Canções à Lua

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Ártemis segurou a mão de Órion e o levou aos céus, pegando carona nos raios luminosos da lua

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Ártemis segurou a mão de Órion e o levou aos céus, pegando carona nos raios luminosos da lua. Voaram na noite fresca, sobrevoando a longa floresta até chegar à beira de um rio, onde se erguia uma pequena cidade.
- Essa é Illinel. Ouvi orações de muitos fiéis vindas dessa cidade há semanas - disse Ártemis.
- Não deveria ter vindo ajudar, então?
- Não poderia. Esse é um assunto de Afrodite, então achei melhor não me envolver. Mas se um mortal ajudar, não haverá problema. Vou deixá-lo aqui. Pergunte aos moradores os problemas que andam enfrentando; resova-os e volte para onde nos encontramos.
Eles ainda estavam à vinte metros de altura quando Ártemis soltou a mão de Órion, que chegou ao chão como se tivesse saltado do terceiro degrau de uma escada. Ao olhar para cima, viu Ártemis se afastando, lumisosa como uma estrela cadente.
- Esse presente será meu - falou para si mesmo, apertando o cabo da lança e seguindo em direção à cidade.
Era estranho não haver nenhum guarda no portão, e muito menos fazendo a segurança dentro da cidade. O lugar estava silencioso, onde a única luz que afastava as sombras da rua vinha da lua. Se tivesse chegado mais cedo, teria ficado sabendo que todos já estavam em casa antes do sol se pôr, e nenhuma porta se abria até que o sol voltasse a nascer.
Órion começava a pensar se deveria chamar alguém para obter inflamações, ou se deveria esperar o amanhecer, quando ouviu o berro desesperado de um burro. Correu com a lança em punho, chegando a um curral. A cerca havia sido destruida, e dentro havia três lobos grandes como cavalos. Um era negro como uma sombra, o segundo, branco como osso seco, e o terceiro era cinzento, como se misturasse a cor dos outros dois. Eles estavam sobre o burro, comendo sua carne enquanto ele apresentava seus últimos movimentos de vida.
Foi quando o lobo branco o avistou, fitando-o com seus olhos vermelhos e cheios de fúria. Mostrou os dentes vermelhos de sangue e rosnou. Órion não se deixou intimidar, segurou firme a lança e esperou o ataque. O lobo branco entendeu o desafio, e confiante em seu tamanho e poder, correu para cima de Órion, com os dentes à mostra, pronto para matá-lo. Mas Órion agiu rápido, girou o corpo e arremessou a lança na direção do lobo, atravessando seu olho esquerdo, matando-o instantaneamente. O lobo caiu no chão, arrastando-se na terra poeirenta, criando uma poça de sangue sob seu corpo.
Os outros lobos não souberam como reagir. Encararam Órion com os dentes à mostra, rosnando e decidindo se atacariam. Enquanto isso Órion permanecia em posição de batalha, com a mão na faca de caça, esperando o ataque raivoso dos animais.
Após um longo minuto se encarando, os dois lobos viraram as costas para o companheiro morto e correram de volta à floresta. Pouco depois foi possível ouvir os uivos dos lobos, um lamento pelo seu companheiro caído.
Mesmo com todo o barulho do lado de fora, nenhuma porta foi aberta, nem mesmo um rosto veio bisbilhotar pela janela. Quando Órion bateu nas portas, pedindo que alguém viesse falar com ele, ninguém apareceu. Sem poder fazer mais nada, Órion armou uma fogueira ali mesmo, no meio da cidade, e começou a assar a carne do lobo.

 Sem poder fazer mais nada, Órion armou uma fogueira ali mesmo, no meio da cidade, e começou a assar a carne do lobo

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