Capítulo 3 - Eu não tive escolha

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Remando, remando e remando...

Há umas 2 horas atrás, eu nunca imaginaria-me nesta situação.
Eu e William já estávamos bem afastados da costa e tudo que se via agora, era a água salgada do mar a nossa volta, e uma preocupação imensa dentro de mim.

Eu, com um completo desconhecido, dentro de um bote.
Um pirata.

William se mantinha quieto e remava com força, pois eu, sem entender nada de barcos, remava fracamente e no sentido errado.

Aos poucos, vi o tal pirata parar de remar e suspirar fundo soltando os remos. Ele me encarava com um olhar curioso e cansado.
Enquanto eu, engolia um seco em minha garganta.

— Tudo bem? — perguntou de repente. O sol estava bem forte naquela hora, e com certeza davam um ar de deserto no meio daquele mar. E eu, suspirei de leve pela ironia de meus pensamento.
— O que está acontecendo? — perguntei mudando o rumo da conversa e finalmente tomando noção da situação e me recompondo. Enquanto ele sorriu leve de canto. 
Ele era bonito. 
— Bom, eu fugi da minha pena. Uma pena injusta, já que não cometi tal crime. — diz se ajeitando no bote e se deitando no mesmo.

Eu continuava sentada. Na mesma posição.

— Foi condenado por ser pirata? — perguntei a ele, e naquele momento, eu percebi que não tinha outra escolha, a não ser, conversar com ele.
Estávamos no meio do oceano, sem ninguém, repletos de água. E eu não tinha para onde fugir.
Apesar do pânico, não estava com medo.
Pelo menos, não dele.

Diante de toda minha vida sem graça, aquele momento estava sendo a coisa mais divertida que eu já fizera.
E apesar de ser por um segundo, fiquei feliz pela reviravolta que me tirara da vila.

— Exato. — respondeu e me olhava de cima abaixo. Percebi que estava curioso.
— Não é pirata? — ele riu novamente de minha pergunta. E percebi que tudo que todos falavam parecia piada para o mesmo.
— Não, meu pai é. Mas eu não... — diz sua frase com um pouco de desdém. E eu que fiquei curiosa. — Mas e você... —  perguntou e uma dúvida me invadiu.

Não sabia se podia confiar nele. Muito menos, por termos acabado de nos conhecer. E não foi em uma das situações mais agradáveis - se posso assim dizer.

Então, eu suspirei fundo tentando organizar meus pensamentos

— Eu estava indo na padaria...
— E teve o azar de se esbarrar comigo. Trágico. — diz cortando-me e eu o encarei.
— Na verdade, foi a coisa mais empolgante da qual eu já passei em minha vida. — digo rindo boba pelo momento nostálgico da pequena valsa que fizemos fugindo dos golpes das espadas passando em minha cabeça.
Percebi que ele sorriu sem mostrar os dentes.

A maré estava agitada e percebi que o barco começou a balançar bastante.

— Legal. — comenta e eu sorri fraco. — Infelizmente, não sei se voltará para casa. — declarou olhando para o mar em nossa volta e eu o encarei confusa.
— Como é? — meu coração deu uma palpitada rápida e acelerou com forme o silêncio se mantinha.
— Estamos no meio do oceano, sem bússola. A maré esta alta e é certo que nos perderemos. Além, de estarmos sem água potável e alimento. — diz como se fosse óbvio, enquanto ainda matinha seus olhos no mar.
O pânico tomou meu peito novamente.

Eu tinha que retornar.
Eu precisava.
Apesar de não querer aceitar meu destino. Eu tinha que cumprir com meus deveres.

— Tenho que retornar. — digo entrando em pânico, além de sentir o ar faltar-me.
— Olha Milady...
— Estou falando sério, preciso retornar.— declaro segurando o rosto.
Estava começando a ficar com falta de ar e suar descontrolavelmente. 

Paixão Marítima;; 𝒘𝒊𝒍𝒍 𝒕𝒖𝒓𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora