❛ the beginning of everything ❜

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inevitable,
part one

ELOISE ARRUMOU MAIS UMA VEZ os óculos redondos que insistiam em deslizar para a ponta do nariz, os olhos brilhando quando se encostou na cadeira e começou a escrever vorazmente no caderno em mãos.

O café Queens&Cafes era um local movimentado, porém calmo. Ele trazia conforto para as pessoas que iam ali, sua calmaria pouco encontrada em lugares como aquele e cheirinho de biscoitos recém saído do forno lembravam a casa de uma avó e seus tons escuros, mas elegantes, davam uma certa modernidade ao lugar que tinha o visual mais voltado para a casualidade. Sempre que precisava de inspiração, era ali que a garota ia.

Desde que seus pais faleceram estava sendo difícil encontrar algo que a trouxesse inspiração, nem mesmo o calor reconfortante do sol sobre sua pele parecia tirar a melancolia que vinha a rodeando. E tendo a criatividade que tinha, isso a assustou.

Tudo bem que, por enquanto, suas obras não passavam de meros rascunhos, mas ela acreditava que um dia publicaria seus livros, um por um. Seu sonho de ser escritora, um sonho sempre tão encorajado pelos pais, irmãos e familiares, iria se tornar realidade. Talvez não agora que ela não passava de uma aluna do terceiro ano e sem nada muito vantajoso no seu currículo, mas mais futuramente.

Sua fonte de inspiração agora era si mesma. No começo foi difícil, Eloise nunca se achou muito interessante, por isso saiu em busca da opinião das pessoas sobre si. E com base nisso criou Gracie Young, a doce garota capaz de deslumbrar até a alma mais mal intencionada. Gracie era tão delicada quanto uma flor, seus brilhantes olhos de corça transbordavam inocência e um único sorriso seu era capaz de iluminar o dia de qualquer um. Toda vez que se lembrava que Gracie era inspirada no que os outros pensavam de si, Eloise sentia uma sensação quentinha percorrer seu corpo da cabeça aos pés e a confortar.

Deixando seu caderno de rascunhos de lado, pegou a xícara depositada na mesa com cuidado para não acabar deixando respingar na sua roupa ou até mesmo no caderno, ela era desastrada que só. Assoprou e tomou um gole, sentindo sua língua queimar e o líquido quente descer por sua garganta. Aquele dia estava frio, a brisa fria arrepiando os cabelos de todos, até mesmo dos que estavam bem agasalhados e só um chocolate quente mesmo para conseguir esquentar. Sua camisa de botões branca não a protegia do frio que fazia, mas por sorte havia se lembrado de vestir um suéter por cima, nos seus pés uma oxford e suas pernas não estavam tão protegidas assim; usava uma saia rodada azul marinho e meias 7/8. Deveria ter escutado Elena, pensou enquanto tentava esquentar as mãos gélidas na xícara quente, ela bem que me avisou que o tempo não estava bom para usar roupas descobertas.

Eloise suspirou ao pensar na irmã gêmea. Desde a morte dos pais, Elena se tornara mais autoritária e pegou o mal hábito de se culpar por tudo de ruim que viesse a acontecer. E isso custou seu vínculo com Jeremy já que estava sempre falando o que ele deveria ou não fazer. E ao se envolver com Stefan Salvatore esse lado dela ganhou ainda mais espaço, se tornando definitivo.

Colocou a xícara agora vazia sobre a mesa com cuidado, arrumando a boina em sua cabeça antes de levantar e segurar o caderno contra o peito. Acenou para Blair, a garota de cabelos cor do fogo que ficava atrás do balcão e sorriu para uma velha senhora quando seus olhos se cruzaram. Apesar da vontade de querer passar a tarde toda no café, precisava ir para casa e conferir se tia Jenna não estava atarefada demais nas atividades domésticas já que Jeremy deveria estar trancado no seu quarto escutando música no volume máximo e Elena com as amigas.

A brisa fria passou por ela a fazendo se arrepiar toda com o frio, sua saia balançar um pouco e seus cabelos se soltarem do coque frouxo que estavam presos. Um trovão soou e cruzou o céu nublado, a fazendo soltar um gritinho de susto e colocar a mão sobre o coração que batia fortemente contra o peito. Mesmo após o acidente de carro onde seus pais faleceram, Eloise ainda não estava cem por cento acostumada com tempestades, muito menos trovões. Afinal, tinha sido uma delas a principal culpada por levar seus pais a uma viagem só de ida ao céu.

Seus problemas começaram por causa de uma festa.

Elena terminou com Matt nesse mesmo dia, e a encarregada de cuidar dela antes que a mesma fosse entupir-se de álcool foi Eloise, que tinha ido á festa por que sabia que sua gêmea não conseguiria terminar com o loiro sem se sentir culpada. E, ao ver as lágrimas não derramadas nos olhos castanhos de corça da irmã, Eloise não conseguiu pensar em outra coisa que não fosse levar a mais nova para casa e programar uma noite de "irmãs gêmeas unidas jamais serão vencidas!" mesmo que abrisse a boca de meia em meia hora para soltar bocejos, cada um mais sonolento que o outro, e a outra estivesse rindo sozinha enquanto fazia caretas para o nada.

Usou o celular de Elena e ligou para sua mãe, alegando para a mulher que as duas só estavam cansadas da folia. Como não quis incomodar Caroline ou Bonnie com aquilo, até por quê nem era tão próxima delas assim, muito menos dos outros amigos de Elena, apenas enviou uma mensagem para ambas, se passando por sua gêmea e dizendo no SMS que estava tudo bem, só que haviam decidido irem para casa mais cedo.

E então o acidente aconteceu. Grayson e Miranda Gilbert morreram. Elena e Eloise foram as únicas sobreviventes. Acordaram na manhã seguinte juntas, dormindo no mesmo quarto de hospital, porém em camas separadas, onde receberam a visita de uma melancólica xerife Liz Forbes. Ela estava lá para dar a notícia da morte dos Gilbert mais velhos, e ao seu lado estava Jenna, irmã mais nova de Miranda, que foi apresentada como a nova tutora legal dos irmãos Gilbert.

Não era fácil saber que a culpada da morte dos seus pais tinha sido você. Eloise levaria isso para sempre consigo, mesmo que tivesse um sorriso no rosto e continuasse sendo a mesma garota que era antes do acidente. E, por mais que não admitisse em voz alta, sabia melhor do que qualquer um que nada mais seria o mesmo. Não depois daquilo. Mesmo que eles fingissem que tudo estava bem, ainda dava para sentir no ar a melancolia que tanto tentavam esconder atrás de respostas educadas e sorrisos falsos.

Ela só não imaginava o quão bendita suas palavras eram.



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eloise gilbert

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𝐈𝐍𝐄𝐕𝐈𝐓𝐀𝐁𝐋𝐄, 𝑟𝑒𝑏𝑒𝑘𝑎ℎ 𝑚𝑖𝑘𝑎𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora