Nota da autora: sugiro, fortemente, que vocês leiam a história ao som de Love me like you do, da Ellie Goulding. Depois me contem como foi a experiência ;)
Ao me deparar com a cena, não acreditei em meus próprios olhos, não mesmo.
Meu namorado, Théo, estava beijando uma outra menina, e tudo o que consegui fazer foi correr, mas não sem antes fazer um barulho ao esbarrar nas latas de lixo que haviam por ali. O que chamou a atenção de várias pessoas aos redores e, possivelmente, o próprio Théo.
Corri até o edifício, sem parar para tomar fôlego. Os músculos já pegando fogo de tanto que estavam sendo usados.
Quando cheguei à porta, peguei as chaves, sem me importar com a respiração descompassada, mas as minhas mãos tremiam demais para conseguir usá-las.
As deixei cair, uma, duas vezes, e já não conseguia mais não chorar. Após algumas tentativas de encaixar a chave para abrir a porta, entrei no apartamento, indo para o cômodo mais próximo.
Blam! Bati a porta atrás de mim com força, escorregando pela mesma e sentando no chão. Aquela fora a gota d'água. Theó sempre fora mulherengo, era o que diziam, mas eu preferi acreditar naqueles lábios dizendo que me amavam. Mas hoje, eu cheguei ao meu limite. Não aceitaria uma traição, jamais.
Théo nunca foi perfeito, isso era evidente, principalmente em meio a todas as nossas brigas.
E eu, acabava sempre com raiva, trancada em algum cômodo, até que a mesma fosse embora, sem coragem para enfrentar o mundo lá fora. Dessa vez eu estava na cozinha. Levantei-me e decidi comer alguma coisa, enquanto conectava o pen-drive ao rádio que, por algum motivo desconhecido, estava em cima do balcão. Peguei a primeira barra de chocolate que estava guardada e voltei para onde estava sentada antes, me deixando ser levada pela melodia melancólica que tocava, deixando que as lágrimas presas há tanto tempo escapassem, fingindo não ouvir o barulho do outro lado, pois sabia que ele havia me seguido.Coloquei os braços nos joelhos, e abaixei a cabeça, desatando a chorar. Como o cara que eu tanto amava tinha coragem de fazer tal coisa? E com tantas pessoas no mundo, por que justo ele? Sempre odiei e evitei qualquer tipo de irresponsabilidade e de repente eu me vi apaixonada com a representação do mesmo em carne e osso. Simplesmente não conseguia entender.
- Eleanor... - era ele - Abre essa porta. - disse calmamente, nem parecia o cafajeste de minutos atrás.
- O que você quer? - respondi no mesmo tom, engolindo o chocolate que estava em minha boca e, sem perceber, soltando um último soluço.
- Por Deus, você está chorando? - bastou um segundo para que sua calma se transformasse em preocupação. Era onde morava sua fraqueza. Ele odiava me ouvir chorar.
- Acho que isso não te importa. - enxuguei os olhos com as mãos, ainda mantendo a calma em minha voz.
- Eu sou seu namorado, é claro que me importa. - seu tom estava ficando fraco e, à medida que as palavras saíam de sua boca, eu sentia meu coração bater cada vez mais rápido.
- E o que você quer que eu faça? - perguntei, já me arrependendo.
- Apenas... abra essa porta.
Fechei os olhos me perguntando o que deveria fazer, prestando atenção nos primeiros versos da música que acabara de começar. 'Você é cura, você é a dor. Você é a única coisa que eu quero tocar.' Pressionei os lábios, me identificando com a letra. Aquilo era verdade. Ele era a cura para o meu vazio, mas por que doía tanto? Isso é o que chamam de amor, certo? Algo que te faça bem, mas que tenha suas dores à parte. Sendo assim, está mais do que claro que... eu o amo.
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Exausto Devaneio
General FictionDesafio: ocasião ou grande obstáculo que deve ser ultrapassado; ato de instigar alguém para que realize alguma coisa, normalmente, além de suas competências ou habilidades. Mais uma coleção de textos, Gabriela? Sim! Em Exausto devaneio, ficarão tod...