Abro os olhos aterrorizada, quase caio da árvore ao perceber horrorizada que cochilei no tronco. Eu pude jurar que ouvi um grito, mas agora me pergunto se eu não estaria simplesmente sonhando...
Desço da árvore e ando devagar até a cabana. A luz amarela da cozinha está ligada e a porta que deixei aberta está escorada, um triângulo luminoso ilumina o chão de terra próximo.
Piso lentamente no primeiro degrau da cabana e subo até a construção de forma silenciosa. Vejo que a cozinha permanece intocada, meu ombro lateja por ter cochilado apoiada nele.
Olho para o teto da cozinha e resisto a vontade de chamar por alguém. A sala está vasculhada, provavelmente Hoseok me procurou mesmo por aqui, e muito provavelmente ele ainda está me procurando lá em cima. Talvez seja a hora de eu me revelar.
Subo as escadas o mais silenciosamente que consigo, as portas dos quartos estão todas abertas, mas algo chama a minha atenção no quarto em que Taehyung dorme. Vou chegando perto lentamente, aperto meus olhos a fim de ver melhor o que é aquela água negra que escorre naquele lado.
Então eu o vejo. Meu estômago gela. Levo uma mão à boca a fim de evitar um grito. Hoseok está caído perto da porta, o sangue escorre ensopando seus cabelos loiros os tornando quase laranja.
Saio do meu torpor e me abaixo ao lado dele, seguro seu rosto entre minhas mãos. Seus olhos estão abertos, mas nada vêem, a garganta está rasgada, sangue ainda escorre dela coagulando aos poucos.
— Hoseok. — sussurro sentindo as lágrimas escorrerem pelos meus olhos. — Seok, por favor, fala comigo! — dou leves batidinhas nas bochechas dele, mas o garoto permanece imóvel. — Seok, você precisa levantar... você precisa... — minha voz some.
Um medo súbito toma conta de mim, olho ao redor. Quem poderia ter feito isso? Coloco gentilmente a cabeça de Hoseok no chão e fecho os seus olhos.
Minhas mãos e minhas roupas ficam ensanguentadas, mas não dou atenção a isso. Eu preciso achar os garotos...
Desço as escadas não me importando com o barulho que estou fazendo, corro até a cozinha e pego uma facão dentro de uma das gavetas, aperto ele firme na minha mão.
— Meu deus. — sussurro me sentindo pequena e perdida. O que eu faço? Me escondo e espero alguém voltar? Vou atrás deles? Mas a ideia soa ridícula, há um assassino lá fora e... um assassino lá fora que pode estar atrás dos meus amigos.
A culpa é minha, se eu não tivesse me escondido, se eu tivesse deixado passar aquela brincadeira. Agora eles estão lá fora e eu... ah, meu deus...
Sinto minha visão escurecer, seguro no balcão tentando me manter de pé. Não posso desmaiar, não agora. Preciso achá-los, preciso alertá-los, mas como?
Ouço o som de vozes vindo na direção da casa, reconheço com um alívio quase insano as vozes de Namjoon e Taehyung. Antes que eles possam entrar na cabana eu corro até a porta.
— Vocês estão bem? — a pergunta sai tola quando me jogo entre os dois puxando cada um com um braço.
— Cal, o que houve com você? Meu deus, isso é sangue? — pergunta Nam me afastando bruscamente.
— O que aconteceu com você? — Tae segura minha mão enquanto seus olhos estão fixos no sangue da minha roupa.
— Não é meu, era para isso ser só uma brincadeira, me desculpem, mas alguém está aqui de verdade, alguém matou o Hoseok, precisamos sair daqui, precisamos encontrar...
— Lia, devagar, eu não estou entendo nada. Ah merda, o que quis dizer com Hoseok está morto? — seguro a camisa de Taehyung quando ele faz menção de entrar na cabana.
— Precisa me escutar, tem alguém aqui, alguém matou o Hoseok, precisamos... — mas ambos já correm pelas escadas. Com medo de perdê-los, eu os sigo, por mais que eu não queira ver Hoseok de novo.
— Merda, merda, merda! — xinga Namjoon andando de um lado para o outro no corredor. Ele enterra as mãos nos cabelos, os puxando pelo nervosismo. Por outro lado, Tae tem os olhos vidrados em Hoseok e não emite nenhum som.
— Precisamos sair daqui! — só então eles parecem notar que estou alí também. Nam concorda com a cabeça, mas Tae dá um passo para trás.
— Você está suja de sangue. — ele diz baixinho.
— Não é meu, é do Hoseok. — explico rápido.
— Você está segurando uma faca. — ele continua.
— Peguei na cozinha para o caso de... — mas então me dou conta do que ele está falando, o choque revira meu estômago. — você... você está achando que matei o Seok? — ele pisca os olhos devagar, como se estivesse acordando de um sonho demorado.
— Merda, Lia, você está com sangue na roupa e segurando uma faca. E Hoseok está morto com a garganta aberta, e você... você estava sozinha com ele. — o choque das palavras de Taehyung me atinge com força. Dou um passo para trás sentindo meu coração apertar.
— Pare com isso, não foi a Cal! — diz Namjoon com uma raiva tão forte que faz com que Tae e eu o encaremos. Uma veia salta na garganta de Namjoon e ele torce as mãos com força.
— E você, — diz Taehyung — naquela hora que deixou a trilha, pra onde foi? — é a vez de Namjoon de dar um passo para trás. Seu rosto carrega uma expressão de assombro, mas logo ela some, ou talvez eu tenha apenas imaginado. Ele limpa a garganta antes de falar:
— Eu disse que pensei ter escutado passos, achei que fosse a Callia. Eu segui o som e quando não deu em nada voltei! O que você ficou fazendo esse tempo todo? — Taehyung se encolhe, olhando em volta como se houvesse fantasmas sussurrando pela casa.
— Eu a procurei na trilha, só isso. — a voz dele treme e se quebra, restando apenas seu olhar na direção de Hoseok. Ele é o único que ainda o encara. Balanço a cabeça tentando clarear as ideias.
— Não adianta ficarmos colocando a culpa uns nos outros, Jungkook e Jimin ainda estão lá fora, precisamos achá-los. — Nam concorda.
— Como vamos saber se eles não estão por trás disso? — pergunta Taehyung apontando para Hoseok no chão.
— Eles são nossos amigos, — digo baixinho. — não fariam isso.
Namjoon encara as próprias mãos, suas expressões mudam tão rápido em seu rosto que não consigo acompanhar.
— E Hoseok? — pergunta Taehyung.
— Bem, a menos que ele levante, vamos ter que deixá-lo aí. — cospe Namjoon de forma grosseira. Tae e eu encaramos nosso amigo de forma confusa. Mordo meu lábio com força, minha própria voz ecoando na minha cabeça. Eles são nossos amigos, não fariam isso. Respiro fundo e aperto a faca fortemente.
— Não há nada que possamos fazer por ele, — digo tentando manter a calma. — eu sinto muito. — Taehyung concorda, só agora percebo as lágrimas que escorrem dos olhos dele.
— Eu não devia ter descontado minha raiva nele... é só que... quando você sumiu... eu... — a voz de Taehyung vai sumindo aos poucos. Ele enxuga o rosto com força e cruza os braços, o olhar agora longe de Hoseok.
— Chega. — falei sentindo a culpa voltar. — Chega de falar, vamos! Precisamos sair daqui!
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s(ʜᴇ)'s ᴀ ʟɪᴀʀ
Fanfic6 amigos vão para uma cabana. Só dois deles voltam vivos. Um deles é o assassino. O outro é a vítima. Quem está falando a verdade? Quem está mentindo? Capa por: @httaee - Se você estiver lendo essa história em qualquer outra plataforma que não seja...