Os Mistérios De Uma Inglesa (Concluída)

Capítulo 23

Ela não podia ficar ali. Tinha medo que se ele dissesse mais uma palavra, ela perderia toda a sua resiliência.

Era fato que ele ainda mexia com ela. Quando ele pegou suas mãos, ela sentiu seu corpo arrepiar com o simples toque. E agora, as cenas da primeira noite deles não saía de sua cabeça. Ela sentia o corpo esquentar só de pensar.

No fundo ela queria voltar para ele. Voltar para aquela casa em que construíra tantas memórias. Sentir o seu corpo tocando o dele. Sentir os lábios dele sobre os dela. Discutir sem motivo algum e se divertir com isso. Voltar para ele, o homem que recitava palavras bonitas debaixo de um céu estrelado.

Ele queria ela de volta. Mas ela era confusa e quebrada demais para ele. Burra demais por não ter contado a verdade. Era complicada demais para tê-lo de volta. Era escandalosa demais para ser a duquesa que ele merecia. E, nesse momento, livre demais para ser presa em uma gaiola de ouro.

Pensamentos demais passavam pela cabeça dela. Ela não podia voltar para casa agora. Ela não queria ser forte diante de Amélia, ela queria apenas chorar.

Ela queria que sua irmã estivesse aqui. Que a deixasse chorar em seu ombro e prometesse que tudo iria ficar bem. Mas ela sabia que apenas uma pessoa fazia isso tão bem quanto Penelope. E essa pessoa era justamente o motivo de seu choro.

Kate decidiu parar seu cavalo perto do lago e caminhar até lá. Aquelas águas transmitiam calma para ela.

Ela permaneceu ali sentada por algum tempo, apenas observando a água. Pensando no que ela deveria fazer. Até que ela ouviu a voz dele.

- Então esse é famoso lago das cartas. - disse Anthony sentando ao seu lado. - É lindo.

- Como chegou até aqui? - disse com a voz rouca de choro.

- Eu dei meu jeito, milady.

Aquele apelido tirou um sorriso leve de sua boca. Ela ainda se lembrava de como eles se provocavam com esse apelido. Ela jamais esqueceria.

- Você leu as cartas então? - disse encarando o lago ao invés dos olhos castanhos dele.

- Eu sei que não deveria, mas li. Precisava te encontrar.

- Eu sabia que Penelope a deixaria ler.

- Nós podemos conversar? Por favor Kate.

Ela encarou seus olhos castanhos. Os cabelos loiros sempre bagunçados. Ela reparou nas olheiras debaixo de seus olhos, então ele realmente não conseguira dormir direito durante esses três meses.

- Eu acho que precisamos mesmo.

E após alguns momentos, ele se permitiu descer os olhos até a barriga dela. E disse:

- Você está ainda mais linda, sabia?

Os olhos esmeralda dela, o cabelo negro como carvão, as sardinhas no seu rosto. Ela estava mais linda que nunca.

- Por que você veio até aqui, Anthony?

- Porque eu preciso de você.

As águas do lago a deram a coragem que ela precisava para dizer:

- Eu não quero voltar para Londres.

- Por que não?

- Porque as pessoas são horríveis e maldosas. Porque eu sei que tiveram muitas colunas falando sobre a gente. - Ela admitiu. - Eu sei ler as entrelinhas das cartas de Penelope.

- E quem liga para as malditas colunas? Você não deveria se importar. São apenas palavras idiotas. É um desperdício da escrita.

- Você tem razão, mas eu tenho medo sobre que influência isso terá sobre o meu filho.