A perfeição está nos olhos de quem não vê

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Kim Jongin costumava ser um daqueles amigos tagarelas. Quando começava a falar dos mil e um motivos para amar certos escritores, eu chegava a revirar os olhos, fazendo Ayumi rir das minhas expressões de impaciência.

Estávamos no intervalo, sentados embaixo de uma árvore gigante enquanto fazíamos um tipo de piquenique improvisado. Havia algumas maçãs, lanches naturais e refrigerantes. Cansado de ouvir Jongin e sua insistência de conseguir mudar nossa opinião com argumentos inválidos sobrepostos de sua própria visão, peguei um dos livros em minha mochila e assim que o coloquei no colo, Ayumi me cutucou curiosa.

― Que livro é esse? ― Ela questionou aos sussurros como se eu fosse contá-la algo extraordinário.

― Crime e castigo.

― Caraca, eu adoro essa história. Já li três vezes e isso porque é realmente raro eu conseguir repetir alguma leitura. 

Quando levantei a minha mochila em meu colo, a fim de procurar pelo meus óculos, avistei do outro lado, no centro da arquibancada, uma imagem bastante conhecida. Os coloquei em meu rosto e tive certeza de que se tratava dele. Baekhyun. 

Fora questão de segundos para alguns garotos o rodearem, recém terminado o treino. O líder deles ― mais próximo de Baekhyun ―, apoiava uma bola de basquete na cintura. Era praticamente impossível julgar o que eles o diziam, mas pelo modo acanhado que o garoto estava sentado, como uma alga cercada por tubarões e com o olhar abaixado, era evidente que eles não estavam sendo nem um pouco agradáveis.

Continuei observando a situação de longe e quando os rapazes saíram andando, achei que estaria livre daquela sensação angustiante no peito, até ser surpreendido juntamente com o alvo pelo líder de basquete, este que puxou a bandeja de Baekhyun ― que possuía todo seu lanche ―, fazendo-a colidir no chão, alguns metros á frente.

Não tinha como ter sido apenas um acidente, não quando o causador do movimento havia descido a arquibancada com um sorriso irônico no rosto e o queixo erguido em deboche. Meu sangue ferveu nas veias, qual era o problema dessas caras?

Joguei o livro no colo de Ayumi e ela resmungou baixo, confusa. Peguei uma garrafa de refrigerante, um lanche que estava protegido por um plástico e sai em passos rápidos em direção a arquibancada. Ouvi a voz de Jongin me chamar por inúmeras vezes de longe, mas o ignorei.

Quanto mais me aproximava, mais a imagem de Baekhyun abaixado no chão, tentando recolher o que havia caído, mexia com as minhas emoções.

― Quer ajuda? ― Questionei -o.

Ele tomou um leve susto, surpreso com a minha presença.

― Não, está tudo bem! ― Fungou.

Talvez estivesse chorando ou tentando não fazê-lo ali, na frente de tantos estudantes. Por conta da distância, eu não tinha tanta certeza.

Olhei para os lados, tentando procurar pelos causadores daquela desordem, não apenas por ter derrubado o suco todo no chão e sujado seu hambúrguer, mas também o trauma que havia feito na mente de Baekhyun, que aparentemente não era o tipo de pessoa que daria algum motivo para receber um tratamento desumano como aquele.

― Esses jogadores são uns idiotas! Não ligue para eles, está bem?

― Não, eu quem sou o idiota, Chanyeol. Eles são populares, possuem números nas costas das camiseta e são conhecidos pela universidade inteira. Eu sou só um estorvo...

― Não diga isso. ― O cortei, ríspido. ― Não diga essa palavra nunca mais, você jamais seria um estorvo. Quando você diz isso,está apenas se rebaixando para eles. Desde quando popularidade define o que você é?

FLUORESCENTES | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora