Festa Junina.

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No barulho dos fogos eu encontrei a calmaria,

seu vestido levado pelo vento enquanto dançavas,

seus olhos brilhantes combinavam com o jeito que sorria,

seus passos gentis descobriam a alegria por mim vendada.


Durante a tarde, acompanhei-te com um semblante triste,

desejei fazer parte das retas no seu vestido de flanela,

vívidos como o brilho escarlate na retina que te assiste,

trazendo-me o pensamento de que não há joia mais bela.


Quem me dera conhecer fogo mais quente que o seu,

que queima como a brasa que esquenta as bebidas,

acende as velas que me protegem da noite e do breu,

em que você me mostrou o quanto dói suas feridas.


Mas a lua sussurrou para que eu a olhasse no céu,

olhei para o lado e ouvi você rir por eu estar daquele jeito,

deitado, esperando que seu vestido fosse um véu,

para eu lhe pedir a mão, a luz da lua, daquele jeito.


Fechei os olhos vendo a lua, mas abri-os vendo o sol,

levantei-me sozinho, vi os bêbados deitados pelo chão,

mas eu não era nenhum bêbado fisgado num anzol,

apenas me perguntava se ela foi real ou uma ilusão.


E nunca mais a vi em nenhuma festa de São João,

resta-me na memória apenas a doçura de sua dança,

o sorriso, o vestido, olhos e cabelos que pulsam paixão,

e a dor em cada gota, amarga e intrusiva, de esperança.




Amargas PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora