Capítulo 3

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Laurinda Laia
( parte 1 )

Quando eu era criança apenas sonhava em ter uma família e cuidar dela sem ao menos pensar nas consequências. Queria ser como a minha mãe que tanto lutou pra me dar a atenção e amor, não como meu pai que só queria a melhor educação pra mim sem ao menos querer saber o que eu na verdade precisava. Se " boa educação" foi a maneira dele de demonstrar o quanto me amava, o quanto se preocupava comigo, então eu retribuí, eu valorizei da melhor forma possível. Hoje eu sou uma empresária bem sucedida e actuo no ramo imobiliário desde os meus dezesseis anos tal como o meu pai. Tenho negócios no país e no exterior, e o que isso me custou?
Custou-me adolescência! Hoje me arrependo por não ter seguido os conselhos da minha mãe, que Deus a tenha. " o mais importante na vida não é querer ter, mas sim em quer ser". Hoje eu tenho tudo que almejei; dinheiro, trabalho, carro, casa e família. Casei-me com os meus vinte e cinco anos.

Leo Laia era filho do amigo do meu pai, conhecemo-nos num jantar em Moçâmedes juntos com os nossos pais, num jantar de negócios. Na verdade aquilo parecia mais um encontro arranjado do que um jantar de negócios. Seus olhos castanhos claros não paravam de me olhar, fiquei toda constrangida sem saber o que falar e o que fazer. Ele era o sonho de qualquer mulherer, ele era rico, ele era magro, ele era alto, ele era bonito, ele era tudo! Mas não tudo pra mim. Eu queria mais, e esse mais ele não tinha, não fazia parte do pacote. Apesar de me permitir ser influenciada pelo meu pai, ainda era a favor dos ensinos da minha mãe. Ela dizia sempre que eu devia casar com homem que realmente eu gostasse, pra casar por amor e não por outros interesses. E eu não gostava do Leo, mas meu pai me obrigou a casar com ele e me proibiu de desobedece-lô, dar-me as costas, tirar tudo e fazer a minha vida um inferno caso eu o desobedessesse.

Eu amava o meu pai, não queria desobedece-lô, então sem querer... me casei depois de seis meses. "Foi um lindo casamento!..." era isso que as pessoas diziam sem ao menos ver o que estava dentro de mim; tristeza corroendo o meu coração, lágrimas correndo por dentro, mil facadas no coração de uma única vez quando ouvia aquilo das pessoas, mas não lhes culpo, quem saberia que aquilo, tudo lindo, a noiva supostamente feliz, seria na verdade um casamento arranjado?
O casamento falso estava me matando, queria fugir mas era impossível, apenas tinha em mãos o buquê me lembrando que era a noiva e que não poderia abandonar a festa sem o noivo. Mas a parte mais horrorosa, dolorosa e triste ainda não tinha acontecido. Eu sabia que viria a qualquer momento e isso me matava.

Quando chegou, apenas fechei os olhos, torci pela rapidez do tempo, pelo descansar sedo da lua, pelo levantar prematuramente do sol. E a partir daquela horrorosa noite, a minha vida mudou drasticamente.

***

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