Cristal Giorno - O Recomeço

11

No mesmo momento que registro o que ele acabou de dizer sinto a presença do meu revolver queimar no lugar onde está, olho pra trás começando a sentir os primeiros indícios da adrenalina subirem por minhas veias. Olho pra trás e ao longe está um conversível nos seguindo, sei disso pois ele está trocando a faixa junto com Cold e virando nos mesmos lugares.

- Por que você está sendo seguido?

- Talvez alguém tenha ficado irritado comigo nessa última semana - ele ri ao virar uma esquina cantando pneu pelo movimento.

- Isso não tem graça! Você está com a cabeça em prêmio ou algo assim?

- O que? - ele me lança outro olhar rápido. - Eles só devem ser idiotas que reconheceram o carro e viram que estou sozinho.

Certo. Limpo minha mente. Quero conversar direito com ele, mas isso não deve ser o melhor a se fazer com um carro correndo 140km/h e furando sinais vermelhos.

- Pega a próxima saída sentido ao banco de paleto - digo olhando por cima do ombros. - La tem menos trânsito.

Ele me olha mais uma vez antes de fazer o que estou pedindo. Cold se inclina e abre o porta-luvas tirando um 38 de lá. Meu queixo vai ao chão, pelo visto eu não fui a única a guardar informações.

- O que você acha que está fazendo? - grito ao ver ele abaixando o vidro.

- O que você acha que estou fazendo?

- Está colocando nossa vida em risco!

Sua expressão é de desculpas quando ele me olha mais uma vez. Ao inferno com a identidade secreta. Pego minha arma da bainha e vejo a expressão dele mudar quando eu puxo seu 38 de suas mãos. Retiro meus saltos com dedos rápidos e ágeis.

- Você só vai nos matar se atirar e dirigir ao mesmo tempo como um louco - verifico a munição de sua arma. - Acha que estamos no gta ou algo assim?

- Eu acho que estou completamente apaixonado - ele diz alternando seu olhar entre mim e a estrada.

Dou risada ao dar o diagnóstico de louco a ele.

- Abre o teto solar e diminui essa lata velha.

- Não sei se isso é uma boa ideia - ele diz quando eu retiro o cinto e fico agachada no banco.

- Faz o que eu tô falando e deixa a cavaleira salvar a pele do Princeso.

- Muito engraçado - ele diz acima do zumbido do teto se abrindo.

- Diminui e quando eu terminar pega a primeira saída pro shopping mais próximo.

Espero ele diminuir e o conversível ficar mais próximo de nós. Destravo as armas antes de emergir pelo teto solar. Agradeço pelo vento está ao meu favor e jogar meus cabelos pra trás quando emerjo rápido pelo teto solar vislumbrando nossos seguidores, atiro mirando os pneus da frente e os faróis. Quatro tiros, dois de cada arma, totalmente precisos. Fico orgulhosa de mim mesma quando o carro gira na pista e eu volto pro banco.

Cold canta pneu ao virar e ele está balançando a cabeça com um sorriso enorme. Não faço ideia do que está passando por sua cabeça quando ele entra no estacionamento do shopping e para em uma vaga escondida. Não percebo o quanto estamos subjugados pela adrenalina até ele desligar o carro e o único som seja nossas respirações audíveis. Guardo nossas armas em seus devidos lugares.