6° Laço - Elliot * Iron

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Meu coração ameaçava sair pela boca a qualquer segundo, batia tão forte que meus ouvidos pulsavam, minhas mãos tremiam levemente, e tenho certeza que se aquela porta não estivesse me escorando, já estaria jogado no chão, por conta dos meus joelhos bambos.
Aquilo tinha sido uma total loucura, as chances de ele me repudiar depois daquilo eram grandes, ou não. Sequer conseguia raciocinar direito, mas ainda sim tinha uma certeza: precisava que Iron voltasse para mim.
As últimas horas tinham sido aflitivas, e me fizeram repensar em muitas coisas; Não precisaria necessariamente abandonar minha vida, minhas pesquisas e todo o resto para ficar preso com Iron, poderíamos conversar a respeito e dar um jeito, mas do jeito que as coisas estavam, não poderiam ficar.
Quando finalmente consegui me recuperar daquela loucura cometida, sai do quarto para procurar Andrews, ele era um bom amigo e um bom conselheiro, saberia o que dizer, sem ter papas na língua, mas ao invés dele, encontrei Aya, no corredor.

_procurando alguém? – sorriu para mim.

_Andrews! – respondi – esta tudo bem?

_melhor do que nunca! Venha, vamos tomar alguma coisa enquanto esperamos! – sugeriu, e eu apenas a acompanhei.

_você parece tranquila com tudo...

_e você não esta gaguejando! – rebateu.

_é mais um problema psicológico, do que funcional! – dei de ombros.

_Iron vai lidar com as coisas, como sempre lidou! Dê apenas um tempo a ele! – comentou tranquila – as coisas irão se resolver!

_você parece bem certa disso!

_ah, mas eu estou certa! Apesar de ser nova, e as vezes, ser um pouco cabeça oca, sei muito mais do que imaginam ou do que falam... Mas não era por isso que estava esperando você sair do quarto!

_você estava? – a olhei duvidoso.

_sim! Senti o cheiro de Iron pela casa, e obviamente iria me despedir dele, mas ele não estava muito interessado em mim, e não posso culpa-lo, ter um companheiro é muito mais do que sexo bom, costela quentinha, companhia para sempre, essas coisas que todos dizem... É tipo sentir que sua alma encontrou o fragmento que faltava nela...

_e aonde você quer chegar com isso? – a encarei, quando chegamos a cozinha.

_bem... Meu irmão é um Alpha diferente.... – deu de ombros.]

_já estou sabendo da diferença dele... O que você quer saber, Aya?

_você vai ficar? – foi direta.

_ficar?

_com ele? Conosco? Aqui! – continuou.

_não é tão simples! – ela me encarou erguendo uma sobrancelha.

_pra mim, parece simples, ou você fica ou você vai! – respondeu e eu apenas ri de sua ingenuidade.

_realmente, algumas vezes, você é meio cabeça oca! – sorri – Aya, eu não nasci pra viver para Iron, apesar de ele ser meu companheiro, eu me esforcei para ter tudo o que tenho hoje, para fazer o que faço, dediquei uma vida a ajudar ursos, como eu fui ajudado um dia! Abandonar tudo, para ficar com Iron, não é tão simples...

_você não o ama?

_ele é meu companheiro, mas eu sequer o conheço...

_isso não é um motivo dos bons! A maioria dos companheiros nunca sequer se viu, ou nem imaginam em que parte do planeta o outro esta localizado... Então quando se encontram... “Tchan”! A mágica acontece! – tagarelou, apesar de não deixar de ter razão.

_quando seu irmão voltar, daremos um jeito, Aya! – ela acenou e se convenceu por fim.

A observei ir até a geladeira e me perdi em pensamentos por um único instante. Voltando ao momento no quarto com Iron, sentindo meu rosto esquentar e a boca formigar levemente, quase podia sentir os lábios dele tocando os meus.

_você esta corado... Sente-se bem? – Aya trouxe-me a realidade, e a vi encarando-me de perto – se estiver muito frio, posso aumentar a potencia do aquecedor...

_esta tudo bem, não deve ser nada... – sequer pude terminar a frase, quando um dos guardas adentrou a cozinha.

_desculpe a intromissão senhorinha, foi detectado movimentação na vila! – ele informou e estendeu um rádio para ela, que o pegou de prontidão.

_Covil, na escuta? – fez a chamada.

_na escuta! Prossiga Alpha 3! – responderam.

_faça reporte! – ordenou.

_foi detectado movimentação estranhada nas proximidades da vila, os batedores foram verificar, mas a equipe de contenção já esta posicionada!

_positivo, estarei descendo com a equipe da guarda, e os posicionarei nas proximidades do hospital para aguardar a remoção dos feridos! – informou e sinalizou para o guarda, que prontamente saiu.

_positivo! – responderam do outro lado.

_Elliot, por favor, chame Andrews e Ian... Tenho de descer com a equipe de segurança, e apesar de aqui ser o lugar mais seguro, não posso deixa-los aqui sozinhos! – pediu.

_tudo bem!

Passei no quarto de ambos e os chamei para sairmos, troquei de roupa e desci, todos já aguardavam na sala.

_desde já, peço perdão pelo transtorno! – Aya falou séria e formalmente – vamos nos mobilizar para a vila, os deixarei na cantina, onde há maior concentração de seguranças! Acredito que até o amanhecer, tudo já tenha se normalizado!

_podemos ir para o hospital! – Andrews sugeriu – para o caso de alguma emergência... Somos 3 a mais para somar!

_não quero sobrecarrega-los! – ela ponderou.

_Elliot? – Ian olhou para mim, assim como Andrews. Eu era o médico líder da equipe, para onde eu fosse, eles iriam.

_nos deixe no hospital, Aya! Nós coordenaremos o plantão! – falei por fim, e ela apenas assentiu.

***

_Covil, na escuta? – chamei pelo radio.

_positivo! Prossiga Alpha!

_estou chegando na vila, com alguns guerreiros, onde estão os batedores?

_estão no quadrante 8, norte! Mobilizamos a equipe de contenção, e Aya esta descendo com a segurança para a vila! – informou-me.

Aya estava indo para a vila, isso já me deixava mais tranquilo.
Cospi revoltado mais um pouco de sangue, aquela merda estava demorando para fechar, e eu já imaginava o motivo: veneno; Mas aquela merdinha não ia me deter tão facilmente... Na realidade, aquela dor estava clareando meus pensamentos.
Se Aya estava descendo para a vila... A casa ficaria desguarnecida... Então ela traria Elliot e os outros.

_Covil, Alpha 3 esta em que frequência? – chamei no radio.

_esta na 3! – respondeu, e eu imediatamente mudei de frequência.

_Alpha 3, na escuta?

_na escuta! Onde você esta, Iron? – ela indagou.

_chegando na vila, onde estão Elliot e os outros?

_Elliot e seus fieis escudeiros estão no hospital, decidiram ficar de prontidão para alguma emergência, eles serão infinitamente mais uteis lá, do que em qualquer outro lugar! – reportou.

_mantenha um olho nele por mim, Aya, por favor...

_deixa comigo!

Retomei a frequência 9, assim que entrei na vila. Os ursos que me seguiram se espalharam fazendo uma vistoria ampla, tudo estava silencioso. O que estavam esperando?
Ouvi passos apressados, quando Aya surgiu vinda da direção da cantina, armada, com mais homens.

_estão atacando o hospital! – ela falou ao passar por fim, e seguiu liderando a equipe.

Foi preciso apenas alguns segundos para alcança-la, na corrida em direção ao hospital. Durante o percurso os batedores se juntaram a nós e a equipe de contenção também. O foco dos intrusos era destruir nosso suporte médico, para nos prejudicar de um jeito ou de outro, e foi aí que tudo ficou claro: nunca foi uma invasão, era apenas uma missão suicida, caçadores sem líder, liderados por um lunático.

_vamos invadir! – ordenei, assim que avistamos o hospital.

Como em treinamento, invasão com mobilização do pessoal, iria requerer formação em dupla, e como treinado anteriormente. Aya ficou ao meu lado, e invadimos derrubando a porta com um chute certeiro.
Não havia ninguém nos corredores, e nem na recepção, ou todos já estavam mortos ou simplesmente tinham abandonado o local.
Ouvimos tiros e avançamos os corredores, com a equipe, iam se dispersando em duplas, enquanto os demais nos seguiam em formação. Ao subir para o primeiro andar, encontramos dois caçadores mortos, estraçalhados com marcas de garra.

_deixaram uma trilha de corpos para seguirmos? – Aya resmungou.

_ou estão tentando nos enganar usando seus mortos, ou eles encontraram resistência por aqui! – murmurei.

Companheiro do Urso - Livro III - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora