Four

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Marceline on:

Ver a menor mastigar a comida com satisfação fazia com que meu coração sentisse algo estranho, um sentimento que não sei bem descrever, e que também não sei o que é.

Ela soltou os talheres sobre o prato e me olhou.

"Você cozinha muito bem!" Falou com um sorrisinho fofo.

"Obrigada." Falei e sorri, me levantando e recolhendo a louça, indo levar para a pia.

"Ei, eu lavo dessa vez!" Falou e pulou da cadeira, vindo na minha direção e me empurrando levemente com o cotovelo.

"Okay." Falei erguendo as mãos em sinal de rendimento.

Ela começou a lavar a louça e eu me sentei preguiçosamente sobre uma das cadeiras, reparando nos cabelos loiros claros da garota.

"Acho que nunca perguntei sua idade..." comentei e ela me olhou por cima do ombro.

"É feio perguntar a idade de uma dama!" Me repreendeu com um biquinho nos lábios.

"Desculpe-me bela dama." Falei revirando os olhos com um sorriso.

"Tenho 23." Falou e eu juntei as sobrancelhas.

"Parece bem mais nova, não imaginei que teria mais de 19 anos." Falei com sinceridade.

"Obrigada." Deu uma risadinha. "E a sua idade?"

"Tenho 27." Ela me olhou novamente, parecendo estranhar.

"Você também parece ser mais nova, 25 talvez..." ri do seu comentário e ela continuou a lavar a louça calada.

"Mas enfim, o que quer ser futuramente?!" Perguntei, e vi seus ombros ficarem tensos.

"Eu nunca consegui pensar muito nisso... Mas sou apaixonada por dança." Falou parecendo mais séria agora.

"Podemos investir, agora você tem tempo, e vou te apoiar em tudo que precisar."

"Obrigada..." falou secando as mãos.

"Podemos fazer algo agora, assistir alguma coisa, talvez." Falei, me levantando e indo a caminho da sala.

"Podemos brincar de princesa?" Falou ela me olhando esperançosa.

"Claro." Sorri. Como brinca de princesa?

"Okay, eu sou a Aurora!" Falou e se jogou no sofá, se aconchegando para dormir.

Eu ri e me sentei na ponta do sofá, próximo da mesma.

"Quer dormir anjinho?" Perguntei séria, me permitindo fazer um leve carinho nos seus fios loiros.

"Uhum!" Ela confirmou com uma voz fofa.

"Vamos dormir no seu quarto." Falei e ela soltou um barulho reprovando.

"Preguiça." Falou e se virou de barriga para cima no sofá.

"Vamos, Bonnie." Falei e ela negou.

Suspirei dando um leve sorriso, para me abaixar e erguer a garota nos braços estilo noiva. Ela sorriu vitoriosa e eu revirei os olhos rindo.

"Sua trapaceirinha." Falei indo em direção ao quarto a menor.

"Não sou trapaceira, você que me deixa mimada." Falou me olhando com as sobrancelhas erguidas, puro deboche no seu rostinho de anjo.

A olhei incrédula e ela gargalhou enquanto eu subia as escadas, não conseguindo deixar de sorrir ouvindo seu riso. Era contagiante.

Abri a porta do quarto com a mão que segurava a parte de trás de seus joelhos, sem antes ter certeza de que as pernas da menor estivessem seguras no meu antebraço.

Assim que entrei me aproximei da cama, dando impulso para jogar a garota sobre o colchão, ouvindo um grito fino e desesperado da loira, que certamente não esperava por isso.

"Sua boboca!" Ouvi ela me xingar, tendo o corpo acertado por um travesseiro, que não me preocupei em desviar.

"Até xingando fica adorável." Ri da sua careta e ela fez um bico nos lábios, com o olhar ainda divertido.

Ela deitou na cama com o corpo de lado e se cobriu apenas da cintura para baixo.

"Boa noite princesinha mimada." Falei dando um beijo no topo de sua cabeça.

"Boa noite." Falou dando um sorrisinho de lado com os olhos fechados.

Apaguei a luz e saí do quarto.

[...]

Bonnibel on:

Acordei sem motivo e me senti bem disposta, levantei da minha cama e fui escovar os dentes, lavar o rosto e arrumar meus cabelos.

Saí do quarto e ouvi uma melodia extremamente baixa vindo de algum lugar do corredor.

Prestei atenção e segui a música, que se tornava mais clara.

Parei de frente para uma porta branca, com uma fresta aberta, dando visão de parte do possível quarto.

Olhei com cuidado procurando de onde vinha a música, e um suspiro involuntário saiu dos meus lábios quando eu vi de onde vinha o tão harmonioso som.

Marceline estava parada de pé, com calças de moletom cinza claro caindo preguiçosamente por seus quadris, junto de uma regata branca fina, e um rabo de cavalo desleixado, focada nas notas do violino.

Dei duas batidinhas na porta e ela parou de tocar, empurrei a porta e revelei meu corpo, com um sorriso tímido por ver Marceline tão... desarrumada, talvez? Ela sempre usava suas roupas sociais, lhe dando um ar sério, sempre tão impecável.

"Te acordei anjo?" Perguntou me olhando com o cenho franzido.

"Não... Já tinha dormido o suficiente, acordei sozinha." Expliquei e ela confirmou com a cabeça.

Ela pareceu se concentrar mais no violino, e novamente o som das notas estavam presentes.

Por um momento me esqueci da realidade, e apenas admirei a morena, que tinha os olhos fechados, se movimentando cuidadosamente. Céus! Como uma pessoa pode ser tão bonita?! Os sons das notas só deixava tudo ainda mais diferente, parecia que eu estava em um museu, admirando a mais bela obra renascentista.

Mas ela parou. Me tirando dos meus devaneios, pude sentir minhas bochechas quentes.

"É muito bonito. Não sabia que tocava violino."

"Eu faço de tudo um pouco..." ela disse, deixando a frase no ar.

Só então percebi um piano na sala, era uma sala com vários instrumentos musicais.

"Sou apaixonada por piano! Pretendo aprender a tocar um dia." Falei indo até o mesmo, passando as pontas dos dedos levemente pelas teclas.

"Podemos fazer algo parecido." Falou vindo até mim.

A olhei confusa e ela deu dois tapinhas no banco. Me sentei e suas costas se curvaram para que alcançasse as teclas com seu corpo cobrindo o meu.

"Coloque suas mãos por cima das minhas." Pediu com a voz baixinha e assim eu fiz.

Seus dedos tocaram com delicadeza as teclas, tocando alguma sinfonia de Beethoven de maneira um pouco mais lenta.

"Espero que aproximação não seja um problema para você..." falou, os dedos tocando as teclas com suavidade e gentileza.

"Gosto da sua companhia." Falei, e tive certeza que ela sorriu.

Me foquei nos movimentos que ela fazia com as mãos, e pude reparar que suas mãos conseguiriam facilmente cobrir as minhas.

Desculpe caso esteja ruim... escrevi esse capítulo com um pouco de pressa, precisava atualizar logo.













7 RINGSOnde histórias criam vida. Descubra agora