Entre trapalhadas como se dorme?

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   Ezra em casa, Juniper estava no mercado ajudando sua mãe nas comprar, era início da tarde enquanto tudo acontecia. Encucado procurou Bianca no grupo da escola, não é difícil quando seu nome está estampado no grupo como administradora, mas ela não era tímida e sem amigos? Enfim.. Não era isso que declarava a personalidade para ele, mas já tinha uma mensagem dela lá:

   Bianca: oii! add ae

   Ezra: ah pode dxar 👍

   Ja estava feito, um pequeno ponto de referência estava criado, era só aguardar e pra aguardar era só pegar no sono, e assim o fez. Dormiu e quase nem sequer lembrava do sonho que teve naquela manhã afinal são apenas sonhos, criações do nosso subconsciente não é?

   Enquanto isso Juniper pulava com o sabão em pó nas mãos, era 16,90 a inflação estava alta.

   — Menina pare de rodopiar, eu sei que você é meiga e doce, mas não é um conto de fadas né

   — Eu sei sim. Vou buscar o arroz. - Disse ela ficando murcha num instante, porém quando virou o corredor, voltou a pular e pulou alto demais, tão alto que bateu de cara na prateleira com óleo de cozinha. Desacordada, os guardas do mercado foram socorre-la, sua mãe que viu todo o alvoroço foi atrás para saber do que se tratava e viu sua filha lá, com um baita galo na testa estirada no chão.

   Desesperada, chamou uma ambulância que demorou meia hora, mas como mãe não perde tempo acabou levando ela de carona num hospital perto em que uma das pessoas do supermercado lhe ofereceu o carro. E assim foram, mas enquanto estava inconsciente se viu no mesmo jardim, não queria estar lá, então ela estava num gramado num eterno pôr do sol lilás. Estava tudo tranquilo, mas queria acordar, se questionava o que estava acontecendo e o que aconteceu.

   Estava sentada no chão tomando um refrigerante de cola, lembrava de sua mãe lhe dizendo que rodopios não fazem parte da vida comum, que o mundo não será e não é um conto de fadas, mas o que custa deixar ele um pouco mais bonito? Nem todo mundo é feio, triste e raivoso, achamos. Mas, Ezra estava no mesmo lugar e não vai demorar muito pra Juniper perceber isso.

   Ezra estava pensando demais na Bianca, quando é muita esmola o santo desconfia, então não seria surpresa se visse ela em seus sonhos. Ela estava em seu lugar, sentada na última mesa com seu moletom preto e comprido de cara emburrada e olheiras profundas, chegou até ela e não disseram uma palavra sequer. Se viu descendo na sua ladeira, ela estava vivendo igual a ele, e ele questionava o fato de ela o ignorar e não poder falar, quem sabe ele estaria deixando seu ego de lado e vendo como todos se sentem a sua volta, mas é razão pra outra hora. Desceram até o fim da ladeira, Bianca sumiu e ele estava naquele gramado verde e céu lilás, sozinho.

   Juniper cantava quando ele ouviu a música Belong to me tocar, parecia a voz daquela menina que havia sonhado hoje de manhã, e que de fato era. Não perdeu tempo e seguiu a melodia, até chegar nela, que estava com um vestido rosa bebê com flores brancas nas mangas que chegavam até o cotovelos, seus cabelos que eram cacheados até o pescoço estavam lisos até o ombro. Ela sentiu sua presença, achou que era destino, que poderia ser um anjo ou poderia estar morta, então não se incomodou com ele invadindo seu sonho pra quem bateu com a cara na prateleira né? Quem seria ela para julgar.

   Olhou para trás, Juniper estava surpresa tanto quanto ele ao se reencontrarem:

   — Sente-se aqui, eu estou pronta pra verdade.

   — Verdade? Que verdade? Se for o caso quero ouvir a sua.

   — Ah, eu não tenho verdade nenhuma achei que você teria alguma mensagem dos céus dizendo que eu morri ou algo do tipo, hellou? Olha a hora eu não estaria dormindo no auge de uma tarde numa segunda feira. *shy laughs*

   — Mas eu posso justificar, eu caí no sono e pensei que não iria ver mais você.

   — Coca?

   — Valeu.. O que a gente tá fazendo junto aqui?

   — Não sei, é até muito interessante projetar você na minha mente e ser tão real quanto um personagem poderia ser, eu tô me superando.. Agora mensagem dos céus? Que ideia tola, aliás eu sou cheia de ideais tolas. - Disse Juniper, que agora carregava um olhar triste.

    — Eu já tive ideias piores, então já que não estou fazendo nada relacionado a realidade talvez eu possa conversar com você. Se importa?

    — Não me importo desde que ouça os meus problemas também.

   — Por mim beleza, então.. eu não sou muito de falar na realidade e hoje teve uma menina pra falar comigo depois do colégio e sinceramente, ela parecia muito legal mas eu tô desconfiado, acho que não tem alguém que gostasse de mim no dia a dia ou algo do tipo e meu medo é..

   — Alguma pegadinha? Eu sou a rainha dos clichês, você é o menino isoladinho da classe que é assim por um motivo desconhecido. Eh.. Seu casaco preto e as olheiras entregam. Desculpa..

   — Saquei mas não me ajudou em nada.

   — Se entrega, vive o que não pode viver, mesmo que tenha decepções.. Elas ainda vão servir pra algo.

   — Quem sabe. E você? Você disse que não tava dormindo, e o que você tá fazendo aqui?

   — Hm.. Voce vai rir.. mas eu bati com a cabeça na prateleira de oleo do supermercado enquanto eu pulava que nem uma palhaça sem motivo ou razão aparente. -  Disse tapando seus olhos com as mãos.

    E obviamente Ezra caiu na gargalhada, mas como uma menina brincalhona, riu da própria palhaçada. Ela riu tanto que começou a ter dor de cabeça:

   — Será que a Coca tava gelada demais ou algo assim? Porque minha cabeça tá doendo. É só eu?

   — Acho que é só você mesmo, você tá legal?

   — Não, será que eu vou morrer?

   Sua cabeça doía cada vez mais até que ela acordou na cama do hospital, sua mãe estava debruçada em sua perna esperando que ela acordasse e quando viu Juniper de olhos abertos foi a loucura:

   — Minha filha!! Você tá bem? Olha o trabalho que você me dá, onde você tava com a cabeça. Mas tá sentido alguma coisa? Chamem o médico. - Disse ela com seu humor oscilando.

   — Só minha cabeça tá doendo mas eu já posso ir pra casa.. Não sei onde eu tava com a cabeça.

   — Bom agora tá com a cabeça no lugar espero. - Disse o medico que apareceu de repente assinando sua alta.

   E assim foram pra casa, sorte é que sua mãe não esqueceu das compras já que quem estava no mercado ajudou na fila do caixa quando ela saiu. Foram de carro, chegaram em casa e então Juniper finalmente pensou em Ezra. Como e quem ele era, como sua mente poderia se manipular em algo assim. Gostou dele, poderia ser um bom amigo e nisso ela abre um sorriso.

   Já Ezra pula da cama, da uns 5 minutos e ele se adapta a realidade, assim ele se joga na cama novamente desejando que ainda estivesse junto dela. E se pegou pensando nela, sobre quem poderia ser e como parecia alguém interessante, nunca conversou e nem falou com alguém assim antes, fora do comum mas.. Ele não sabia ao certo dizer, estava certo de que queria vê-la de novo.

Quando eu dormir..Onde histórias criam vida. Descubra agora