CARNE FRACA

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Hospital central de Manhattan.

— Olá, Brayan. — Um homem alto com um corte de cabelo social e de terno entra pela porta do quarto. — Eu sou o Agente Michael, do FBI.

— Sim, eu imaginei que alguém do FBI viria falar comigo — diz Brayan, deitado em seu leito. — Vamos logo com isso, sinto que vou morrer a qualquer momento e sei que não há nada que os médicos possam fazer.

— Eu lamento pelo seu estado, mas eu preciso muito falar com você.

— É, é claro que precisa. — Brayan com certa dificuldade passa a mão em seus cabelos encaracolados. — Aconteceu ontem, eu me lembro de tudo e posso te contar tudo, a questão é: será que vai acreditar em mim?

— Isso depende do que me contar. — O homem de terno diz e se senta ao lado da maca com uma prancheta e uma caneta em mãos. — Preciso que me conte detalhadamente tudo o que aconteceu, do momento em que acordou até sua chegada aqui no hospital, tudo bem?

— Detalhadamente... — Brayan tenta se ajeitar melhor na maca, porém seu estado o impede disso. — Espero que os detalhes possam ajudar.

_"Eu trabalho durante à noite, cheguei sábado às  07:00am, tomei um banho, tomei café da manhã vendo as notícias e depois dormi para descansar, a mesma rotina de quase sempre. Estava cansado, dormi até as 17:00pm, quando acordei notei, apesar de não haver nuvens, "relâmpagos" no céu, achei estranho mas não me importei, apenas comi alguma coisa assistindo os canais de esportes, por volta das 19:00pm decidi tomar um banho e me arrumar para sair, sou solteiro, jovem, trabalho a semana inteira e queria me divertir, beber alguma coisa, conseguir algum sexo casual e, foi o que eu consegui.

Havia acabado de chegar em um bar que eu sempre frequentei, Joe's bar, não muito distante de minha casa. Era pouco mais das 20:00pm, me sentei em uma cadeira perto do balcão e pedi um whisky com gelo. Observei o movimento, ainda não estava muito cheio, minha atenção foi tomada por uma mulher de vestido vermelho, uma linda mulher de cabelo tão vermelho quanto seu vestido, um vestido que moldava seu belo corpo com perfeição, ela conversava com um homem encostado em uma das paredes do bar, visivelmente bêbado, que mal conseguia se manter em pé, estavam bem próximos, mas o estado do tal homem era tão deplorável que ele nem ao menos se deu conta da beldade que tinha em sua frente.

Tirei minha atenção da situação, dei um belo gole em meu whisky e sem que eu notasse a mulher de vestido vermelho estava sentada na cadeira ao meu lado, olhei para o homem com quem ela estava momentos atrás e ele estava sentado no chão reclamando qualquer coisa.

— Noite difícil? — perguntei para a mulher.

— É, noite difícil.

Por alguns momentos pensei que seria uma prostituta, mas não, uma prostituta não se arrumaria tão bem assim e também não perderia tempo com um bêbado qualquer.

— Quer beber algo?

— Beber?

— Sim, beber, você não bebe?

— Não.

Ela não falava muito, ou pelo menos não queria falar, mas eu não podia deixar a conversa morrer ali, eu estava buscando sexo casual e ela era perfeita pra isso, humanamente perfeita.

— E qual o seu nome?

— Meu nome!?

— É, seu nome, você tem um, não é!?

— Tenho. — Olhou para o letreiro com o nome do bar em cima das prateleiras com bebidas e continuou. — Joe's... meu nome é Joe's.

— Joe's... — Dei uma risada. — Se não queria conversar era só ter me falado que eu ficaria quieto.

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