Paciente Nº95

Capítulo 2

24/10/19
10:45 AM
Casa dos Kim
(NamJoon)

Aos poucos, conforme os minutos passavam, eu me lembrava vagamente da noite passada, de cada detalhe e, de cada sensação. Olhava para minhas mãos e ainda sentia o gelado do corpo dele que eu segurei. Tudo parecia um pesadelo, mas não era, nem um pesadelo seria capaz de tanta maldade assim.

NamJoon me contou que meu pai entrou no Salão da Prefeitura para levar o corpo do TaeHyung, só que voltou comigo nos braços, porque desmaiei. Por isso não me lembro do que aconteceu e, nem de como vim parar aqui, me lembro de estar em choque nos braços do meu pai e em seguida andando na direção da saída, mas essas memórias não se encaixavam na história de NamJoon.

- Quer jogar uma partida para distrair os pensamentos? -O mais velho me oferece um controle, mas minha atenção ainda estava nas informações que havia recebido, encaixando o quebra-cabeça que aparentemente falava muitas peças.

- Porque eles precisariam de 100 pessoas? -Inclino meu corpo, aproximando seus cotovelos dos joelhos e, usando os mesmos como apoio, deixando minhas mãos sob meu rosto, pensativo na reportagem do dia anterior.

- O que quer jogar? -Entendo a reação de NamJoon, querendo evitar o máximo da situação, e eu discordava, insistindo que era o melhor jeito de lidar com isso- Tiro? Corrida? Lutas?

Quando pensei em responder algo que o outro não havia perguntado, meu celular vibra encima da estante da sala, e baixinho consigo escutar o toque que escolhi como som de chamada. Ajeitei minha postura para ver quem ligava e, era meu pai. Os olhos de NamJoon junto de seu silêncio, significava de que ele já sabia o assunto, e não cabia a ele me contar, o observei aproveitando para ouvir o toque, até ele começar a música novamente.

- Preciso atender ou meu melhor amigo vai me contar? -Encarei o aparelho mostrando a chamada novamente como perdida, cruzei os braços e joguei meu corpo no encosto do sofá, esperando a explicação do outro, parecia que eu não podia confiar em mais ninguém ou que todos sabiam a verdade, menos eu.

- Seu pai quer que identifiquemos o corpo do TaeHyung, porque fomos os últimos a estar com ele e... -Sinto o peso nas palavras que ele usava, e também sentia ele guardando esse peso em si próprio, como culpa- Ele disse que seria uma forma de nos despedirmos dele

- Certo -Puxei meu lábio inferior com os dentes, arrancando uma pele seca com cuidado, sentindo o gosto do sangue que veio em seguida, encarando a fotografia de nós três juntos- Posso tomar banho antes?

- Claro, você é de casa

Sai do sofá e andei desviando as longas pernas do outro em direção ao corredor central, NamJoon sempre foi o mais forte de nós três, parecia que ele absorvia os sentimentos ruins que eu e TaeHyung tínhamos quando precisávamos de ajuda, e desta vez, era ele quem queria ajuda, mesmo sem conseguir pedir, mas será que cabe a mim oferecer esse apoio emocional?

No banheiro, quando terminei de tirar a roupa, coloquei a água em uma temperatura quente, ao ponto de sentir as gotas queimarem minha pele e o vapor se acumulando no cômodo sem ventilação. Desliguei o chuveiro para me ensaboar, aproveitei e encarei vários detalhes de meu corpo, mas um em específico, uma mancha, no braço esquerdo.

07/01/2007
16:28 PM
Praça pública

- Sabia que minha mãe disse que o suco do limão pode manchar nossa pele? -TaeHyung mostra um pequeno limão cortado brutalmente ao meio.

- E porque o limão faria isso com a gente? Limão não gosta de virar suco? -Encarei a fruta pensativo, esperando a opinião de NamJoon sobre a situação.