Um dia para a História

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Hoje dia 27... Pela manhã a crise pulmonar já tinha aliviado. Dormi a noite inteira e novamente tomei um comprimido para a inflamação que ocorre nos pulmões nessas crises. Os efeitos são horríveis, mas valem a pena. A dor nas costas amenizou e no peito diminuiriam,  a tosse também está mais fraca.

Pela manhã, minha mãe veio trazer uma máscara feita por ela mesma, de tecido, ficou linda! E também um bolo de chocolate para os meninos. A entrega foi feita no portão. Emanoel pegou as coisas com ela na calçada, trocou duas palavras com o vizinho ao lado e entrou novamente para nosso confinamento familiar.

Mas minha preocupação são essas saidinhas da minha mãe. Ela é maravilhosa, preocupada e a avó mais presente que eu conheço. Mas vai completar sessenta anos em junho. Eu sei que ela precisa sair, por que cuida da minha vó em dias alternados e tenta preservar o meu pai que já passou dos setenta anos. Mas me preocupa muito, sua saúde também é frágil e o estresse emocional por estar cuidando da minha vó não é pouco. Minha vó, minha fortaleza disfarçada de florzinha, conta seus oitenta anos. Vive uma fase quase terminal de uma doença rara. Um câncer raro no sangue. Suas quimioterapias via oral foram suspensas. Não por conta da atual situação. Isso já tinha acontecido antes. Para diminuir os efeitos colaterais, que estavam prejudicando mais sua saúde do que a própria doença.

Esse é o drama da minha família. Fico imaginando quantas são as pessoas que vivem seus dramas dentro desse grande drama.

Todos temos nossas dores pessoais. São muitas. E elas não pausam para dar espaço para outras preocupações de qualquer âmbito.

O cenário viral do meu país está piorando. Dados mostram que a porcentagem de contaminados e mortos vem aumentando. E isso é preocupante. Mas poderia estar pior caso não houvesse esse isolamento. 

Percebo que muitas pessoas não estão dando a importância. Vejo que minha mãe se expôs vindo aqui. Apesar de não entrar, apesar de estar de máscara. Ela expôs a própria vida e saúde dela.

O dia foi tenso no mundo. Muitas mortes! Itália, Estados Unidos, Espanha e Brasil! E todos os outros que não aparecem no topo da lista dos países com mais mortos. Na Itália faltam caixões para enterrar os corpos.

Hoje o Santo Papa, apareceu para o mundo na praça de São Pedro e concedeu a sua benção ao mundo. Com o olhar abatido e diante de uma praça que concentrava tantos fiéis, hoje vazia. Ele caminhou com pesar ao crucifixo milagroso que foi trazido para fortalecer e reanimar a fé dos fiéis e consolar o coração dos milhares que perderam seus entes queridos. Esse mesmo crucifixo foi levado em procissão as ruas de Roma durante a peste negra há quase 500 anos atrás, em 1.522.

A cada um, a sua fé!

Mas o importante é unirmos nossas orações, para um só Deus! Para um só Pai!


Depois do VírusWhere stories live. Discover now