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Quando Vanessão dar o ar da sua graça em minha sala, estou quase finalizando uma planilha. Aquele curso na escola teve seu resultado.

- Juro que só se passaram dois minutos – diz ela com um sorriso ao sentar na cadeira a minha frente.

- Os dois minutos mais longos da minha vida – digo entrando na onda.

A verdade é que ela ficou quase uma hora conversando com as meninas e agradeci mentalmente por ela ter me dado um tempo sozinha e não ter obedecido ao meu pedido. Ela parecia saber que eu precisava desse tempo e por isso ao me encarar com um sorriso encorajador eu agradeço aos céus por ter encontrado ela.

- Desembucha, Giorno – ela diz se esparramado na cadeira.
- Falta quatro dias para a inauguração e precisamos agilizar nosso trabalho – coloco meu cotovelo no braço da cadeira pra apoiar minha cabeça na mão.

Ela solta um ar pesado e enrola uma mecha rosa no dedo.

- Venho trabalhando nisso, tenho um contato que descobriu com quem sua atual facção trabalha e podemos nos aliar aos rivais deles para não haver problema pra você.

Pisco incrédula. Quando conheci Vanessão ela era apenas uma compradora que eu sabia muito bem que apenas revendia minha mercadoria. Nós tínhamos um segredo: ela comprava, revendia por um preço maior e no final compartilhavamos o dinheiro da revenda.

Eu não fazia ideia de que ela era uma pessoa tão influente pra ter esses tipos de contatos. E mais uma vez agradeço por ter tropeçando nela.

- E você acha que quando as coisas começarem pra valer elas vão ficar? – pergunto indicando com a cabeça as meninas lá fora.

- Eu soube muito bem a quem capturar pra isso – ela dar de ombros.

– São meninas sem raízes, não vão pensar duas vezes antes de aceitar a ideia.

- Assim espero – mordo o lábio e logo sinto a pequena ferida que fiz ali mais cedo e recuo os dentes. – Com quem vamos trabalhar, afinal?

- Com a Los Cuervos, eles são fornecedores de armas – ela se apressa em explicar mas sei muito bem de quem ela está falando.

As pessoas sussurram sobre eles. São caras arrogantes com espírito justiceiro que não levam desaforo pra casa. E completos babacas que se acham os donos da cidade.

- Acha mesmo que eles são as pessoas certas? – pergunto e ela balança a cabeça.

- Não precisamos ser melhores amigos, apenas compramos e eles não vão ter do que reclamar.

- Espero que eles não sejam um problema – digo passando a mão por meu cabelo. – E os fornecedores de drogas?

- Está olhando pra ela – ela diz abrindo um sorriso enorme. – Conheço um cara.

- Vanessão... não sei se é uma boa ideia.

- Teremos nossa própria droga e venderemos pra nós mesmas, o que você acha de ruim nisso? – ela pergunta. – Seremos uma perfeita facção, formada apenas com mulheres. Sabe o quanto isso será revolucionário?

Coloco os dedos na têmporas esperando sentir a dor, mas ela está abafada pelos comprimidos que tomei mais cedo.

- Espero que a gente não brigue por causa de sapatos e brincos – deixo escapar um riso desanimado.

Cristal Giorno - O Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora