Capítulo 8

958 89 14
                                    

Ele simplesmente não acreditava no que estava acontecendo. Ele não havia dormido. Não conseguia tirar da cabeça o maldito beijo.

Qualquer tipo de situação em que uma dama se encontre sozinha com um cavalheiro pode ser considerada um motivo para um casamento. E um beijo, ora, um beijo era uma condenação.

Não que ele fosse um libertino que foge de um casamento como um demônio foge da cruz. Ele só nunca havia comparecido a bailes o suficiente para ser considerado parte do mercado dos casamentos.

Portanto nunca havia se metido em uma situação como aquela. E pela honra de Kate, ele como um cavalheiro, deveria se casar com ela.

Mas nada disso o preparou para o que vinha pela frente. Como se invocada pelos guardiões celestiais da reputação de Kate, surgiram em sua casa não só a irmã desvairada de Kate, como sua também desvairada tia.

E quando ele se deu por si estava na sua mesa de café da manhã, acompanhado não somente de Anne e Penelope, mas também do barão Leonard, que ele havia descoberto ser o cunhado de Kate.

E por falar em Kate... Ali estava ela, vestida com o seu tradicional verde. E com uma expressão hilariante de confusão. Ele até poderia rir dela se não tivesse tão mal humorado.

- Bom dia! - disse sua tia com uma felicidade genuína. - Você deve ser Kate. Penelope falou tanto sobre você nessa meia hora, que sinto como se já a conhecesse. - Disse a abraçando.

- Confesso que me excedi, falei até mesmo sobre quando você caiu dentro do lago no natal, lembra-se disso Kate? - disse Penelope rindo.

Kate nada fazia além de encarar com um sorriso amarelo as duas mulheres a sua frente. Ele pensou que aquela era a primeira vez que ela ficava sem palavras desde que chegara aqui.

- Kate querida você está bem? Sente-se aqui. Ela está pálida, você não acha Penelope?

- Não, não acho. É apenas a surpresa de nos ver aqui.

Mas mesmo Anthony conseguia ver que ela estava mais branca como papel.

- Kate,tome um copo de água. - disse Anthony.

- Eu estou bem, Anthony. Foi apenas uma tontura. É a emoção de ver minha irmã depois de tanto tempo, não a vejo desde seu casamento. - Disse recobrando a consciência. - Aliás como vai, Leonard?

- Vou bem Kate. E você como anda? respondeu Leonard sorrindo.

-Vou ótima. Me perdoe os meus maus modos, milady. É um prazer conhecê-la. - disse Kate fazendo uma leve mesura.- Vejo que a senhora e Penelope já se tornaram amigas, minha irmã tem esse jeito acalentador não é mesmo?

Ele definitivamente não gostava desse modo social e superficial em que ela estava agindo agora. Gostava de seus sorrisos espontâneos, não os amarelos e simulados. Gostava de quando seus olhos viajavam por algo que somente ela via, não aquele falso olhar condescendente. Gostava de quando ela falava o que vinha a sua mente, independente de que tipo de situação complicada que isso a colocaria. Mas, agora ela falava como se as palavras tivessem sido moldadas as convenções sociais.

- Não é mesmo Anthony? - pergunta sua tia.

- O quê? - ele pergunta saindo de seu transe.

- Eu disse que Kate é muito mais bonita pessoalmente, você não concorda?

- É... Sim eu concordo.- ele direcionou o olhar para ela, fazendo Kate corar imediatamente.

-Penelope, se todos os presentes não se incomodarem, eu gostaria muito de conversar com você. - disse Kate. - À sós.

- Claro que não Kate, podem ir meninas! - disse Anne.

- Então até mais.- E Penelope e Kate se retiraram com uma mesura.
                                •
- Mas o que você tinha na cabeça, titia? Precisava mesmo mandar a mulher para cá? Não poderia mesmo ter mandado uma maldita carta me avisando?!

Ele estava sozinho no escritório com sua tia depois que Kate e Penelope se retiraram e Leonard resolveu se recolher.

- Pelo visto sentiu mesmo a minha falta meu querido sobrinho. - disse Anne servindo dois copos de uísque escocês. - E perdeu os modos também,veja o linguajar que está usando na frente de uma dama. Nós dois sabemos que se tivesse mandado uma carta você não teria a recebido. - e enquanto dizia isso entregou o copo de uísque a ele.

- Você quer me embebedar para me convencer a casar com ela?

- Se funcionar,sim.- disse a tia bebendo de seu próprio copo.

- Olha titia você sabe em que estado eu me encontro, com esse livro para escrever. Essa mulher... ela é especial. Eu pude perceber mesmo em tão pouco tempo. Eu não posso dar a ela um casamento normal. E você sabe de meus motivos para não querer ter uma mulher nessa casa.

- Anthony,meu querido. Seus pais não iriam querer que você parasse de viver por causa deles. Você tem direito de viver um grande amor também.

- Oh meu Deus tia! Quem disse que eu vou me apaixonar por essa mulher? Eu mal a conheço, como posso fazer isso com a história que meus pais construíram nessa casa?

- Anthony você não vai se apaixonar. Você já se apaixonou. Eu lhe conheço mais do que ninguém e vejo em seus olhos quando fala de Kate.

- Não diga besteiras, tia. - Disse balançando a cabeça.

- Pense Anthony, você não é burro. Ela é uma mulher belíssima. Completamente bem educada. Pode não ter nascido em berço de ouro, mas se comporta como a filha de um marquês. O que tem de errado nela? Você precisa de um herdeiro, nós dois sabemos disso. E mais do que isso, você precisa de uma vida. Eu sei que ama escrever, mas não pode permanecer trancafiado sozinho a não ser pelas penas e as páginas em branco.

Um silêncio se estalou na sala.

- Seu pai me contou o que ela te disse. Ela disse para você nunca esquecer Anthony, mas você já está de esquecendo. - disse Anne se levantando e saindo do escritório.

"-Carpe Diem,meu filho. Lembra-se do que significa? Aproveite o dia. Aproveite não só seu dia,meu filho amado, aproveite sua vida."

Talvez ele devesse finalmente escutar sua falecida mãe.

❤NOTA DA AUTORA:
Oiê! Gostaram do capítulo de hoje? Então não se esqueçam de votar e comentar aqui.
E se você tiver gostando que tal ler o último capítulo da SrtaCabell0 , prometo que está imperdível.
Até mais...

Os Mistérios De Uma Inglesa (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora