2. Um gamer, um bad boy e eu

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Seul, 9 de Setembro
Querido Amigo Sol,

Eu acordei mais cedo do que deveria hoje. Na verdade, eu acordei sem querer. Eu sempre me levanto às seis e meia da manhã, pra conseguir tomar um banho gelado e acordar por completo, ainda conseguindo chegar na aula à tempo.

Mas, dessa vez, eu acordei às quatro da manhã. Não conseguia dormir por nada, e nem pensar no que fazer para conseguir dormir, então fui fazer uma das minhas coisas favoritas. Fui fazer exercícios de Biologia.

Eu sei, Sol, eu sou estranho.

Peguei um livro de tarefas que eu já tinha usado zilhões de vezes e abri nas minhas partes favoritas. Eu sempre passo um marca-texto verde nas partes que eu mais gosto, assim eu posso voltar a resolvê-las quando estiver no tédio. E foi isso que eu fiz.

Li um pouco e fiz exercícios sobre o reino protista, que eu amo tanto. Decidi, então, fazer minha rotina ao contrário: depois disso, mesmo que não fosse meu horário ainda, eu me levantei e fui tomar meu banho, os postes ainda ligados na rua, do lado de fora da janela.

Coloquei meu uniforme, comi umas torradas e escovei meus dentes. E, agora sim, o sono bateu com força.

Afinal, Sol, é sempre nas horas em que precisamos mesmo fazer algo que nos bate aquela preguiça.

Com o psicológico finalmente do meu lado, decidi capotar na cama e só acordar na minha hora de sair. Levantei quando o despertador tocou, mais tarde que o usual, escovei meus dentes novamente e catei minha mochila, logo me expondo ao ventinho gostoso do início de outono.

Deus abençoe o outono sul-coreano, que coisa deliciosa.

Eu nunca demoro muito pra chegar na escola. É só sair pela porta principal do prédio e seguir por dois quarteirões, sempre em frente. Aqui em Seocho, as escolas são perto das casas, e eu acho que você se lembra de quando papai me deixava na escola, que era na frente de casa, e levava você conosco, no primário.

Aquela escolinha ainda é aqui em frente, por sinal. E as crianças estão mais barulhentas que nunca... Eu até evito vir logo pra casa depois do almoço, com medo de precisar ouvi-las a tarde toda.

Sempre que eu chego no colégio, vou direto pro meu armário, que fica entre o de Lu e Tae. Eles chegam antes de mim quase que todos os dias, e ficam por ali mesmo, conversando. E não foi diferente hoje.

— Chegou o nosso reizinho. — Taehyung falou, me acariciando as costas assim que eu passei por ele.

— Para a alegria dos súditos, eu diria. — Então ele me deu um tapa. Indeciso do caralho.

Taehyung não mudou muito desde quando você o conheceu, Sol. Ele continua sendo extrovertido, brincalhão e muito, muito chato. Mas eu o amo mesmo assim.

A única diferença é que agora ele saiu do armário... Mas, sabe, isso não muda muita coisa.

Eu lembro do dia em que ele se assumiu pra mim e Lúcia. Foi esquisito, porque eu nunca tinha conhecido alguém que gostasse de pessoas do mesmo sexo e que não fosse alguma figura pública de um país distante. Lu agiu naturalmente, disse que já conhecia muitas pessoas assim nos Estados Unidos e que era algo normal. E, obviamente, eu apoiei a decisão dele.

O único problema é que, como a maioria das pessoas do nosso colégio se diz heterossexual, Taehyung não se encontra com muitas opções, no momento. Ele nunca gostou de ninguém, e eu sei que agora, mesmo se gostasse, suas chances seriam mínimas.

— Dizem que todo mundo se assume de verdade na faculdade. Mal posso esperar. — Ele disse, durante uma conversa nossa.

— Eu mal posso esperar pelo dia em que você vai parar de tentar me arrastar pra baladas gay contigo, sendo que a gente nem tem idade pra isso. — Eu retruquei.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2020 ⏰

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Querido Amigo Sol ➳ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora