Capítulo 1: Ahn Je-hyu

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2 de janeiro de 1945, o mundo vivia uma guerra iniciada pelos alemães desde 1939. A península coreana, até então unida, era, desde 1910, propriedade japonesa. O mundo estava queimando e a guerra que parecia infinita, estava acabando, a criadora dessa guerra, a Alemanha, estava mais fraca que nunca, mas o Japão resistia.

Ahn Je-hyu tinha 15 anos nessa época. Seus pais, Ahn Seo-woo e Jo Nan-ah, eram tudo aquilo que ele tinha. Alguns meses antes eles haviam saído de sua casa - na capital - e foram morar na antiga casa de seus avós, em uma cidade que ele nem sabia o nome, nem conhecia ninguém. Desde que chegara, ele nunca saíra de casa.

Sua vida era simples, ele acordava e ajudava sua mãe em casa. Ele já tinha estudado um dia, porém - com o começo da guerra - ele parou e nunca mais voltou.

Sua mãe era um doce de pessoa. Amável, acolhedora, honesta e bonita. Tinha seus 40 anos, infelizmente nem a beleza que tinha escondia suas marcas da vida. Com o começo da guerra, o estresse tomou conta de sua vida. Após a morte de seu filho mais velho isso piorou, ela ganhou um olhar profundo e perdido, seu corpo podia estava ali, mas sua alma, esta já havia morrido há muito tempo.

Seu pai era um exemplo. Trabalhador, tão amável e honesto quanto sua mãe. Ele - que era o provedor da casa - trabalhava o dia todo, sete dias por semana. Trabalhava para o governo, já que se recusara a ir à guerra atestando ter que cuidar e sustentar sua família - essa realmente era a verdade, mas, no fundo, ele não queria defender um país que fez seu povo de escravo. Ele não sentia falta de seu filho mais velho, pelo menos não expressava sentir isso.

3 de janeiro de 1945, 3:04 da manhã.

Je-hyu estava dormindo quando ouviu um barulho vindo da cozinha. Abre seus olhos e vê sua mãe entrando em seu quarto o pedindo para se esconder. Ele não entendia o por quê, mas o fez sem questionar. Sua mãe, então, lhe dá um beijo na testa.

- Eu te amo, meu filho - disse enquanto lágrimas quentes e doloridas escorriam de seus olhos fundos marcados pela dor da vida - por favor... - começou a chorar incontrolavelmente - não saia daqui... Por nada! Entendeu? - Je-hyu apenas assentiu. - eu te amo, muito meu filho - falou à porta, fechando-a.

Segundos após sua mãe sair de seu quarto a porta da frente é arrombada pelos soldados japoneses, que automaticamente renderam os pais de Je-hyu - estes que era rebeldes e usavam o trabalho de Jo Nan-ah para arranjar informações para a resistência.

- Vocês acharam mesmo que a merda que vocês estavam fazendo iria sair impune? - disse enquanto chutava a barriga de Nan-ah - vocês realmente pensaram que não sabíamos que você era um espião? Pensem bem, vocês acham que não fazemos isso? Temos olhos em todos os lugares. Seu amigos - pausou a frase pra bater em Seo-woo - aqueles ratos imundos estão sofrendo a mesma coisa - deu um sinal de positivo com a cabeça para os soldados que começaram a quebrar tudo que havia dentro da casa, absolutamente tudo.

O barulho, então, chamou a atenção de Je-hyu que foi à porta para ouvir o que estava acontecendo.

Ele chegou na hora errada.

Ao pôr o ouvido na porta, ele escuta o barulho de tiro e os gritos de sua mãe.

- Omma - gritava enquanto tentava abrir a porta - Omma, omma - estava desesperado - Omma, abre porta, omma! - ele chorava e gritava enquanto tentava, de algum jeito, abrir a porta.

- Que porra! Quem tá gritando desse jeito - um dos soldados ouviu Je-hyu e foi em direção a porta.

- NÃO, NA... - disse saindo de sua posição estática próxima ao corpo do marido.

- Cala a boca, mulher - gritou, após deferir um tiro na cabeça de Seo-woo.
Ouvindo o tiro, Je-hyu simplesmente parou. Não havia motivo para tentar.

All through the night [Namjin] Onde histórias criam vida. Descubra agora