𝟭𝟱.

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[...]

Entro no carro de Noah e saímos do estacionamento do hospital. Logo meu celular começa a tocar, olho na tela e era minha mãe.

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"Oi, filha, liguei mais cedo na sua casa e Sabina atendeu, disse que você havia ido na casa da vizinha buscar açúcar"

"Foi sim, a gente tava fazendo o dia das meninas e eu tava fazendo uma sobremesa"

"Está tudo bem por aí?"

"Tá sim"

"E o Marcel? Ele está bem?"

Suspiro. Preferia nunca mais escutar o nome dele.

"Sim, ele... tá bem"

"Tá tudo bem entre vocês?"

Sinto as lágrimas vindo e suspiro.

"Sim"

"Você tá chorando?"

"Não, é que a gente tá assistindo um filme e é um romance" - sorrio tentando disfarçar

"Ah, então tá. Tchau, meu amor, estou com saudades"

"Eu também"

"Eu te amo"

"Também te amo"

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Travo o celular e não consigo controlar as lágrimas, encosto a cabeça no vidro e fico brincando com as gotas de água no vidro.

Tento chorar baixo para que Noah não escute, um nó enorme na minha garganta me impedia de respirar.

- Sina, tá tudo bem? - Noah pergunta

- Não - digo em tom baixo

- Tá com saudades dos seus pais? - ele pergunta

- Também... - digo e percebo que chegamos na minha casa

Noah para o carro e desce, indo até o outro lado para abrir a porta para mim.

- Obrigada - forço um sorriso

Noah pega a mochila e coloca nas costas. Vou na frente e abro a porta, já que Heyoon me devolveu minhas chaves.
Luna sobe em mim, fazendo uma festa, mas nem isso me anima.

- Você quer comer alguma coisa? - Noah pergunta - Eu não sou a melhor pessoa na cozinha, mas eu posso tentar fazer alguma coisa

Sorrio em agradecimento, assentindo fraco com a cabeça.

- Vou colocar essa mochila no meu quarto e já volto, tá!? - falo pegando a mochila e subindo as escadas

- Tá bom - ele diz entrando na cozinha

Subo as escadas, fecho a porta do meu quarto e me jogo na minha cama. Pego um travesseiro e afundo meu rosto afim de que tampe meus soluços e gritos. Começo a chorar descontroladamente.

Você não deve estar entendendo nada, não é!? Logo saberá de tudo...

Me sento na cama, abraçando os joelhos e colocando o rosto entre eles. O quanto mais eu chorava, parece que maior o nó na minha garganta ficava, mas eu simplesmente não consigo parar.

Sinto que alguém senta na cama, mas continuo na mesma posição. Meu tórax subia e descia por conta dos meus soluços nada espaçados.

- Sina... - a voz de Noah soa em meus ouvidos, mas não levanto a cabeça, não consigo nem mesmo falar - Se eu te der um abraço, você vai melhorar?

Apenas assenti fraco com a cabeça. Ele se aproxima e me aconchega em seu peito. Noah acaricia meu cabelo, enquanto escuto cada batida de seu coração.

- Você quer conversar sobre isso? - ele pergunta com um sussurro ainda me abraçando

Saio do abraço, sentando na frente dele na cama e enxugando as lágrimas. Suspiro olhando pra cima.

- Se não quiser, não precisa falar, eu só não quero mais ver você assim - ele diz segurando a minha mão

- Eu vim da Alemanha pra Los Angeles com o Marcel, meu ex namorado. Eu o amava, amava muito... - suspiro tentando juntar forças - Um dia ele me chamou para sair pra uma "surpresa" e eu apaixonada, aceitei. Ele me levou pra um lugar completamente deserto e escuro. Ele trancou o carro e... - as lágrimas escorrem mais uma vez - ele me estuprou - olho para baixo envergonhada

Noah fica estático na minha frente, com uma cara de espanto.

- Sina, eu sinto muito - ele diz e sinto que estava olhando para mim - Eu não sei o que dizer, eu...

- Desde então, Marcel sumiu e eu tenho medo de ele voltar de novo. Apenas Sabina, Heyoon, Ross e agora você sabem disso - digo olhando para ele

- Seus pais não sabem? - ele pergunta comprimindo os lábios

- Não e nem podem saber, vai ser demais pra eles saberem que a única filha deles foi estuprada porque foi uma idiota - digo em tom baixo

- Sina, nada disso é culpa sua. Ninguém escolhe quem amar, ninguém... - ele diz segurando minha mão e beijando-a

Comprimo os lábios olhando para ele.

- Sempre tenho pesadelos que me recordam disso tudo, eles me fazem ter medo de que Marcel volte - digo olhando para uma janela do quarto

- Ele não vai voltar, eu vou tá aqui com você - Noah diz sorrindo com os lábios comprimidos

Luna sobe na cama, chegando perto de mim e com seu focinho me faz abraça-la.

- Eu não consegui fazer nada, então acabei pedindo uma pizza - Noah diz coçando a cabeça e sorrio - Gosta de pizza de pepperoni?

- Sim, é minha favorita - digo sorrindo

- Eu sou demais - Noah diz dando de ombros - Agora, vamos descer e esperar essa pizza - Noah diz enxugando as lágrimas do meu rosto com os dedões e estendendo a mão para mim

Pego a mão dele e descemos as escadas. Nos sentamos no sofá para esperar a pizza e ligo a televisão. Coloco no catálogo da Netflix e abro a aba do Bob Esponja, me julguem.

- Então é isso que você faz? Maratona Bob Esponja? - Noah pergunta com um ar de riso

- Sim - digo colocando um dos episódios e jogo uma almofada em Noah

Um tempo depois a campainha toca e Noah vai abrir a porta. Ele entra em casa novamente com uma caixa de pizza e coloca na bancada da cozinha. Pauso o episódio e me sento em uma das banquetas em frente à Noah.

- Quanto foi a pizza? - pergunto pegando uma fatia

- Por que? - ele pergunta

- Porque eu também vou comer e não é justo você ter pago sozinho - digo dando de ombros

- Ah, Sina, qual é!? Eu que chamei você pra comer pizza, eu pago - ele diz pegando um pedaço de pizza

[...]

- Quer assistir alguma coisa? - pergunto sentando do lado dele no sofá

- O filme do Bob Esponja - ele diz olhando pra TV

- Sério? - pergunto animado

- Não - ele sorri olhando para mim
- Você escolhe

Esse sorriso...
Aqueles olhos verdes...
Aquela boca rosada...

Coloco um filme qualquer.

𝗡𝗼𝗮𝗵 𝗨𝗿𝗿𝗲𝗮 𝗢𝗡

[...]

Sina acaba dormindo com a cabeça no meu ombro, enquanto assistíamos um filme. Tento arrumar um lugar melhor para nós dois. Deito no sofá e Sina acorda. Ela acorda com um sorriso e coloca a cabeça no meu peito.
Pouso minha mão nas costas dela, uma das mãos dela pousa no meu peito.

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𝘌𝘢𝘴𝘺 - 𝘕𝘰𝘢𝘳𝘵 🌌Onde histórias criam vida. Descubra agora