Namoros podem ser complicados, ainda mais quando eles são de mentira e seu parceiro falso é do mesmo sexo que você. Porém, no meio de toda essa bola de neve a pior parte é quando você se apaixona de verdade, quando você cai feio na sua própria mentira.
Eu me apaixonei por Tweek Tweak, meu namorado de mentirinha. Mas não me culpo. Não é como se eu tivesse começado tudo quando aquelas garotas asiáticas vieram para South Park com aquela cultura estranha que elas chamam de "yaoi". Começou, na verdade, com aquela briga que Eric Cartman e seus outros amigos armaram para nós. Foi uma das brigas mais loucas da minha vida, e eu me lembro de nem querer estar lá. Eu e Tweek fomos parar no hospital e foi naquele quarto que eu me apaixonei, mas eu ainda não tinha percebido. Talvez eu fosse muito jovem para entender, mas agora eu entendo.— Oi, Craig.
Levantei meu olhar e encarei Tweek na minha frente com um copo de café nas mãos. Ele fechou a porta da sua casa atrás de si e bebeu um gole de café.
— Oi, honey — afastei o copo de café dos seus lábios e o beijei. Ele não correspondeu. — O que foi?
— Não precisa me beijar e nem me chamar de honey, Craig, não tem ninguém por perto.
— Desculpa — dei de ombros. — É força do abito. Podemos ir?
Ele assentiu e caminhamos de mãos dadas.
No caminho para a escola, nos encontramos com Clyde, Token e Jimmy.— Caras, vocês ficaram sabendo? — Clyde perguntou, assim que nos encontramos com ele.
— Sabendo o que? — Token questionou, mesmo não parecendo muito interessado.
— As asiáticas foram embora de South Park — respondeu. — O que é uma pena, elas eram muito gatas e desenhavam bem aquelas coisas gays do Tweek e do Craig.
— Se chama yaoi, Clyde.
— É, isso aí. Valeu, Token.
Senti Tweek me puxar, como um sinal para que parássemos de andar. Os meninos foram andando na nossa frente e nem perceberam a nossa ausência.
— O que foi, honey?
— As asiáticas foram embora, Craig.
— Eu sei e daí?
— Isso significa que podemos terminar sem problemas.
— Cara, não é só as asiáticas que gostam de ver nós dois juntos. Você tem ideia que os pais do Kyle tem um quadro nosso na sala da casa deles?
— C-como você sabe?
— O próprio Kyle me disse.
— Mas Craig, já faz tanto tempo, ninguém em South Park vai se importa mais. Estamos fingindo desde dos nossos 8 anos! Não podemos fingir para sempre.
— Então você quer terminar?
— Você não quer?
Um silêncio constrangedor se instalou entre nós dois.
Não, eu não quero terminar. Pode ser um namoro de mentira, mas pelo menos eu o beijo, mesmo que seja um beijo falso, são os lábios dele nos meus, a melhor sensação do mundo. E se tudo é falso não me importa. Tem coisas que realmente não importam quando se está perdidamente apaixonado.
Eu soltei sua mão e coloquei a minha no bolso do meu moletom. E, foi naquele silêncio, que ficamos durante todo o caminho para a escola.