— Yuri? — Viktor se sentou no pé da cama. — Está tudo bem?
— Claro — resmunguei. — Por que não estaria?
Sim, por que não estaria? Depois de tanto tempo, eu finalmente ganhei o prêmio, mesmo que tenha sido o prêmio de segundo lugar. E quem não ficaria feliz de ganhar uma medalha depois de tantos anos ficando sempre em último e em último?
E eu fiquei feliz. Muito feliz. Eu podia até chorar de felicidade. Tudo por causa de uma simples medalha de segundo lugar. Mas quando eu vi Viktor no meio de todas aquelas pessoas eu me lembrei.
"Se o Yuri ganhar a medalha de ouro, vamos nos casar!"
Eu tinha ganhado a medalha de prata.
Isso não significa que Viktor vai pegar suas coisas e cair fora, não. Só que talvez eu quisesse mesmo casar com ele.— Você parece desanimado para quem ganhou uma medalha hoje.
— Eu estou feliz pela medalha — tirei meus óculos e os coloquei em cima da escrivaninha ao lado da cama. — Só estou cansado, preciso dormir.
— Bem, você deve descansar mesmo — as luzes se apagaram e eu senti a cama afundar ao meu lado com o peso de Viktor. — Amanhã vamos voltar para o Japão e ver sua família — ele beijou minha testa. — Eles devem estar orgulhosos de você.
— É.
— Também estou orgulhoso de você, Yuri.
Ele me deu outro beijo, mas dessa vez na boca, que até me fez melhor.
Tentei esquecer aquele negócio de casamento, podíamos não nos casarmos esse ano e nem nos próximos, mas eu acredito que um dia vamos nos casar sim.
Estraçalhei seus dedos nos meus e os nossos anéis roçaram. Perguntei-me por um breve momento se iríamos parar de usar aquelas alianças antes de adormecer.🏳️🌈
Quando chegamos, todos me receberam com abraços, gritos e choros. Viktor tinha razão, eles estavam super orgulhosos. E, sabe de uma coisa? Eu também estava orgulhoso de mim mesmo.
— Yuri! — escutei Viktor gritar e em seguida abrir a porta do meu quarto. — Você não vai acreditar!
Joguei meu olhar para ele.
— O que?
— Vai ter outra competição de patinação, só que é em dupla.
— Dupla?
— Sim! — ele se sentou ao meu lado na cama. Parecia animado. — Podemos patinar juntos, Yuri! Vai ser incrível!
— Pode ser.
— Então, vamos participar, não é? — ele me olhou, com os olhos mais pidões do que os de Makkachin.
— Claro!
— Legal! — Viktor me deu um rápido selinho. — Bem, por que não me fala um lugar que sempre quis visitar?
— Acho que o Canadá.
— Anotado!
— Como assim, anotado?
Ele sorriu e me deu outro selinho.
— Bobinho.
E saiu do quarto.
🏳️🌈
No dia seguinte, Viktor me acordou cedo com um "bom dia" empolgado e disse para eu me arrumar, pois iríamos sair para decidir coisas importantes.
Eu não estava entendendo nada, tudo que ele dizia era sem sentido.
"Deixei toda a comida e principalmente o bolo com a sua mãe."
"Quais são suas flores favoritas mesmo?"
Simplesmente não fazia sentido.
Paramos em uma loja de roupas e então entendi. Ele já queria começar a se preparar para a competição no gelo que iríamos patinar juntos, e claro, Viktor começaria com as roupas. Depois as músicas e por fim as coreografias. Perguntei-me se ainda não era cedo demais para isso, mas era o Viktor, no final das contas, sempre animado demais com tudo. Eu gostava disso nele. Fofo, é fofo.
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