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Uma semana após a inauguração do Tequila e ainda não tivemos baixas nas pessoas que vieram comparado ao primeiro dia. O lugar é agradável e todos adoraram as apresentações das meninas. Mais até do que eu esperava. No exato momento as cinco estão no palco.

Vanessão está dublando algum sucesso dos anos 50 enquanto as meninas dançam atrás dela. Todas no palco significa uma coisa: mais trabalho pra mim. Jogo uma garrafa semi cheia pra cima que faz duas cambalhotas no ar antes de eu pega-la novamente. Abro um sorriso satisfeito, pelo menos essa não ispatifou no chão como as outras no meu treino.

Pedi a Luna que me ensinasse o básico do que ela sabe, é muito perfeito. Ela faz uma espécie de malabarismo com as garrafas, joga por baixo das pernas, as vezes roda enquanto joga pro ar, faz isso até com duas garrafas ao mesmo tempo! É uma coisa fascinante de se ver e não pensei duas vezes antes de pedir pra ela me ensinar algo já que eu tenho que ficar no bar enquanto elas estão no palco.

Não achei que teria que contratar novas meninas tão cedo assim, mas como as coisas estão indo, preciso de mais gente no salão atendendo as mesas. Encho dois copos de tequila e entrego para o cara a minha frente.

- Estou impressionado - uma voz muito familiar grita pra mim chamando minha atenção.

Ryan está ali com sua camisa amarela favorita e me olhando com as sobrancelhas no alto. Ele está sentado em um dos bancos e por sua postura parece está me observando a bastante tempo. Eu deveria está concentrada demais em não quebrar a garrafa pra notar sua presença, respiro fundo antes de deslizar até está frente a frente com ele.

- Quando ia me contar que está trabalhando aqui? - ele pergunta e eu quase solto um riso de escárnio.

Talvez eu deveria contar sobre isso nas várias conversas saudáveis, aquelas quando você nota a minha presença. Sinto vontade de dizer isso, mas não quero nenhum drama familiar hoje. Respiro fundo.

- Eu teria contado se você tivesse dado algum espaço - minha voz sai tranquila e eu repouso a garrafa que estava em minha mão no balcão.

- Eu estou sendo um péssimo irmão, eu sei - ele suspira e encara o mármore preto que nos separa. - Mas logo as coisas vão voltar a ser como eram, eu prometo.

- Ryan, as coisas não vão voltar a ser como eram nunca mais - fecho minhas mãos em punho. - Nada do que aconteceu é reversível, você deveria ter ficado ao meu lado ao invés de ter me afastado.

Olho em volta, mas todos parecem apreciar a apresentação, ninguém pedindo bebida e fico chateada com isso, tudo o que eu queria era um motivo pra sair dessa conversa.

- Sabe, eu ainda tenho esperanças de refazer nossos laços - ele pega a minha mão fazendo meus dedos relaxarem do aperto. - Você é a minha irmã, eu deveria pensar na família antes de qualquer coisa.

- Terá que se esforçar pra recuperar esses laços, Ryan - solto minha mão da sua. - Só frases de efeito não vai consertar os dias que eu precisei de você.

- Certo, certo - ele diz passando a mão rejeitada pelo cabelo. - Mas pra isso você vai ter que abaixar a guarda.

Faço uma careta quase rindo. O desgraçado está falando sério.

- Eu vou abaixar um pouco - reviro meus olhos ainda com um sorriso. - Mas se você for um escroto novamente...

- Já entendi - suas mãos se suspendem rendidas.

A música muda pra uma bem recente, isso quer dizer que o show acabou. Então os caras voltam a me chamar para atendê-los. Ryan ri quando eu peço desculpas e me afasto, mas não sem antes dizer que nossa conversa ainda não acabou.

Cristal Giorno - O Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora