Capítulo 4

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- Vocês quase foram pegos, podiam ter morrido, vocês tem noção disso? -Diz Jorge.

- Todos nós, inclusive você também. -Eu digo a ele.

Olho para Jorge com cara de preocupada e olho para Josh que estava me olhando com um olhar
profundo.

-Se não fosse por ela eu teria sido pego, você é esperta. -Ele diz ainda olhando para mim.

-Mas e agora? Como vamos sair daqui? A essa altura tem muitos guarda nos procurando. -Diz Jorge.

-É, tem mesmo. -Eu confirmo.

-Eles só viram 2 e não três, vamos separar as coisas e eu e a Maya vamos como casal e Jorge vai na frente sozinho. -Diz Josh.

Todos concordamos e tiramos as blusas para que não reconheçam.

Jorge vai indo com as pernas bambas parecendo demonstrar estar com muito medo, mas eu não estava tão diferente.

Saímos do beco e Josh pega na minha mão, sem olhar para mim.

-Assim fica mais real. -Ele diz firme.

-Acho que realmente você gosta das minhas mãos. -Eu digo tirando sarro dele.

-Não só das suas mãos. -Ele responde.

Mas antes que eu podesse responder um guarda vem em nossa direção e eu aperto firme as mãos de Josh e paramos no meio da rua.

-Boa noite casal. -Diz o guarda com ar de misterioso.

-Boa noite senhor, como posso-lhe ajudar? -Josh o responde.

-Uma residência acabou de ser assaltada em uma rua aqui perto, vocês sabem de alguma coisa?

- Não. -Josh responde seco.

-Seriam dois homens que fizeram isso, não? -Eu pergunto ao guarda.

-Como a senhorita pode me afirmar isso? -Ele diz mexendo no bigode grisalho e então me vem mais essa lembrança em minha cabeça.

Era ele, ele o guarda que me desprezou quando eu pedi ajuda.

-Bom  senhor nunca vimos "ladras" e sim ladrões. E aqui somos um homem e uma mulher, então acho que pode nos descartar como suspeitos e deixar-nos ir. -Eu falo com um tom já irritada.

Ele me olha de cima a baixo, mexe no uniforme exatamente como aquele dia e acena com a cabeça para que possamos seguir em frente e seguimos.

-Você podia ter ferrado a gente, mas você conseguiu dar um jeito mais uma vez. -Diz Josh

-Eu disse que era esperta e rápida. -Digo com um sorriso no rosto, mas sem olhar para os lados.

Seguimos o caminho de mãos dadas até o primeiro corredor de baixo. Jorge esta lá.

-Precisava saber se vocês iam chegar bem. -Ele e Josh se abraçaram, ele olhou para mim e sorriu logo se foi.

Continuamos nossa caminhada quando vi um negociador sentado na mesma janela da venda que eu estava mais cedo. Percebi o olhar dele para mim.

-Josh, obrigada, mas eu vou sozinha daqui. -Ele olha para o negociador sentado ali.

-Você tem certeza? -Ele fala desconfiado.

-Tenho, amanhã a gente conversa.

Ele concorda, arruma a mochila nas costas e coloca as mãos nos bolsos, segue em direção sua casa.

Eu vou ao outro lado e paro na frente do negociador.

Os negociadores são como os ratos daquele lugar, eles não roubam de ninguém, mas tiram um pedaço de tudo que deixar a mostra ou vulnerável.

-Boa noite Maya. -Diz ele com uma voz maliciosa e sorrindo com seus dentes de ouro.

-Você está me olhando faz quanto tempo e o que você viu? -Eu pergunto firme, não posso demonstrar medo a eles.

-Vejo o suficiente a muitos anos para saber que um dia você será a estrela desse lugar, garotinha esperta.

Ele se levanta, olha mais uma vez para mim e vai em direção oposta até eu o perder de vista no corredor mal iluminado.

Eu estou ferrada, eles sempre sabem de tudo e sempre querem um pouco de tudo que você tem. Nunca soube de ninguém que reprovou as atitudes dele para saber como seria, mas se soubesse coisa boa não seria.

Chegando em casa bato na porta. Louise me atende já olhando para as sacolas em minhas mãos.

Olho ali da porta e vejo minha mãe dormindo, Louise pega as sacolas da minha mão e eu entro e fecho a porta, ela coloca a sacola em cima da mesa e fica boquiaberta.

-Não acredito nisso. -Diz ela me olhando.

-Arrume essas coisas e não conte nada a ninguém.

-E se a mamãe perguntar?

-Diga a ela que eu arrumei um namorado lá de cima.

Ela concorda com a cabeça e começa a arrumar as coisas.

Eu sigo até minha cama e deito sobre ela e com tanto cansaço só pensando em como eu escapei do primeiro roubo da vida vida, logo adormeço.

Do Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora