O Maior erro da minha vida

Capitulo 3

Para meu bom e velho brigadeiro de panela por estar sempre ao meu lado.
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BRUM BRUM BRUM

Eu sei o que você deve estar pensando. Que tipo de pessoa usa o barulho de uma buzina de caminhão como despertador?!? Bom, eu sou muito preguiçosa, e só duas coisas conseguem me tirar do sério para levantar da minha cama, e se chamam: Café e barulho. Não me refiro a qualquer barulhinho, estou falando de berros ou buzinas estrondosas.

Me levantei da cama e fui direto para o banheiro do corredor para fazer a minha higiene pessoal e tentar dar um jeito na minha cara amassada. Deixe-me explicar algo importante, eu não sei nada sobre maquiagem e quando tentei aprender, apareci ao lado de Travis fuck Luils no baile de inverno, exatamente como a katy perry no Met Gala de 2016, imaginem com muita calma uma versão minha um pouco menor usando aparelho rosa com um Babuche azul brilhante nos pés, e não podia faltar as meias combinando com o aparelho.

Época boa que não volta.

Não irei cometer esse mesmo erro novamente e logo peguei o corretivo pastoso e pressionei em cima das minhas olheiras. Os passos seguintes foram bem rápidos e quando olhei no espelho não havia mudado muita coisa. O cabelo foi o mais fácil de se alinhar em uma trança de lado.

Calça jeans, camiseta vermelha, Jaqueta jeans e meu all star de guerra, eram a escolha mais confortável e rápida para se escolher as 7 da manhã, afinal eu ficaria daquele jeito até as 18:00. Essa seria minha rotina até o próximo semestre e assim por diante.

- Você está pronta ? - O perfume amadeirado e o cheirinho de sabonete de Robert atravessou meu olfato quando me virei para fechar a porta do meu quarto.

- Mais ou menos. - Eu respondi puxando a mochila rosa claro.

-Café ? - Ele perguntou apontando pra escada com um sorriso brincalhão nos lábios.

- Eu preciso de cafeína pra começar bem o dia. - Eu disse dando de ombros.

Tanto eu quanto Agatha, engolimos o café de uma vez só e nos apressamos para encontrar Rob buzinando na frente da porta com um olhar mortal na nossa direção.

- Eu to atrasado pra aula de Anatomia.- Ele falou com um olhar nada amigável na direção da irmã.

- Eu não sou a única atrasada aqui. - Agatha falou e apontou para o banco traseiro onde eu estava sentada.

Rob deixou um suspiro cansado escapar e logo estávamos a caminho da Swarthmore College, a faculdade dos meus sonhos desde que eu completei os meus 14 anos. Foi fundado em 1864 por Quakers. Dentre seus fundadores está o industrial Joseph Wharton e eu só descobri isso porque comecei a pesquisar e ele ler tudo sobre o lugar desde muito nova.

* * *

- Pegou seus livros? - Perguntei pra Agahta que revirava o armário novo para encaixar todos os seus pertences.

Acabou sendo bem fácil pra mim, já que eu peguei apenas os quatro livros desse semestre e meu estojo, então não tive dificuldades na hora de encaixar tudo lá dentro.Eu fechei o armário e encarei Agatha que ainda procurava por seu celular dentro da bagunça que ela chamava de bolsa.

Um murmúrio chamou minha atenção e tive que me virar para encarar a pequena que multidão que se formava na esquina do corredor.

Eu havia esquecido como se respira calmamente no momento que bati meus olhos naquele homem alto que caminhava por ali. O sorriso alinhado em puro deboche exalava uma excitação que percorreu meu corpo em segundos. O cabelo escuro com os olhos de um castanho mel que brilhavam a cada passo que ele dava.

A jaqueta preta alinhada com a calças jeans rasgada lhe davam um ar de perigo que combinava perfeitamente com o cigarro que ele carregava na mão. Ele provavelmente sabia que era proibido fumar dentro do campus, mas ele escolheu ignorar e tragar o cigarro com paciência e calma.

- Quem... Quem ? - As palavras fugiram dos meus lábios e o formigamento começou a percorrer minhas pernas.

Ele andava pelo corredor como se estivesse em casa e se movimentava com uma expressão vazia e tediosa, como se a faculdade fosse para ele um filme dos anos 50 onde tudo já é previsível e manipulável. Eu não sabia dizer se era tédio ou irritação, mas era algo parecido. Ele parou de caminhar e parou ao meu lado balançando o cigarro.

- Você está na frente do meu armário. - Ele falou sem se quer olhar na minha cara.

- Desculpe... - Eu sussurrei e encontrei um olhar divertido no rosto de Agatha.

Eu praticamente sai correndo em disparada ao primeiro banheiro que encontrei para tentar me recompor do choque que acabou de acontecer.

- Tá tudo bem ? - Uma figura morena perguntou tocando no meu ombro de leve.

Ela era baixinha e um tanto fofa, as bochechas coradas e com cabelo castanho. As mechas iam até seu ombro em cachos ondulados e o sobretudo cinza combinava com as botas pesadas da mesma cor.

- Claro. - Eu respondi com um sorriso amigavel.

- Eu sou a Rachel. - Ela disse com sorriso. - Rachel Jenkins, Moda.

- Alyssa O'Sullivan, Literatura.

- Eu amei o seu cabelo. - Ela falou dedilhando a trança.

- Obrigada. - Eu falei compartilhando de seu sorriso.

- Você pretende ficar escondida aqui ou... - Ela arqueou a sobrancelha enquanto falava.

- Eu me perdi da minha prima - Soltei a primeira desculpa que veio na minha cabeça.

- Quer ajuda ? - Ela pergunta com um sorriso divertido. - Eu estava indo procurar o babaca do meu irmão, mas ele sumiu.

Nós saímos do banheiro e Rachel não parou de conversar, nem um por um mísero segundo. Ela cambaleava de um lado para o outro e soltava algumas piadinhas ao longo do caminho e eu tive que me segurar para não rir das caras e bocas que ela fazia.

- ... E foi por isso que eu nunca liguei pro Toddy. - Ela finalizou com um suspiro quando chegamos no segundo corredor.

- Só por que ele usava bermuda curta ? - Eu perguntei com o riso intalado na garganta.

- Foi constrangedor. - Ela falou tentando se explicar. - Ele tinha tudo para ser o pai dos meus filhos, mas aquela bermuda....

Eu tive que segurar a respiração e evitar o riso quando aquela figura misteriosa começou a caminhar na nossa direção. O olhar distante e os passos confiantes eram seu símbolo, assim como o olhar desesperado das pessoas que nem se quer piscavam em sua presença.

Eu quis correr, mas seria patético. Ele é só um cara bonito, e isso deveria ser normal, afinal é só uma porção de testosterona ambulante.

Muita testosterona.

- O que você quer ? - Rachel perguntou alto antes mesmo dele chegar perto o suficiente.

- Ir pra minha sala. - Ele disse sem se importar.

A voz grossa e arrastada soou autoritária apesar do descaso que ele, claramente, fazia questão de mostrar para todos.

- Pare me de perseguir. - Ela falou alto colocando um dedo na frente da cara dele.

O riso irônico sem dentes deixou o ambiente ainda mais hostil, mas quando seu olhar caiu sob mim, eu senti arrepio percorrer minha coluna. Ele abriu a boca e a fechou rapidamente, e optou por sair caminhando pelo campus com o mesmo olhar de tédio de antes.