Não foi sua culpa

Capítulo 5

Marta Vasconcel
( parte 1 )

O meu mundo era rosa! Tão rosa que inibia outras cores mesmo depois de as conhecer. Preto e vermelho eram apenas cores, e mais nada! Agora tornaram-se no meu único mundo despedindo o rosa sem aviso prévio. Sinto-me só, sempre quando estou em casa, tão só!, que é difícil pensar que algum dia eu tinha com quem conversar. Meus pais não eram lá o que eu pensava na infância.

Maria e Bento Vasconcel são o que eu mais temia na infância. Até que converso com a minha mãe, às vezes, mesmo sabendo que ela não me entende. Passaram tanto tempo fora que nem sequer se deram conta que a filha deles cresceu, cresceu tanto que já não quer dinheiro, coisas caras, mas quer atenção, amor e um tempinho.

Se desse para voltar ao ventre, eu não me permitiria ser nascida. Nascer pra quê?, o facto de eu vir ao mundo só, não queria dizer que tinha que viver só, ter alguma coisa para compartilhar e perceber que ninguém o queria.

Meu pai viajara pro exterior,  abandonou -nos pra ser mais exacta!, tenho tanto ódio dele por ter feito isso, eu queria que ele estivesse aqui, em Luanda, comigo e com a minha mãe. Mas não importa, né? Eu já estava acostumada! Mesmo quando ele estava em Luanda, não o via frequentemente, era só saídas atrás de saídas.
Mas quase tudo mudou quando conheci a Luna, uma garota meiga, inteligente e que tem quase a mesma vida comigo. Conhecemos-nos no Colégio Aurora, dando-me a oportunidade de viver de novo, de  sentir a sensação de se ter alguém ao lado, um amor incondicional. Amo a Luna!, não sei como seria a minha vida sem ela, mesmo quando chego em casa, sinto-me feliz de ter passado mais um dia com ela. Já não sou aquela garota triste, que os empregados da minha casa pensavam, que diziam que não havia sentido de estar, pois tinha uma vida perfeita.

Comecei a namorar um garoto no colégio, um garoto que Luna não gosta assim tanto, razão pela qual ainda não lhe disse. Sinto-me tão mal por isso.

***