Saudades e Reencontros

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— Como você está? - meu pai pergunta com seu jeito doce. 

— Com saudades - digo. 

— Fiz pra você - ele diz me entregando uma folha de papel, nela tem um desenho perfeito da minha Hope. 

— Obrigada - digo. 

— Você vai voltar pra ela - ele diz. 

— Espero que sim - observo Willow e Rye encolhidos - Não sei como pais conseguem abandonar seus filhos. 

— Nem eu, mas essas pessoas não tem muita noção - ele diz. 

— Eu quero a minha Hope - digo chorando. 

— Mira pare de drama - meu pai diz - Tente ser adulta a partir de agora. 

— Eu sou adulta - digo. 

— Olha suas briguinhas com Jace, enquanto temos coisas sérias pra se preocupar.

— Pai não misture as coisas - digo. 

— Mira admita - ele diz. 

— Talvez eu tenha exagerado um pouco - digo. 

— Um pouco? - ele ri e eu fecho a cara - Você ainda age como uma garotinha,  que nunca cresce. 

— Pensei que esse fosse seu sonho - digo. 

— E é, porém você tem que crescer - ele diz - Cresça por ela. 

— Eu sei, e vou crescer - digo. 

— Sei que vai - ele fala e beija minha testa. 

— Novamente, obrigada pelo desenho - digo. 

— Não há de quê amorinha - ele diz se levantando. Eu continuo sentada encolhida num canto. Sinto um frio cortante. Meu músculos não respondem com a mesma eficiência. As roupas que me forneceram não são os bastantes pra me aquecer. 

Penso em Hope, será que ela está passando frio? E se estiver passando fome, no 13 tem leite? Meu bebêzinho longe de mim, dependendo de alguém que não sou eu, criando laços com alguém diferente de mim, cada vez mais distante de mim. 

— Peguei um pouco de caldo pra você - Jace diz se sentando do meu lado. 

Pelas necessidade do meu corpo não recuso a tigela com o caldo. Ao pegá-la sinto a quentura do alimento e ao colocar uma colher generosa em minha boca, sinto meu corpo relaxar. 

— Está com frio? - Jace me pergunta. 

Apenas confirmo com a cabeça. Ele passa o braço pelos meus ombros e a temperatura do seu corpo me aquece, eu poderia me retirar, mas o calor me atraí cada vez mais pros braços dele. Em poucos minutos pego no sono ali, nos braços tão conhecidos e desprezados, mas não consigo conter. E a última coisa que ouço é a vasilha onde havia caldo rolar dos meus braços ao chão. 

Acordo com o movimento de Jace, parece ainda ser de madrugada.

— Desculpe, não queria te acordar - ele diz. 

— Não tem problema - digo tentando ficar de pé. Mas caio para frente, Jace me segura. 

— Não! - ele diz e olho na direção de onde seu olhar está fixo. sangue mancha o chão onde eu estava sentada. 

— O que é isso? - pergunto atônica. 

— Venha - Jace diz me pondo nos seus braços. Ele me leva até uma enfermaria improvisada. Piper, a filha de Cressida, está ali. 

— Ela está sangrando - Jace diz. 

— Mulheres fazem isso capitão - ela diz com um sorriso nos lábios e me da um absorvente. 

— Você não entendeu - ele diz - Ela acabou de ter um bebê, e agora está sagrando. 

— Quando foi o parto?

— Há 2 dias - digo - Um dia antes de vir pra cá. 

Em pouco tempo estou, de novo, de vestes hospitalar. Piper me examina e pela sua cara algo não está bem. 

— Tenho medo que tenha sobrado alguma coisa dentro de você, e seu corpo não expeliu e agora você pode estar tendo uma infecção. 

— Pode? - Jace diz. 

— Não tenho certeza - Piper diz - Não tenho instrumentos suficientes pra um exame de verdade.  

— Mira você deve voltar pro 13 - Jace diz. 

— Não - digo - Arrisquei muita coisa por Peeta e não vou sair daqui sem ele. 

— Eu levo seu irmão pro 13, nem que seja a força - Jace diz - mas você tem que se cuidar. 

— Você promete? - pergunto. 

— Você ainda acredita em mim? - ele pergunta e eu sorrio.
E então veio o estrondo. 

The ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora