Capítulo 2 - William Turner

792 81 5
                                    

- Não está mesmo pensando em fazer isto, não é? - perguntou Anastasia e eu virei-me em sua direção.
- Anastasia. Sabes que talvez não tenha outra oportunidade de sair. E sabes que ter essa vida não é para mim. - eu disse as palavras mais sinceras de minha vida. - Eu preciso, só mais uma vez. - suplico quase me ajoelhando em seus pés.

Anastasia me olhava relutante. Vi a preocupação em seus olhos, mas principalmente pude notar a pena, por desde meu nascimento ver-me confinada dentro daquele castelo.
Depois de uma bela suspirada e um fechamento precipitado de seus olhos. Elas os abriu e eu pude ver a imensidão azul de seu olhar e um sorriso não muito contente em seu rosto.

- Me espere aqui. - diz Anastasia e suas palavras me animaram enquanto eu a via sair de meu quarto com cautela.

Eu sorri feliz.
Apesar de ser a coisa mais estúpida que eu já pensei em fazer em toda minha vida.
Mas, não sabia se teria outra oportunidade daquelas quando me casasse. Muito menos, se teria oportunidades...
E não me atreveria a pagar pra ver.

Enquanto Anastasia ainda não retornava, fui em minha penteadeira e procurei um pouco de meu dinheiro e peguei algumas moedas para levar a vila.

Era indescritível a sensação de estar fazendo algo tão errado, mas que ao mesmo tempo, lhe faz bem.
Sendo sincera, nenhum pouco de culpa havia em mim naquele momento. Muito menos desespero, arrependimento ou medo.
Esperei tempo de mais para poder cometer um ato de rebeldia.
Na verdade, a vida inteira.

Anastasia abriu a porta rápido, fazendo eu desviar meus pensamentos mórbidos e sorrir ao vê-la entrar no quarto com a roupa de campo.

- Você é muito sortuda Mary... A guarda está trocando de turno para o almoço. - diz e eu suspirei aliviada.
- Confie em mim Anastasia! Dará tudo certo!
- Ainda irá matar-me Mary... - diz Anastasia e eu sorri me aproximando dela.
- Não diga isso. - digo pegando a roupa de suas mãos. E vejo seus olhos sobre mim.
- Se o rei descobrir... e-eu...
- Se ele descobrir, terá sido uma filha imatura que tentou fugir de sua responsabilidade e que assaltou o armário de sua ama. - comento e ela sorriu logo me ajudando com a roupa.

Enquanto Ana me ajudava a me fantasiar de plebéia. Eu sentia a adrenalina em meu corpo.
A sensação era boa.
Eu realmente estava vivendo aquele momento, e não queria perder nenhum segundo.

O sorriso em meus lábios, era inevitável, mas ao fundo, Anastasia suspirava de leve atrás de mim.

- Querida... Tem certeza disto? - Anastasia perguntou-me enquanto colocava um grande casaco com capuz em mim. Seu tom de voz preocupado deixava-me um pouco receosa. Não queria deixa-la, mas, ela sabia o quão importante esse momento seria para mim. Então virei-me e olhei para ela.

- Acho que isso é o melhor de tudo. Eu não tenho certeza alguma sobre nada! Não faço a mínima ideia do que pode acontecer e estou feliz por isso. - declaro ainda sorrindo. - Anastasia, eu preciso fazer isso, antes de ficar presa neste acordo. - digo por fim e a mesma solta um sorriso simples, triste, mas não deixava de ser um sorriso.

- Logo logo estará no horário de almoço... - comenta apressando-me e eu concordei. - Não sei como chegará a vila... Mas, posso falar com um dos homens do rei, pagá-lo...ou...
- Para isso não há problema... - digo simples, ajeitando-me. - Só tem duas pessoas que confio neste castelo. - digo animada e suspirando fundo. - E você, é uma delas! Pode dar-me cobertura? - perguntei-lhe e ela concordou.
- Querida, cuidado, e não se machuque! - diz dando-me um abraço forte e eu o retribui na mesma intensidade. - Vamos logo! - Diz Anastasia e eu concordei respirando fundo.

Anastasia foi até a porta olhando para os dois lados do grande corredor, e chamo-me rápido, para que pudéssemos sair pela saída secreta dos criados.

Paixão Marítima;; 𝒘𝒊𝒍𝒍 𝒕𝒖𝒓𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora