Prendo minha respiração

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PRENDO MINHA RESPIRAÇÃO

You and me were so, so close

Maybe that's what hurts the most

Nós éramos tão próximos que éramos capazes de sempre entender o olho pelo olhar, e ele me fazia me sentir uma pessoa melhor e sempre me apoiava em tudo que eu quisesse fazer — isso se chama Soulmate, certo?

Conversávamos todo santo dia, a toda hora, minuto e segundo! E juramos um para o outro que faríamos isso pra sempre.

Nada e nem ninguém iria separar a gente. Nossa amizade, e o meu amor.

Eu tinha medo de que se o Yedam descobrisse quem eu realmente era, nunca mais falasse comigo. Ou pior, até mesmo me apagasse de sua memória e se me visse na rua, fingiria que não me conhece e coisas do tipo. E essas coisas só me assombravam cada vez mais.

E o pior de tudo isso era saber que, mesmo se ele quisesse ter qualquer coisa a mais que amizade comigo, ele não poderia por causa de seus pais.

Eu não tenho esse problema. Meu pai foi embora quando eu tinha 7 anos e minha mãe não dá a mínima pra mim. Ela só liga pro meu irmão porque "Ele é o mais novo", "Ele precisa de mais cuidados que você", "Você tem 18 anos e pode se virar sozinho", e por aí vai.

— Dobby? Está tudo bem? — Yedam me pergunta ao perceber que estou desconfortável na sorveteria.

— An? Sim... Claro. Estou bem! — Na verdade eu não estava mas eu estava conhecendo os amigos dele naquele dia. Então eu faria de tudo pra ser um dia perfeito.

— Tem certeza?

— Eu estou bem, Dam. De verdade. — ele apenas sorriu pra mim e depois voltou atenção ao Hyunsuk, capitão do time de futebol da escola, que estava contando sobre os gols da última vitória do time, que havia sido naquela tarde.

Eu não queria estragar aquele momento. Mas eu estava me sentindo muito mal. Não com os amigos do Dam, muito pelo contrário, eles são incríveis e até estavam falando que queriam fazer amizade comigo também "pra ficarem populares na escola".

Yoshinori, Hyunsuk e Haruto, faziam parte do time de futebol. Junkyu e Jaehyuk eram do clube dos "nerdzinhos da High Middle School", junto com o Yedam.

Eles são muito gentis e alegres. Até pediram pra eu apresentar meus amigos a eles, para juntarmos os grupos e fazer um só. Eu até gosto da ideia, espero que meus amigos gostem também...

Quando todos resolveram ir embora, disse a Yedam que levaria ele até sua casa, que era caminho da minha.

Ele, obviamente, voltou a me questionar sobre o porquê eu estava triste mais cedo, naquele dia. E eu voltei a dizer que não era nada.

Mas, como Bang Yedam é conhecido também como "o ser humano mais teimoso e curioso da face da terra", não acreditou no que eu disse e falou que ficaria parado onde estava até que eu o contasse o que estava acontecendo.

Estávamos perto de sua casa, um quarteirão de distância, uma rua em uma bairro nobre de Seul. Os pais de Yedam não eram super ricos, mas tinham uma condição financeira mil vezes melhor do que a minha. E talvez, essas fosse uma das coisas que eu mais invejava no Yedam!

Parei em sua direção, um pouco à frente.

— É sério isso? — Tentiva, falha, de fazer com que ele desistisse que eu precisasse contar o que estava acontecendo.

— Muito mais que sério!

— Será que podemos ir até sua casa pra eu contar? Porque eu realmente não quero conta isso aqui, no meio da rua, pra quem estiver passando ouvir.

— Tudo bem, do tanto que você me conte. — ele veio até mim e me abraçou. — Ei? Não importa o que for, pode me conta! Você sabe disso, mais do que ninguém, que pode confiar em mim pra qualquer coisa. Ok? — Fiz que "sim" com a cabeça e ele sorriu e, me puxou pelo braço.

Ao chegarmos em sua casa, confesso que fiquei com medo do que eu pudesse contar interviria na nossa amizade, ou na visão que ele tinha sobre mim.

Entramos e como sempre, os pais dele estavam em casa e ficaram nos encarando.

— Mãe? O Doyoung e eu vamos subir pra estuda Geografia. Ok? — Me partia o coração ver que o Yedam tinha que mentir para seus pais deixarem ele me trazer em sua casa. E eu podia ver em seus olhos o quanto ele odiava fazer isso.

Yedam era o típico filho perfeito. Não fala palavrão, não chega tarde em casa, só tira notas boas, é o melhor da sala, canta bem, toca gaita e violão, e várias outras coisas que eu descobriria ao decorrer do quanto fomos nos aproximando.

Ele se sentou em sua cama e ficou me encarando até que eu sentasse também e lhe contasse.

Me sentei na cadeira que ficava na frente de sua escrivaninha. E comecei a contar.

— É que as coisas lá em casa estão meio difíceis, sabe? Minha mãe não está conseguindo segurar a barra sozinha, e talvez, eu tenha que começar a trabalhar pra ajudá-la...

— Por que você não me falou antes? Você sabe que eu posso te ajudar com isso.

— Yedam, você é meu melhor amigo, eu não quero que você me ajude com dinheiro porquê está com pena de mim. Eu posso me virar sozinho! — disse a última frase quase gritando.

— Eu só quero te ajudar! — ele sim, gritou.

— Por isso que eu não queria te conta! — me levantei e comecei a andar até a porta.

— Doyoung? Doyoung!! — ele me chamou e foi atrás de mim.

Antes que eu pudesse fechar a porta, ele segurou meu braço.

— Por favor... Não vai. Me desculpe!

Não. Não me olhe desse jeito Bang Yedam. Não dificulte as coisas, mais do que elas já estão, pra mim.

— Doyoung, você não entende...

— O que eu não entendo?

— Tudo isso! — ele fechou a porta e se encostou nela. — Olha, isso é mais difícil pra mim do que você imagina.

— Difícil? Pra você? Pelo amor de Deus Yedam. Você tem tudo! Não te falta nada! O que vai ser difícil pra você?

— Não poder ficar com você!

Ele disse isso da forma mais natural possível.

Silêncio.

— Por favor, eu não posso te ter do jeito que eu quero. Então, a nossa amizade é a única coisa que me resta. Não me deixe!

E ele me abraçou. E foi naquele momento, que eu percebi que, não importante o que eu faça depois dali, Bang Yedam tem o meu coração e mal sabia disso.

Mas ele irá saber. Da pior maneira possível. Mas ele vai.

YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora