Nós somos fluorescentes para sempre + LIVRO FÍSICO.

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Durante aqueles longos dias em que a simplicidade estava fazendo falta, longe do garoto de olhos baixos e uma inocente timidez em demasia, eu havia sentido na pele o quanto era grande a importância de passar os dias ao lado dele. Baekhyun deixou um marco tão profundo em meu peito que as músicas tristes das minhas playlists não conseguiam mais dar conta do recado.

Faziam-se semanas que eu não o via na universidade e Jongin insistia que eu precisava fazer alguma coisa para mudar esse cenário melancólico em que eu me afundava. Ele falava aquilo pois sabia o que esses sintomas causavam em uma pessoa, já que admitiu que pediu ― finalmente ― Ayumi em namoro.

Os dias se arrastavam e pelo menos duas vezes na semana, meu pai me perguntava sobre o sumiço de seu principal paciente, como uma indireta para entender melhor o que tinha acontecido entre mim e Byun Baekhyun. E eu sempre buscava mudar de assunto, fazendo de tudo para disfarçar minha expressão de desamparado.

Enquanto Lancelot não parava nem por um minuto de se espreguiçar em cima do meu colo e de desfilar pelo sofá, meu pai aproveitava da folga para tentar cozinhar, como se ele tivesse muita experiência nesse quesito.

Assistindo a um programa na televisão, eu tentava ajeitar meus trabalhos dentro de uma pasta quando meu pai apareceu com um avental ridículo na cintura, lotado de farinha pelo rosto e com uma colher em mãos, vindo direto em minha direção. Essa não! Sinto como se eu fosse um ratinho de laboratório a ponto de ser usado em um experimento de extremo risco.

― Chanyeol, experimenta!

Neguei com a cabeça.

― Vai logo, Chanyeol! Não é como se eu tivesse colocado veneno nisso. Eu fiz exatamente como está pedindo na receita.

O fitei, desacreditado.

― Duvido muito, até mesmo a receita mais fácil de todas você consegue transformar num problema algébrico dos mais complicados. Eu te conheço, pai, e posso afirmar com toda certeza que você não nasceu para cozinhar.

Lancelot se apoiou em minha perna e tentou se erguer, levantando o focinho pra cima para sentir o aroma do macarrão que estava na colher que meu pai segurava.

― Vê? Até o Lancelot quer experimentar e só você que é um filho ingrato, não quer. 

Revirei os olhos e abri os lábios com pouca vontade. Meu pai deu aquele sorriso de satisfação como um bom chantagista emocional que é, me deu a sopa e me analisou com o olhar como se eu tivesse o dever de dizê-lo que realmente aquela gororoba estava deliciosa.

― E então, está bom?

Balancei a cabeça em positivo e ele comemorou com um sorriso, até que engoli a massa e sai correndo, procurando pelo banheiro mais próximo.

Depois de enxaguar a boca, meu pai apareceu na porta do banheiro, dizendo:

― Não se preocupa, eu acabei de pedir uma pizza.

― Desculpa, parecia uma mistura de sal, leite e uma pitada de inferno.

Ele riu.

― Justo agora que eu estava pensando em inaugurar um programa sobre culinária?!

O fitei antes de sair do banheiro e voltar para a sala, enquanto dizia:

― Por favor, não cometa esse crime para com a sociedade. 

Joguei-me contra o sofá e o ouvi rir de longe. Lancelot me empurrou com as patinhas e eu o carreguei até meu colo, mesmo que o bichano estivesse se debatendo.

― Gato irritante, acha que é dono do sofá? ― Apertei as patinhas contra o focinho dele, mesmo que fosse um baita de um ranzinza, não deixava de ser adorável.

FLUORESCENTES | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora