Dormindo mais um dia, sonharam juntos novamente. Só que dessa vez foi um pouco diferente. Juniper estava num parque com um monte de crianças pequenas, era muito babona de crianças então cumprimentou cada uma delas, até que chegou numa árvore, sendo ela mais verdes que as outras. Nela estava um menino, aquele menino, sozinho.
— Esperando alguém? — Disse Juniper. Se sentando junto a ele.
— Talvez, eu estava esperando outra pessoas, mas.. deixa pra lá, o que raios ainda faz aqui?
— Meu Deus, raios? Ok, eu estava fazendo o que faço de melhor, batendo com a cabeça nas paredes. Mas na verdade isso não é um orgulho pra mim. Sabe que, ser engraçada, ser do mundo e das cores.. É real, mas não me satisfaz, mas ajuda nas cicatrizes, nas mágoas.. Se você souber falar comigo, eu te conto todas elas Ezra. Ezra.. Nome engraçado. — Era a primeira vez que ela dizia o nome dele, tinha um efeito diferente na sua boca, como se estivesse comendo chocolate meio-amargo (ela amava chocolate meio-amargo).
E assim dispuseram a conversar durante uma noite toda, contaram suas situações mais cabulosas, piadas mais engraçadas e apreciaram a vista da infância:
— Por que um parquinho?— É.. Muito delicado pra mim, me faz lembrar muito de quem eu era antes...
— De você gostar desse moletom preto? Eu vi os seus olhos brilharem de vez em quando. Olha, é muito especial pra você, eu não vou me meter.
— Não me leve a mal.. Se você continuar aparecendo quem sabe eu te conte as marcas da vida, as dores que carrego. — Disse no tom de brincadeira.
— Seu tonto, vamos andando?
Ao andarem pelo parque, ambos puderam ouvir sons do ambiente externo do seu subconsciente, seja alarmes, mães ou pais lhe chamando. Suas visões ficam turvas, é o sinal de que mais um dia começa.Depois disso, não ficaram mais longe um do outro, mas passaram a se encontrar em lugares pouco típicos de sua vida. Seja num castelo, num parque de diversões, num spa ou até em um supermercado, mas sempre sendo alegres e gentis um com o outro, não brigaram desde então. Se uniram e se completaram como amigos, foi uma relação muito saudável, tanto que Ezra estava vestindo cinza.
— VOCÊ TÁ DE CINZA?! — Disse Juniper o abraçando e caindo em cima dele.
— E você de preto.
— É sempre bom inovar um pouco o guarda roupa.
As olheiras de Ezra diminuíram, ele não acordava de madrugada e nem dormia tarde, estava mas ativo do que nunca esteve pelo simples fato de Juniper mante-lo num sono saudável, mas ela nem sequer sabia disso. A ligeira frieza de Ezra fez Juniper encarar a vida como ela é, aprendeu que saltitar, cantar, mudar o mundo ou ser alguém melhor espalhafatosamente tem hora e lugar, e isso é só na novela das 20h.
Porém, o tempo é misterioso, passa diante dos nossos olhos e já se passaram 4 meses.
Catarina acordou sua filha, disse que já estava tudo pronto e elas iriam para a Zona Norte do Rio de Janeiro e suas malas estavam prontas e a estrada também, foi uma viagem de 3h30m. Enquanto Ezra estava na escola pensando em o que faria de bom hoje pra contar para Juniper.
Alias, sua amizade com Bianca melhorou muito, Juniper o encorajou muitas vezes até que ele conversasse com ela e criasse um bom laço com ela. E assim o fez, descobriu que por coincidência gostava de Foster the People, Melanie Martinez, The Neighborhood, Clairo e enfim.. Muito mais fatos em comum do que imaginavam, se conectaram de imediato, eram quase que perfeitos, mas nem Ezra nem Bianca estavam prontos para avançarem no limbo entre amizade e amor, na verdade nunca pensaram nisso. Pelo menos por um tempo.
Era mais uma noite sonhando juntos, ambos decidiram contar suas novidades, agora Juniper estava morando com sua mãe numa casa nova, logo iria estudar em um novo colégio. Ezra contou que ele e Bianca haviam se tornado melhores amigos, agora a tempestade de sua mente havia se tornado um clima.. nublado! Eles estavam fechados um com o outro, compartilhando seus mesmos ideais. E assim, terminaram uma noite juntos na beira da praia bebendo suco de limão.
— Seria legal se fosse pra minha sala, ia ser nós três contra o mundo, aposto que a Bianca ia adorar conhecer você. Mas vem cá, onde você morava.. Tinha alguma amiga ou algo do tipo?
— Sabe, eu tinha mas quando eu repensava bem minha vida, eu via que era superficial demais, era o tipo de coisa que me fazia bem mas não dava pra levar pra vida toda. Então eu só me afastava.— Eu não sabia, você podia ter me dito antes.
— Mas isso ia te encorajar a fazer o mesmo que eu, me afastar. Eu não quero isso pra você.E assim já era 6h30m da manhã de outra segunda feira. Seria a mais estranha e agitada de todas.
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Quando eu dormir..
Teen FictionUm sonho une duas almas gêmeas, como irão lidar com isso, você pode saber se ler comigo. Acredite é uma surpresa tanto pra mim quanto será pra você eu acho.