Já se passaram três dias desde a minha reunião com Vanessão. Compartilhamos todas as ideias e planos para o Tequila. Mais tarde naquele dia quando eu cheguei na minha nova casa eu me toquei que minha vida estava prestes a mudar. E espero que seja pra melhor.
Agora estou no bar e não paro de ficar encantada com tudo. As luzes deixam o espaço como se estivéssemos em outra dimensão, as mesas estão estrategicamente colocadas em lugares pra deixar tudo mais espaçoso. Caminho até o pequeno palco onde quatro garotas estão sentadas conversando animadamente.
- Devem ser as garotas que contratamos - digo chamando a atenção delas que se calam no mesmo instante.
- Sim, são elas - uma voz atrás de mim diz e eu giro nos calcanhares pra encontrar Vanessão em toda sua glória.
Ela está linda toda de preto e com um salto que deixa ela bem mais alta do que o normal e eu automaticamente me sinto uma completa anã.
- Meninas essa é a Cristal - ela me apresenta. - A patroa de vocês.
Vejo a surpresa no rosto delas. Obviamente estavam esperando alguém com mais experiência, não uma mulher baixinha com apenas dezenove anos, tenho mais cara de colega de trabalho do que de patroa. O tempo está passando, penso ao me dar conta de que meu aniversário passou em branco e eu mal notei.
Vanessão vai até as meninas e apresenta cada uma delas. As duas morenas são Gabi e Maju, as duas não são da cidade e não pararam de agradecer pela oportunidade de estarem trabalhando comigo. A de cabelo azul se chama Ivete e pelos braços cruzados e o queixo pra cima logo percebi que havia uma marra ali. As três vão ser minhas garçonetes.
E também tem a ruiva que dentre todas parece a mais madura. Luna tem um sorriso fácil e é a única que não parece ser uma completa maluca igual as outras. Ela vai ser nossa bartender.
Depois das apresentações deixo a respiração que estava prendendo escapar. Eu estava com medo de que não fosse com a cara de uma delas, ou que uma delas não fossem com minha cara. Mas claramente isso não aconteceu e olhando pra cada uma delas eu soube que não preciso ter medo de fazer um lugar só com mulheres funcionar.
- Eu preciso saber se vocês sabem dançar - digo depois de alguns minutos ouvindo sobre a vida de cada uma delas.
Ivete passa a língua pelos lábios antes de soltar um risinho.
- Amor, você está em Los Angeles, quem aqui não sabe dançar?
- Eu estou falando de dançar pra valer, não só se remexer - digo colocando uma mão na cintura e me balançando pra dar ênfase.
- Acho que os três anos que passei fazendo jazz vai servir de alguma coisa - diz Maju dando de ombros.
- Eu e a Vanessão temos uma proposta pra vocês - digo e então ela começa a explicar.
- Eu e essa baixinha achamos que seria legal usar o palco pra fazer apresentações nos dias que a casa estivesse mais cheia - ela sorri ao subir no palco e fazer uma pose poderosa. - Todos os olhos vão estar em vocês enquanto dançam e fazem a dublagem da música.
- Todas nós de uma vez? - pergunta Luna parecendo interessada.
- Não necessariamente - respondo. - Cada uma pode ter o seu momento, mas apenas quando a casa estiver cheia e não vai ser o tempo inteiro.
- A gente vai precisar tirar a roupa nesse "show"? - pergunta Gabi fazendo aspas com os dedos.
- Meu Deus, não! - arregalo meus olhos. - Não quero fazer disso um bordel.
- Droga - ela diz fingindindo está chateada e eu deixo um riso sair.
- Eu tentei convencer ela a fazer um bordel, daria bem mais dinheiro que um bar normal - diz Vanessão descendo do palco e se colocando ao meu lado.
- Isso está fora de cogitação - reviro meus olhos com um sorriso no rosto.
Estou cercada de malucas. Mas de algum jeito estou na vibe delas. E pela primeira vez em muito tempo sinto que reencontrei minha família.
♡
- Você sabe que mais cedo ou mais tarde vai ter que dizer o que está sentindo pra ele, ne? - pergunta MK ao acompanhar meus olhos.
Estamos empacotando a mercadoria antes de mandar pra venda. Dei uma fugida do bar enquanto Vanessão ensaiava as meninas pra noite de estreia e vim até a casa do Ryan. Está as maioria do pessoal da facção aqui, exceto o Rodrigo que foi falar com os fornecedores de armas.
Ryan está no sofá conversando com alguns garotos enquanto MK e eu estamos na mesa da cozinha apenas observando eles enquanto fazemos nosso trabalho. E é do Ryan que MK está se referindo.
- Eu sei - suspiro. - Quando eu tiver tempo irei resolver isso.
- Ah, esqueci - ele abre um sorrisinho e diz em um sussurro: - Você agora é uma CEO ocupada.
Bato com o cotovelo em suas costelas e ele ri.
- Se alguém aqui escutar isso... - sussurro de volta deixando a ameaça pairar entre nós dois.
Antes que ele possa dizer alguma coisa o noticiário chama a minha atenção e em segundos estou de pé me dirigindo pra sala ao escutar a âncora falar "incêndio" e "boate" na mesma frase.
- Aumenta essa merda Ryan - digo e ele não hesita em obedecer quando a reportagem fica ao vivo.
- As investigações sobre o incêndio aponta que foi proposital - diz a repórter que parece está na porta da delegacia. - Estamos com o policial que acaba de prender os envolvidos suspeitos.
E então um policial começa a falar de como foi a operação. Mas eu mal consigo respirar, pelo visto os desgraçados foram presos e se eu souber quem é...
- Os dois suspeitos tem uma longa ficha criminal - diz a repórter e logo a foto de dois caras aparecem na tela.
E meu corpo inteiro congela. Porque um deles é o Rodriguinho.
Pisco uma, duas vezes.
Ele não teria coragem de colocar a vida de várias pessoas daquele jeito em perigo. Vidas que nem estão aqui pra contar a história, que se foram pra sempre. Ele não seria capaz de fazer isso. Seria? Me recuso a acreditar nisso.
- Desgraçado - escuto MK dizer ao meu lado mas sua voz está distante.
- Os suspeitos serão detidos aqui até o dia do julgamento, que será em quinze dias - diz o policial. - Depois disso serão encaminhados para a prisão.
Meus olhos logo reconhece em qual delegacia ele está e meus pés automaticamente vão para a porta paro somente pra pegar minha bolsa e casaco.
- Onde você pensa que vai? - pergunta MK com a respiração ofegante, parece que correu pra me acompanhar.
- Vou até a delegacia, preciso ver o Rodriguinho e tirar essa história a limpo - digo e então coloco minha arma em sua mão. - Toma a conta disso.
- Você enlouqueceu, Cristal? - ele ruge. - Ele vai pagar pelo que deve.
- Se ele fez mesmo o que está sendo acusado de fazer - digo sentindo um bolo em minha garganta. - Tenha certeza de que ele vai ter o que merece e não vai ser pelas mãos desses Steve.
Entro no carro e piso fundo no acelerador.
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Cristal Giorno - O Recomeço
Fanfiction⚠️ATENÇÃO ⚠️ O conteúdo a seguir é uma obra feita por mim. Continuação do primeiro livro Depois da morte do Viana, Cristal vem tentando seguir em frente, mas ainda há várias lacunas pra preencher. Os verdes tem algum envolvimento com a morte do seu...