01. a sisters day

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— VOCÊ QUER UMA CARONA?

Guardando seus livros didáticos no armário azul marinho com a tinta levemente descascada, Eloise colocou a cabeça para fora do armário e lançou um sorriso para a irmã antes de voltar a os arrumar com calma. Elena esperou pacientemente, os braços cruzados na altura dos seios e parada em pé ao lado da outra; ela sabia que não adiantava apressar a mais velha, Eloise era muito cuidadosa com tudo que se podia ler e tirar conhecimento. Uma verdadeira nerd, diria, só quê com um estilo mais doce – bom, era isso que se podia concluir das blusas de botões, saias, meias 7/8 e sapatos sociais de salto baixo que Eloise usava no dia a dia.

Suspirando satisfeita após guardar os livros de acordo com a matéria que mais gostava para a matéria que menos gostava, fechou o armário com um baque suave. Não antes, claro, de dar um meio sorriso para a foto de seus pais no dia do casamento deles, que estava colada com adesivos de coração no lado de dentro da portinha do armário. Virou-se para a irmã, os cabelos cor de chocolate, soltos, caindo em cachos selvagens pelos seus ombros levemente curvados e a sobrancelha arqueada.

Elena tentou não tremer com aquilo. Por um segundo, chegou a duvidar que aquela fosse sua irmã e não Katherine Pierce se passando pela mesma. A semelhança entre ambas era gritante, ainda mais que a semelhança da vampira de quinhentos anos com ela mesma. Talvez fosse pelo brilho inocente em seus olhos, apesar de Elena saber que a inocência nos de Katherine não passava de uma farsa para enganar as pessoas. Mas Eloise era totalmente diferente de Katherine, o modo como sorria radiante sem quaisquer malícia por trás e o seu jeito meio aéreo, meio ingênuo e meio carinhoso de ser comprovavam isso.

E Elena tinha medo de que isso acabasse quando a verdade viesse á tona. Ela se sentia uma bonequinha de porcelana, seu coração feito de vidro em cacos e um sorriso gentil enfeitando seu rosto quando na verdade tudo que mais queria era gritar e chorar. Não queria que Eloise passasse pelo mesmo; sua doce irmã gêmea não merecia o mesmo destino que o seu.

— Mas e Stefan? Vocês não tinham combinado de se encontrarem na casa dele? — perguntou-lhe, franzindo ligeiramente a testa. Elena não era a pessoa mais aberta, mas sua excitação ao falar com ou sobre Stefan era óbvia. Não era segredo para ninguém que ela fosse apaixonada por ele e ele retribui-se esse sentimento com ainda mais intensidade. De repente, o pensamento de ambos terem brigado invadiu sua mente com brutalidade e Eloise olhou preocupada para a gêmea. — Aconteceu algo, Lena?

— Não, Elo, não é nada —Elena riu, recordando-se dos tempos que as duas eram como unha e carne, praticamente a sombra uma da outra, onde nunca se separavam para nada por mais de alguns minutos e foi difícil não sentir saudades. O relacionamento delas permanecia forte, mas não eram tão próximas como costumavam ser antes da morte dos pais. E Elena sentia tanta, se não mais, saudades da irmã quanto de Stefan, seu namorado, que estava longe de Mystic Falls com Klaus em uma viagem de tempo indeterminado, sem emoções e com a humanidade desligada. — Apenas relembrando os velhos tempos.

E encolheu os ombros.

Se Eloise percebeu ou não que não era só isso, Elena não sabia. Ela apenas deixou o silêncio as confortar e deu um abraço lateral na outra, escolhendo permanecer quieta. Ações valiam mais do que mil palavras e Eloise preferia demonstrar o que sentia através de seus atos. Sentindo-se subitamente segura com a irmã agarrada a si, Elena caminhou para fora da Mystic Falls High School com a confiança que não teve no início daquele mesmo dia.

De repente, sua mente estava concentrada apenas na sua irmã gêmea e nos seus olhos cheios de preocupação genuína. Naquele momento, nada poderia a abalar, nem mesmo as cabeças que rolariam, as de Stefan e Damon sendo duas delas, se Klaus descobrisse que estava viva. Pensar em Eloise, em seu jeitinho peculiar de ser, em sua risada carismática que soava como sinos balançando ao vento ou como era fofa quando inclinava um pouco a cabeça para o lado e fechava os olhos ao sorrir e rir eram pensamentos muito mais atraentes do que pensar no homem que a sacrificou e quê ameaçou tantas vezes matar sua família.

Seus lábios se curvaram em um sorriso, o primeiro sorriso sem ser forçado que ela lançou naquele dia, e olhou de escanteio para a gêmea com carinho.

Esse era o efeito Eloise, afinal.

𝐈𝐍𝐄𝐕𝐈𝐓𝐀𝐁𝐋𝐄, 𝑟𝑒𝑏𝑒𝑘𝑎ℎ 𝑚𝑖𝑘𝑎𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora