03 - MARÉ INESPERADA

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ALGUNS MESES SE PASSARAM, e para Will se tornou um hábito olhar para as estrelas. Depois de fechar a ferroaria no fim do dia, a luz alaranjada do pôr do sol o lembrava que a noite logo chegaria. Então ele abria a janela do estabelecimento e esperava pelas primeiras estrelas ficarem visíveis. Elas o faziam recordar do mar, da tripulação, da sensação de liberdade e perigo. Elas o faziam se lembrar de todos os contos e canções que havia ouvido, e até das lendas que se provaram ser reais. 

Mas elas o lembravam principalmente de Caroline Dieu-le-Veu, e o faziam imaginar que ela também poderia estar olhando para o céu e navegando em algum ponto do oceano. Ele poderia imaginá-la guiando sua própria tripulação, desvendando mapas que homens não podiam ler, e conquistando riquezas. Uma coisa que ele admirava nela era que Caroline nunca duvidava de seu destino, ao contrário de Will que nos últimos meses já não tinha tanta certeza. 

A chuva começou a cair o fazendo recordar brevemente das tempestades em alto mar. Mas uma batida na porta trouxe Will de volta à realidade e ele gritou de dentro da ferroaria: 

— Já encerramos por hoje! 

Will fechou a janela e um instante depois a porta da frente foi colocada abaixo. Três oficiais entraram na ferroaria avançando com suas armas na direção de Will. Ele levantou as mãos e percebeu que havia mais oficiais do lado de fora cercando o local. Um homem abriu caminho entre os soldados, ele usava uma peruca branca e as medalhas em sua jaqueta mostravam que seu cargo era alto. Mas não havia nenhuma insignia específica. 

— O senhor Will Turner está preso devido aos crimes que cometeu à coroa inglesa. — O homem declarou. 

Um dos soldados algemou Will enquanto ele olhava confuso para o homem. 

— Quais são as acusações? — Will exigiu. — Onde está o Comodoro Norrington?

— O Comodoro foi destituído de seu posto e eu, Lord Beckett, fui designada pelo próprio para trazer ordem à Porto Real. — Disse o homem, ele bem mais baixo, mas Will percebeu que sua arrogância era tão alta que compensava o seu tamanho. 

O homem se aproximou de Will com um brilho superior em seus olhos. 

— Norrington, Elizabeth e você estão irão a julgamento por ajudarem um pirata escapar, um pirata conhecido como Jack Sparrow. — Lord Beckett olhou ao redor observando o espaço rústico da ferroaria.

— Mas a sentença para isso é a forca. — Observou Will.

— A menos que você possa encontrar Jack. — Beckett sugeriu.

— E trazê-lo para ser preso e enforcado? — Will ressaltou encarando os olhos azuis do Lord. — Vai ser difícil atraí-los para Porto Real assim. 

— Não é Jack que eu quero. — Beckett murmurou. — Eu quero um objeto que ele carrega consigo, uma bússola que não aponta para o norte. 

Will Turner não tinha escolha, para salvar a própria vida ele fechou um acordo com Lord Beckett. Mas não podia negar que sentiu um certo alívio por ter um motivo para voltar a navegar para longe daqueles portos, e encontrar novas águas. Will sabia exatamente por onde começar: Tortuga. 

*** 

Uma série de eventos transformaram a jornada de Will e maneira permanente. Quanto mais se envolvia para conseguir o que lhe livraria do julgamento em Porto Real, mais distante de casa ele se sentia. Mas parecia estranhamente mais perto de um propósito. 

Sua busca até Jack começou em Tortuga, passando por uma ilha onde precisou escapar de um tribo canibal, a busca por uma chave que abria um baú cujo conteúdo a princípio era um segredo, e o levou a um navio que se erguia das profundezas e negociava a morte em troca de escravidão. Will esperava que de fato fosse encontrar mais impecilios, mas julgava que como deu certo da primeira poderia dar novamente. 

✔ OCEAN OF STARS ⊰✯⊱ Will TurnerOnde histórias criam vida. Descubra agora