Capítulo Oito

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Jimin e eu corremos pela trilha que nos levará até onde estacionamos os carros. Ele ainda segura o taco com a mão esquerda, enquanto a direita segura minha mão. Sua palma quente é, de certa forma, reconfortante.

Deixamos a trilha e caminhamos em meio as árvores, só para o caso de Jungkook estar por perto.

— Você sabe dirigir, não é? — sussurra Jimin enquanto sigo atrás dele. Tento regular minha respiração que soa alta no meio daquela mata.

— Sei. — sussurro de volta. Meus dentes rangem quando um vento frio percorre meu corpo. — Sei, sim. — repito mais pra mim do que pra ele.

Observo as árvores escuras e a forma que Jimin me guia pelo meio delas. Ele sabe andar por aqui melhor que eu, considerando que ele e Taehyung costumavam andar por essas áreas todos os verões.

Só então noto algo que eu havia deixado passar.

— Era o Jungkook que estava me seguindo quando eu cheguei. — minha voz fica tão baixa que não sei se Jimin pode ouví-la. — Eu senti que alguém me observava, — um calafrio percorre meu corpo ao imaginar Jungkook me observando enquanto eu passava por aqui. — ele deve ter corrido na frente quando Hoseok me derrubou... — minha garganta se fecha ao pensar no meu amigo que estava vivo há poucas horas atrás. — por isso que quando eu cheguei ele estava tomando banho, pra disfarçar. — digo com amargura.

— Eu não o vi chegar, deve ter entrado por alguma janela. — ele acaricia a minha mão. — Me pergunto quando ele ficou assim. — devaneia Jimin.

— Talvez ele sempre tenha sido assim, só a gente que não percebeu. — retruco. — Talvez ele até tenha...

— Shh. — Jimin põe a mão na minha boca me silenciando. Meu coração acelera subitamente, tento ouvir algum som, mas só consigo ouvir meu próprio sangue correndo em alta velocidade pelo meu ouvido. Aperto a faca contra a minha mão, a dor me faz voltar ao presente. Galhos. Galhos sendo pisados. Alguém se aproxima. Jungkook se aproxima.

E não demora muito para que possamos vê-lo. Por um momento não o reconheço, o rosto de Jungkook não carrega aquela expressão sexy e ao mesmo tempo inocente que eu estava acostumada. Não, ao invés disso, o observo com novos olhos. Os cabelos estão bagunçados pelo vento, a pele ganha toques sombrios devido a má iluminação, seu rosto carrega uma expressão tão fria e cruel que faz meu corpo tremer. E os olhos dele... escuros e ferozes.

— Meu deus. — murmura Jimin baixinho, e só então noto as roupas de Jungkook. Estão encharcadas de sangue. Penso em Taehyung e Namjoon e meus olhos se enchem de lágrimas, com horror dou um passo para trás e... crack!, piso em um galho seco, produzindo um som agourento pela mata silenciosa.

Jungkook para de caminhar e olha na nossa direção, ainda sem nos ver. O lábio dele vira uma fina linha de irritação, ele começa a caminhar lentamente até onde estamos. Em sua mão vejo algo brilhar, um facão longo e sujo de sangue. Engulo em seco e olho desesperada para Jimin.

Ele põe o dedo indicador nos lábios e estende uma mão para frente, seus olhos pedem que eu não me mexa. Então ele aperta o taco na mão e sai do nosso esconderijo, indo na direção de Jungkook, indo na direção do que pode ser sua morte.

— O que está fazendo, Jungkook? — ouço Jimin perguntar, sua voz está firme e raivosa.

— Estou fazendo muitas coisas esta noite, Jimin. Mas de qual delas você está falando? — a voz dele é fria e cortante, parece um rosnado.

— Não sei, talvez a que inclua o fato de você estar segurando uma faca e ter as roupas sujas de sangue. Sangue dos meus amigos, imagino. — a voz de Jimin também fica distante, tão fria que tenho que colocar a mão na boca para me impedir de gritar.

s(ʜᴇ)'s ᴀ ʟɪᴀʀ Onde histórias criam vida. Descubra agora