Quão profundo é este poço em que despejo minha esperança,
onde posso ouvir o lamento profundo que antecede a cobrança,
e esta ave negra que repousa nas frestas de minhas decisões,
destila minha alma enquanto sussurra tenebrosas confissões.
Palavras que perfuram minha sanidade mantida a esmo,
e a indescritível sensação de não poder confiar em si mesmo,
vermes que se alimentam destes devaneios involuntários,
em que me sinto escoltado para estes caminhos temerários.
Mas não me surpreende a ação inconveniente da mente,
tão comum quanto a morte, por vezes velada, mas sempre presente,
se esgueirando pela perfeição, toma forma em nossas essências,
que nunca foram categóricas, mas sempre se voltaram às opulências
E deste amor oculto por aquilo que nos aterroriza e fascina,
é a realidade que através de sua indiferença nos ensina,
que nem tudo que almejamos é uma necessidade inerente,
tais aprendizados perduram na máscara, mas fogem à mente.
Esta que é o refúgio dos verdadeiros e daqueles que mentem,
dos puros e dos ímpios, o monte olimpo dos que consentem,
e o reino de Hades para quem esconde suas obstinações,
sufocados no espectro do passado e nas incuráveis paixões.
Não obstante, aqui estou eu neste memorável poço de esperanças,
que visito todos os dias sob a vigilância desta negra ave que me alcança,
e após longas estações, entendi o que seus sussurros queriam dizer,
é o abutre da solidão, que aguardará esta última esperança morrer.