmente:

— É que eu estou super concentrado, como você pode ver, e eu não estou podendo falar agora. Será que você poderia, por gentileza, me dar licença?

Eu não acredito que só com essas palavras, esse garoto vai conseguir fazer com que eu fique anos sem tirar ele da minha cabeça. Afinal, eu era o cara mais popular dessa merda, poderia ter quem eu quisesse, mas eu só queria ele.

— Tudo bem, então. Quando você terminar de se concentrar a fazer sei lá que porra você 'ta fazendo, me liga. — falei jogando um papel, meio amassado, em cima da mesa e sai caminhando.

Confesso que fiquei admirando ele de longe, por quase uma hora e meia. Até ele finalmente pegar o papel e começar a discar o número.

Sai correndo dali pra ele não escutar meu celular tocando.

— Alô?

— Alô... an, sou eu!

— Ah, claro. O menino novato né?

— S- sim... Você pediu pra eu te ligar quando terminasse de "fazer sei lá o que" eu estava fazendo. — ele imitou meu jeito de falar, fala sério mano!

YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora