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Os saltos da minha bota estalam pelo piso quando avanço para a recepção da delegacia.

- Eu gostaria de ver o Rodriguinho – digo para a moça da recepção que me olha assustada por causa do meu tom urgente. – Agora.

Ela solta um pigarro se recompondo.

- O Senhor Rodrigo foi preso esta manhã e ainda não pode receber visitas – ela informa.

Reprimo um rugido de raiva e chego mais perto dela estreitando os olhos.

- Você não está entendendo, eu preciso ver ele agora mesmo – mal reconheço a minha voz.

- E eu já disse que não vai ser possível, então por favor se retire antes que eu chame alguém pra retira-la.

Pisco algumas vezes por causa da audácia dela de me ameaçar e fico chateada por ter deixado minha arma com o MK. Uma coronhada nessa cara cheia de base dela seria uma ótima opção. Insisto mais um pouco e ela chama alguns policiais. Reconheço um deles, o que estava na TV e ele parece tomar liderança do assunto.

Ele está sem o boné que usava mais cedo e consigo ver que seus cabelos são tão loiros que quase chega ao branco,  bem curto dos lados. Noto que ele é bem mais alto do que eu, mas isso não me intimida nem um pouco.

- O que está acontecendo aqui? – ele pergunta olhando de uma pra outra.

- Essa senhora – digo apontando para a recepcionista. – Não quer deixar eu ver o Rodriguinho.

- E qual o seu grau de parentesco com ele? – ele pergunta levantando uma sobrancelha.

Esse pequeno gesto fez o meu sangue ferver. Eu realmente perdi o jeito de falar com esses coxinhas civilizadamente. Idiotas.

- Eu sou uma amiga próxima – respondo. – O que eu preciso falar é urgente.

- Eu sou o Quaresma e estou responsável pelo caso – ele cruza os braços. – Porque não diz pra mim antes de falar com ele?

- O que eu tenho pra falar não é da sua conta – cuspo as palavras cruzando os braços.

Ele abre um sorriso cínico e levanta as mãos pro alto claramente tirando onda da minha cara.

- Calma aí, nervosinha. Ou vou ser obrigado a levar isso como desacato à autoridade.

Desacato? Eu vou mostrar a ele o que é um desacato. Dou um passo pra frente cerrando os punhos com força.

- Eu só quero ver meu amigo, saber o porquê dele está sendo acusado dessas coisas – digo sentindo minha boca seca e o coração bater mais forte.

- A única coisa que posso te dizer, é que ele foi visto rondando a boate antes do acontecido – ele dar um passo na minha direção. – O que significa que ele é um dos principais suspeitos de colocar fogo intencionalmente.

- Isso é ridículo, não pode tirar conclusões precipitadas assim! – aperto mais a mão e descubro que estou gritando graças a dor em minha garganta, mas não estou dando a mínima.

É claro que ele estava rondando e era por causa da Chloe. Isso é bem óbvio. Eles só querem um pequeno motivo pra condenar as pessoas erradas, não que eu ache o Rodriguinho cem por cento inocente, mas preciso ver as duas faces da moeda.

Cristal Giorno - O Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora