Olhos cegos.

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Eu sei que não mereço sua atenção,

há tantas cores na vida e sou como o cinza,

uma tonalidade em um universo em expansão,

apenas o portador de uma alma ranzinza.


Não possuo o que chamam de atrativo,

um espectro que transita entre corações,

mas esquece do próprio já inativo,

que apenas pulsa lentamente entre multidões.


Você pode descobrir do que é feito a vida,

mas não ao meu lado, pois já tenho essas feridas,

não é sua obrigação secar lágrimas ressentidas,

destes olhos que veem o mundo pela lente da dor.


Cujas pupilas já gritaram em clamor,

e as pálpebras anunciaram o bloqueio,

que se fechem e fiquem cegas ao amor,

até que numa tarde tranquila você veio.


E os ventos derrubaram estes muros,

o sol derreteu os sentidos congelados,

os rios de emoções se tornaram puros,

tão límpido quanto seus fios cacheados.


Mas sei que já possui alguém em mente,

e finjo que seu amor já não me afeta,

mas é mais difícil seguir em frente,

quando sonhos contigo é tudo que me resta.










Amargas PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora