IV

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Encarei a tela inicial e desci para ver as notificações, as mensagens ainda estavam ali, sem terem sido respondidas ou dadas a mínima atenção, egoísmo puro ou apenas como eu disse antes, não estava disposta naquele momento, porém agora eu estou até empolgada em me distrair.

Com a minha crise de ansiedade na madrugada, eu prometi que iria tentar não ser a vítima de toda ocasião, melancólica e ansiosa, vou tentar me divertir do meu jeito e levar como férias de um verão em uma época muito oposta, porém eu quero tentar também ao máximo ser neutra, não chamar atenção demais para não dar merda, como eu disse a tia Charli que tentaria, eu passei essa manhã dessa forma, assim eu lia uma por uma e mandava minha imensa gratidão,composta por uma frase de sim, de puro agradecimento a todos, ouvia os áudios e os respondi-a mandando meu obrigada a cada um, eu tentava ser o mais positiva, ri com algumas das mensagens dos mais próximos com alguma imagem de motivação apenas para caçoar de mim e mandava irem se foder com aquilo.

Intimidade era algo tão bom, me sentia muito bem com aquilo, conversar com eles mesmo sendo tão recente minha saída, me aliviava muito, afinal eram minha família também, ainda me zoavam com fotos antigas sem dó e diziam estar com saudades, mandei foto da minha cara irônica de felicidade e mais áudios dizendo que eu estava me ajeitando e não precisavam ficar alarde porque eu estava dê certo modo mais relaxada essa manhã, não estava surtando ou algo do tipo que imaginei por estar finalmente aqui, claro digo isso de uma forma positiva.

Ao terminar de mandar as fotos do meu quarto para o grupo dos meus amigos no Instagram, fui recebida por um monte de risadas e apelidos dizendo ironicamente que era a minha cara aquilo tudo, eu revirava os olhos, era um pouco clichê de mais o quarto e comparavam a mim, caçoaram que parecia um vômito da Melanie Martinez, eu gostei e está tudo okay para mim mesmo se fosse o contrário, mal achei que eu iria ter um quarto então era um lucro isso.

Depois de um tempo deixei meu celular de lado, achei que o espaço que dei ao Sam era o suficiente para um banho, ou qualquer coisa que ele precisava fazer, sai do meu quarto e fui em direção ao dele, como combinamos.

Bati na porta, e recebi o vazio como resposta. Insisti mais algumas vezes até chamando seu nome e ainda sem respostas, fiquei parada ali, na frente da porta, recuei um passo e sim a merda da ansiedade já me fez pensar em vários cenários, um deles era que ele tinha acabado dormindo. Isso acontece, ainda mais em um feriado. A outra alternativa chegou e me fez ir conferir o banheiro e ele estava vazio, nenhum rastro de alguém.

Passei um tempo parada no corredor, fiquei encostada na parede esperando algo pelo nada, estava sozinha naquele andar e eu podia ficar refletindo no meu quarto, porém meu corpo estava bem ali.

Não estou triste nem nada na verdade, apenas sorri lembrando dos meus amigos, eles haviam me preenchido de um humor inabalável por aquele momento e eu estava bem, fiquei com os braços cruzados apenas imersa aos meus pensamentos, conclui ali que eu tinha reacendido um laço que não me vinha muito a cabeça, deixei de lado a ideia é depois de um tempo resolvi descer.

Segurei no corrimão e minha mão deslizava por ali a cada passo, eu dei uns pulinhos no início dos degraus mas depois segui devagar, avistei tia Charli na cozinha e segui até lá.

Ela logo que me viu, sua animação ficou clara, o almoço estava quase pronto e ela já iria servir, começamos uma conversa sobre a minha adaptação e eu confirmei que estava tudo bem, quase soltei "e o Sam" mas reprimi por que não tínhamos intimidade e seria tão estranho.

- Que bom querida! Hoje somos só nós duas Margo para o almoço - Tia Charli disse carinhosamente logo depois de colocar na bancada a salada - Se importa se eu só deixar em cima do fogão e aqui na bancada? - Ela disse se referindo a refeição e eu logo neguei com a cabeça.

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⏰ Última atualização: Apr 29, 2020 ⏰

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