1. não tenho mais lagrimas

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Dia 7; 17:22 horas

Tiro uma flecha da aljava posta aos meus pés e a preparo, almejando ver suas chamas cortarem aquele céu poente.

Desejo me desfazer da seta assim que sinto o cheiro forte do óleo queimar, levanto o arco ansioso e todo peso daquela flecha decai sobre o meu corpo, me torturando.

Direcionar o seu rumo não me foi um problema, mas solta-la sim, parecia uma tarefa difícil.

Suspiro fundo. E atiro, a flecha viaja sobre as aguas até atingir a pira bem ornamentada, incendiando-a em um instante. A mão pesada de Jeffrey pousa sobre meu ombro.

— ele teve uma vida longa, James. — Eu assinto, tendo em mente que apesar das diversidades da vida, meu avo foi um homem feliz, nós fomos, na verdade.

Isso me confortava, um pouco.

Percebo de soslaio que as pessoas estão se dispersando, algumas ainda se aproximaram do rio para deixar flores e ramos, prestando suas últimas homenagens.

Adeus. Repito enquanto a correnteza levava meu velho pra sempre.

— onde você vai passar a noite? — Me viro encontrando os olhos tristes da senhora Anny.

- em casa.

— não, por favor — Ela bate o pé e já entendo que não vou conseguir recusar seu pedido, seja lá o que for. — faço questão que jante conosco essa noite, e também descanse em um dos nossos quartos.

— nós estamos sem inquilinos — Jeff envolve os braços na cintura da esposa.— nos faça companhia, James.

— não estou em condição de recusar uma bebida, não hoje. — Respondo aliviado, passar a noite sozinho naquela cabana seria insuportável.

— então vamos logo. — Diz Jeff.

estávamos próximos do vilarejo, uma curta caminhada foi o bastante para se avistar a paisagem familiar de Liof, seguimos até a velha famosa taberna da família Morgan. Jeff se apressou para acender a lareira do local, e eu troquei minha espada por uma garrafa de uísque.

Anny nos deixou no bar, mas antes mencionou sua janta, nos advertindo sobre nossa bebedeira, além de me prometer um banho que em suas palavras, seria relaxante.

Observo o espaço com calma, as lembranças de meu avô pareciam impregnadas por todos os cantos e mesas daquele lugar, sinto a bebida queimar minha garganta enquanto Jeff se aproximava portando uma taça grande.

— e então, oque você vai fazer agora. — Ele pergunta se acomodando à mesa.

— eu vou voltar pra capital amanha — Respondo e meu padrinho assente. — vocês vão ficar bem, né?

— claro — Jeff hesita bebericando sua taça. — você já escreveu pro Jon?

— ainda não.

— se quiser eu... — interrompo seu pedido balbuciando um não.

— não se preocupe com isso, eu vou escrever. — Respondo, de forma mais rude do que gostaria.

O sino quebra nosso silencio, olhamos para porta encontrando um grupo de rostos desconhecidos, viajantes, presumo.

— pois não? — Jeff corre até eles, e a garota ruiva que toma a frente chamou minha atenção. — senhorita?

— Atena. aquele era um nome peculiar, e ela deve saber disso. — meu nome é Atena.

Eles trataram sobre o aluguel dos quartos da pousada e tudo correu bem, Jeffrey lhes ofereceu alimento e bebida no selar do acordo.

— James, eu vou cuidar dos cavalos, já volto. — Ele sai acompanhado de dois sujeitos.

Meu Nome Não É AtenaOnde histórias criam vida. Descubra agora