Rotina.

4 0 0
                                    

As noites tornam-se longas quando o vento chega,

olho ao redor pela escuridão para encontrar conforto,

mas encontro somente lembranças em um teto torto,

por onde escorrem as gotas que me afogam enquanto durmo,

e faz com que o mundo não note minha falta quando sumo.


Mantenho meus olhos fechados até que o pesadelo acabe,

mas o encontro a espreita pelas ruas em que caminho,

as folhagens se movem com o vento que me vê sozinho,

parece tirar meu ar como o amor que não sei explicar,

eu devia sorrir, mas as circunstâncias me fazem chorar.


Como em um casamento em que todos esperam a noiva,

até que sobrem esqueletos tocados pelo mesmo vento,

espero minha hora chegar enquanto permaneço atento,

assim como um carro para uma humanidade extinta,

não vejo utilidade nos meus desejos, que escorrem como tinta.


Abro meus olhos e vejo os ponteiros voltarem para casa,

a angústia na minha alma se desbota numa falsa calma,

nos sorrisos cobertos por máscaras e a lágrima do trauma,

concebidos sem resposta, admirando o que sempre aconteceu,

vermes, ricos e pobres, se deitarão no mesmo lugar que eu.





Amargas PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora